30 de setembro de 2009

Progressos da marmelada...

Caríssimos,

A coisa não está fácil.
Obrigada a todos por me disponibilizarem receitas e por se disponibilizarem para as provas de marmelada e geleia blondelizantes.
No resto...
Bem...
Tenho uma panela de molho desde ontem com o fundo queimado (aceito sugestões para a recuperação da mesma).
Tenho os dedos todos queimadinhos porque sempre que vou mexer no doce aquilo me explode em bolhinhas ferventes e irritantes.
Tenho o indicador direito moído de tanto marmelo descascar.
Tenho as unhas todas desgraçadas.
Tenho o fogão... bem, é melhor nem dizer.
Ainda tenho o marmeleiro carregado (ah coisa para render).
Esgotei o stock de frascos recicláveis e queimei as mãos ao esterilizá-los em água a ferver.

Resumo: ou bem que a marmelada vale o esforço ou bem que me remeto à condição de dona-de-casa PhD e muito desesperada. Deixa-me ir ver do lume antes que aquilo pegue outra vez e me desgrace outra panela.

29 de setembro de 2009

Marmelada...


Da de marmelos, mesmo.
Vou fazer. Abençoada árvore! Está linda. Cheia de frutos amarelos penugentos e enormes. Carregada em cachos que lhe pendem os ramos da abundância pesada. Abençoada! Que me enfeita o jardim.

Àparte o enlevo, vou fazer marmelada. Alguém me passa uma receita de geleia de marmelos?
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27 de setembro de 2009

Fomos a votos. E agora?


Agora acabaram-se maiorias absolutas. O que acho sinceramente bom. Os absolutismos irritam-me na sua tacanhez. Diálogo e negociação são, a meu ver, as verdadeiras bases sobre as quais as democracias consistentes se sustentam. Só não sei é se a nossa é uma dessas democracias consistentes. Num dia em que também a Alemanha, a cujo direito de voto perdi há 18 anos, foi às urnas reeleger a Angie Merkel, vejo um enfunado Jaime Gama tecer paralelismos entre o nosso acto eleitoral e o dos alemães e dizer que basta ver como o PS ganhou em Portugal e como é que a CDU ganhou na Alemanha (hein?!). Como se o resultado do PS fosse esmagador face ao da CDU alemã (que de CDU à portuguesa não tem nada). Ora, que eu saiba, 71,5% dos alemães exerceram o seu dever cívico, nós abstivémo-nos ao redor dos 40%. E a Chanceler Merkel tem uma maioria tão relativa como a do Sr. Sócrates. Aliás, também desceu face às eleições anteriores. Francamente, não vejo onde possa estar uma comparação que valorize os resultados do PS face aos do partido da Sra. Merkel. Enfim, deve ser a dor cotovelística da esquerda...
Depois, oiço as alucinações dos nossos dirigentes do Partido Comunista, relegado a uma minoria cada vez mais exígua, que dizem que a CDU (a nossa, claro) soma e avança. Mas esta gente ouve-se? Pois..., esqueci-me, é o raio da cassette que deve ter a fita engasgada porque a tecnologia comunista ficou nos anos '70 e ainda não chegou aos iPod capitalistas.
Claro que o Louçã não decepciona e lá veio com a má-criação ultra-esquerda contra as grandes fortunas e a pessoalizar que a Milú Rodrigues levou um valente par de patins. Havia necessidade?
De todos os discursos da praxe elejo o do Paulo Portas mas escusava tanto prolongamento que a malta não se aguenta. Ah, e também gostei de ouvir as teorias dos politólogos a presumirem que o CDS beneficiou com uma migração do eleitorado do PSD. Ó meus amigos, revejam lá a teoria, se faz favor!
No resto, lá virá mais um ciclo político em que as novidades não deverão ser muitas, em que o país seguirá o seu rumo lento e pasmado de sempre, em que o descrédito da classe política continuará inexorável. Mais do mesmo neste país de lamentos e fado.
Sr. Sócrates, os meus parabéns, trabalhe bem e que o espírito de lucidez política o acompanhe. Ámen!

25 de setembro de 2009

Vamos a votos. E agora?



Agora a Blonde está confusa.

