16 de janeiro de 2009

Australia

E lá fui ver o "Australia"... Que coisa tão pobrezinha!
Meter as "Stolen Generations" à força num guião lamechas e tentar produzir um épico com o "outback" metido à mistura com o esforço de guerra australiano e as evacuções do Northern Territory é uma confusão, digamos, "épica".
Este é o trailer de um filme que até há dois anos atrás eu mostrava aos meus alunos para lhes explicar o que são "assimilation policies" e para os contextualizar em relação à forma peculiar do governo da Commonwealth of Australia, um país que nunca pediu independência e que continua sendo um dos legados do Império Britânico. "Rabbit Proof Fence" é um filme doloroso que espelha bem o facto de os australianos ainda não se terem reconciliado com o seu passado de perseguição à cultura aborígene. As últimas "gerações roubadas", retiradas às famílias originais no início dos anos 70 têm hoje a minha idade: não sabem de onde vêm, quem são as suas famílias e, se hoje, o governo e ONGs tentam localizar famílias perdidas, o trauma continua. A assimilação forçada presumia a erradicação dos próprios traços étnico-culturais daquelas crianças que passavam os cabelos crespos a ferro para os alisar e eram levadas a casar fora da sua etnia para, segundo a teoria governamental, se tornarem brancas ao cabo de 5 gerações de casamentos mistos.
Quando estive em Queensland fui, como é óbvio, ver o que se faz em termos de conciliação Austrália/Nação Aborígene. É muito: livros e publicações aos milhares, museus, exposições, projectos antropológicos. Mas no fim, sabem quantos Aborígenes eu vi na rua? Dois! Mãe e filha: a mãe claramente alcoólica, ambas andrajosas, perdidas em sacos de plástico numa manhã bem cedo num jardim de Brisbane, onde só estava eu (curtindo um valente jet lag sem poder ir para a cama para não ficar mais tonta) e uns poucos Brisbanites a fazer o seu jogging matinal. Deprimente...
Pensava eu que ia ao cinema ver um filme de fôlego como o que Collen McCullough escreveu em "The Thorn Birds" e dei-me com a plástica da Nicole Kidman e um romance da improbabilidade...

15 comentários:

Anónimo disse...

Está na hora de sair, mas sempre te digo "foste ver o quê?"
Agora vejo onde perdes o teu tempo. Que, aliás, depois te falta para outras coisas!
Raio de moça.

Post Scriptum - Não sei se sabes, mas aquele cantor, aquele, estás a ver, é australiano! (ai que gozo me dá este bailarico!)

antonio ganhão disse...

O exterminio sempre exerceu o seu fascínio, em todas as épocas e latitudes. Somos sobreviventes da nossa própria loucura!

antonio ganhão disse...

Esquecia-me. É curioso ver uma americana preocupada com os aborigenas, quando nos lembramos do que fizeram aos índios! :P

António de Almeida disse...

O Ferreira-Pinto tem razão, Nick Cave é australiano embora resida em Londres. Pelos vistos este é mais um filme que apenas aposta na bilheteira, é isso?

Blondewithaphd disse...

Quinn,
Raios te partam e o Nick Cave! O Darren Hayes também é australiano, mas esse aposto que não conheces! Toma! E olha lá essa boca foleira do tempo: eu lá te falto com os mails?:)

Implume,
1º comment: subscrevo;
2º comment: como eu gosto de não ser americana...;)

António,
Aposta na bilheteira e, pelos vistos, no fenómeno do Hugh Jackman que, confesso, não sei onde estará, mas enfim. Não recomendo. Veja antes o Rabbit Proof Fence e depois diga-me se é ou não é um filme à séria.
Vocês os dois bem me podiam dar descanso com o Nick Cave:)

Joaninha disse...

Blondi may love,

Primeiro se tem a Nicole não é para ir ver, pelo menos para mim, é demasiado sonsa a moça.

Depois Um filme de folego como o que Collwn McCullough escreveu...Mas ó Loirita é impossivel fazer um filme com o folego dos livros dessa senhora...

Tenta lá por em filme o "Ultimo homem de Roma" ou a "canção de Troia ou mesmo a "paixão segundo Dr. Christian" e claro, como tão bem dizes dos "passaros feridos" ou do incontornavel "Tim" impossivel né?

(nota-se muito que eu gosto imenso dos livros dela?)

Quanto aos Aborigenes...Não sei o que te diga...

Nuno Raimundo disse...

Olá...

Dos sitios que me fascinam, a Austrália e a sua "vizinha" Nova Zelândia estão nas posições cimeiras.
Gostaria de um dia fazer uma viagem aos antipodas para os conhecer melhor.

Mas já vou treinado atraves dos documentários e revistas de turismo. :)

Bjs bfds

Anónimo disse...

Ainda bem que me avisa! Estava no top da minha lista, porque ainda guardo o fascínio de ter atravessado a Austrália de lés a lés, mas depois de ler o seu post, penso que o melhor é ficar com as recordações.

Anónimo disse...

Moçoila, eu avisei que estava com pressa ... mas se queres mesmo saber, também conheço o Darren Hayes!

Olha, como sou bom moçoilo embrulha e espreita aqui! Ora, toma ...

Eu, quando disse que te faltava o tempo, não era para mails mas para coisas mais catitas ... ora deixa-me cá ver, para descobrir novos aromas de "soaps", novos autores, novos sabores em infusões de chã ... por aí, por aí...

Quanto à reconciliação da nação australiana, parece-me que é a mesma treta que a reconciliação dos EUA com os seus legítimos e genuínos americanos e por aí fora ... muita parra, pouca uva!

Collen McCullough?
Now, who was to say Blonde knew and read "The Thorn Birds"?

Tiago R Cardoso disse...

Definitivamente não é o meu tipo de filme.

Alexandre disse...

Gallipoli, do Peter Weir. Velhinho e honesto. :)

joshua disse...

Conversei com australianos acerca da repressão sobre a língua e cultura gaélicas na Austrália penal dos primórdios. Fora os erros apartheidescos contra a Nação Aborígene e outras matérias delicadas de reescrita histórica de onde se rasura o papel português na Descoberta Primeira da Ilha Continente, algo em que a anglocultura é pródiga, onde quer que esteja, para mim a Austrália soa a Futuro, quando o geologicamente mais arcaico se combina com o humanamente mais rejuvenescido e promissor.

Perdi o hábito e o tempo e o poder de ir ao cinema e não correria por esse 'Austrália'.

mdsol disse...

Registado...
:)))

Fernando Vasconcelos disse...

Pois eu já não fui a tempo de ler o aviso, já tinha ido ver. Subscrevo. Ficam para mim as imagens da paisagem Australiana que me fascinam mas que a bem dizer nem sequer resultam muito valorizadas mas enfim é um (muito mau) filme de cowboys na Austrália. Definitivamente a deixar passar até porque são não sei quantas horas de filme ...

JOY disse...

Olá Blonde

Obrigado pelo serviço público que prestas, é que assim sempre se poupa o dinheiro do cinema e não se leva nenhum banho. Assim sempre prefir ficar em casa a ouvir Nick Cave.

Fica bem
Joy