Como é que se vota quando nem programas, nem partidos, pior, nem candidatos, galvanizam a opinião pública ou geram grandes empatias? Abster-me não é hipótese (fui votar até no dia em que a Mãe morreu porque creio que o bem-comum e o dever cívico se sobrepõem ao interesse, neste caso, dor, pessoal). Votar em branco, como agora propõem certos movimentos que não devem ter nada mais interessante para debater, é validar escolhas de terceiros e tão negligente como abster-me.
Resta-me remeter-me às ideologias partidárias que, neste momento, não sei onde param. Olho para as Esquerdas e as Direitas e só me confronto com vazios. Penso em termos genéricos no que representam ambas e quais as clivagens ideológicas que presumem representar e é só isso. Não há mais nada, nada de substancial que me incline, com certezas, para um partido ou outro. De que me interessa o TGV, ou escutas à Presidência, ou escândalos político-partidários num país em falência técnica sócio-económica? De que servem promessas meio abstractas de não aumento de impostos ou contenção orçamental se não me explicam o que se entende por essas vacuidades? Ou como as pretendem implementar? Sim, vou votar meio, ou completamente, às cegas em algo que se vulgariza chamar um voto útil, como se os restantes fossem inúteis.
Votemos, então.

23 de setembro de 2009

Esta minha Dona, não há quem aguente!


Tenho tanto que protestar que nem sei por onde começar. Valha-me Santa Quitéria de Meca, padroeira dos cães danados, se bem que eu de danado não tenha nada, embora a minha Dona repita sem cessar que eu sou um danado levado da breca, expressão que eu, por muito que tente, ainda não consegui esmifrar (e é para não dizer esmiuçar que eu cá não vou em modas).
Primeiro, não entendo porque carga de água (que não me atinja o pêlo, se faz favor) a minha Dona insiste em ter uma tag que diz "Diaries of a crazy dog driving Blonde crazy", quando o bom-senso me diz que deveria ser precisamente o inverso "Diaries of a crazy Blonde driving a dog crazy"! É que a tipa põe-me doido!
Segundo, eu bem sei que começos de ano lectivo são lixados, mas o que é que eu, que nunca assentei uma pata na escola, tenho a ver com isso? Hein? Ontem passou-me 13 horas na faculdade. Quando chegou achou que tinha de desopilar e vai daí lixou-me a noite!
Não bastou eu ter aturado dias a fio os ensaios para a audição (gente, o que eu sofri!) e eis que agora deu-lhe uma de desatar em cantorias às quinhentas! Podia ver televisão, ler, qualquer coisa, mas não. E o que é que a tipa canta? O "Fame"! E como ela de décibeis baixos não sabe nada e só não parte os vidros das janelas por pura sorte, os meus tímpanos tão sensíveis logo dão de protestar, pois então. Ora, como eu sou um macho-alfa (para mal dos pecados da minha Dona que se ia passando do neurónio louro quando descobriu o resultado dos testes psicotécnicos caninos a que me sujeitou - e é bem feita), logo corro de bradar "às armas!" com a cãnzaria aqui da vizinhança. Portanto, a minha Dona canta e eu ladro e uivo que é um encanto! E tanto assim foi ontem à noite que a tipa às tantas lá meteu a violinha no saco quando topou que ninguém ia dormir em milhas ao redor se ela não parasse as cantorias do "I'm gonna live forever" e essa tralha toda do "Baby remember my name". Gaita, que não há pachorra!

22 de setembro de 2009

Fame - remember my name

Deixem-me ser bimba hoje, please!
Fame... Porque:
- eu brincava ao "Fame" com a Mana. Tive umas leggings fúchsia (quando ninguém sabia o que eram leggings) e cortei os dedos de um par de luvas cor-de-rosa e fazia umas coreografias giríssimas que depois mostrávamos, à noite, ao Pai e à Mãe e fazíamos espectáculos para os miúdos da vizinhança. Um show pegado! Adereços e tudo!;
- a canção da Irene Cara ainda me dá abalos de medula;
- eu sabia de cor o blablabla da Debbie Allen: "You want fame? Well, it's right here where you start paying... in sweat!"
- esta nova banda sonora está uma coisa que só apetece dançar;
- é Nova York... (e aqui a Blonde suspira de saudades).
Já me estão a ver no cinema, não estão?
:)

21 de setembro de 2009

Da maciez outonal


O calendário deu a volta e o ano lectivo começou. Vivo em anos lectivos desde que me entendo por gente e, por isso, sempre começo os meus anos, os de Vida, na calma do Outono. Acho que é a estação de que mais gosto. Acaba a luminosidade em excesso e o calor que pouco suporto. O céu fica límpido e a temperatura envolve-me de morno. É também quando a minha casa deixa de ser fresca para passar a ser fria e, não sei bem porquê, sinto mais o frio do Outono do que o do Inverno, talvez por este ser fino e o outro denso e constante ou porque este frio rompe com o calor e o do Inverno segue na sequência em que arrefecem os dias.
Quatro e tal da tarde. Chego a casa. Olho para a bougainvília que se agigantou no Verão. Pego numa tesoura de poda e vou cortar-lhe os ramos que lhe dão aquele ar selvagem. Apronto-a para hibernar no tempo frio. De vez em quando oiço um tractor que passa com tinas de uvas. Lembro-me bem das vindimas. Do cheiro a engaço que pairava no ar. Das filas de tractores que pacientavam em frente à adega. Das hordas de gente com baldes e cestos e tesouras em punho. Já mal se nota o amanho das vinhas, a colheita das uvas.
Eu gostava de ir à vinha com o Pai quando as uvas estavam maduras. Os ramos que se enleavam até ao chão e escondiam os cachos. E o Pai ia ver se as uvas já estavam boas e íamos comendo bagos à medida que passávamos entre os carreiros de videiras. Eram tempos bons. Eram tempos de Outono.
Acabo de podar a bougainvília. Entro em casa. Abro as janelas para a luz entrar com réstias de calor. É o primeiro dia que noto o Outono este ano.

16 de setembro de 2009

Do (meu) Patriotismo

Não sei quem seja mais ferreamente acrimoniosa para com este país ou mais impenitentemente crítica. Faço viagens constantes para longe de país e gente pátria. Preciso de férias sem ouvir português e sem portugueses em redor. Anti-patriótica? Não, nem por sombras.
Dos homens da minha vida (os portugueses, entenda-se) fica a noção de todos, sem excepção, me enfatizarem no meu estrangeirismo, com o bom e certamente o mau do meu germanismo. Até o homem que me casou e de quem me descasei me apontava o perfil dinamarquês (?!) e desconfio que desconfia que nunca acabei o processo de naturalização tal a burocracia a que o Estado Português me obriga de cada vez que eu me apresento como cidadã perante a Lei e a Grei. Por vezes ouvem-me o sotaque que eu teimo em não ter e à expressão "Sou portuguesa" franzem-se sobrolhos "Mas com esse cabelo?", o que, digamos, me resume a uma cabeleira loura e nada mais. Também já me mandaram embora daqui porque "Tu não és como nós", o que, quando se tem 7 e é um adulto que fala, nos infunde o medo da nossa própria terra. Comparam-me à Catherine Deneuve e já tive alunos que me chamaram Nicole Kidman, para não falar de ser a Barbie de serviço no ginásio. Não serei, portanto, portuguesa? Bem, pelo contrário.
Acontece que, jamais em dias desta vida, me ouviram dizer fosse o que fosse em desabono deste país estando eu fora de portas. Posso nutrir um odiozinho fundamentalista ao FCP mas torço sempre para que vença no estrangeiro. Abomino o Jürgen Klinnsman, que eu idolatrava, diga-se, por uma vez ter feito o Sporting perder à conta de tanta pancada nas canelas dos desgraçados dos portugueses, ora eu sou benfiquista, entenda-se. E quantas, mas quantas vezes, eu já não me indignei com estrangeiros que acham que nós somos a parvónia em figura de país e que, de Portugal, só sabem "o" Salazar: "Oh no, we've come a long way!" Ou, pior, quando doutamente dizem saber da nossa Revolução: "I'm sorry, that was three decades ago, we've got a strong democracy and those are biased patronising stereotypes". Levam-na logo!
Pergunto-me como é que é possível que, quando é Portugal que é projectado lá fora através de cidadãos que se distinguem por alguma contigência excepcional, assomem sectarismos e revanchismos que são coisinhas tão inhas? Acho, sinceramente, que Durão Barroso traiu o plebiscito que o elegeu aqui, neste canto periférico da Europa, ao aceitar ir para a centralidade europeia e europeísta. Foi!, paciência. Agora, parece-me, é apenas um português num cargo destacado de reputação mundial e, quando assim é, não seria bom que o olhássemos na projecção nacional(ista) que nos enobrece? Enfim, desabafos de uma "estrangeira" que valem o que valem.

11 de setembro de 2009

Paro-me

Gosto dos meus partos. Dos meus renascimentos.

Morro de mortes mortas e ressuscito. Hoje, agora, sei que (re)nasci como no dia primordial em que me cortaram o cordão umbilical e eu tive de respirar. Respiro.

Morri há onze anos. Talvez há um pouco mais. E, desde aí, tenho estado no meu velório. Estive. Não estou mais.

Vim aqui, pela primeira vez, a este Alentejo de placenta quente há quatro meses. Casamento desfeito que nada me importava. Males de coração que não saravam desde o Inverno e que eu mascarei sem sucesso em curvas (des)sentimentais vãs. Vivia o luto que não o do casamento infeliz, mas o do Amor que não pôde desabrochar porque um qualquer estado “zen” inexplicado e súbito o cerceou. Pedro… Acolheram-me aqui no amor sincero de amizades redescobertas. Fui feliz a passear cães e a correr sobre restolhos com botins de borracha. Parti de energias renovadas para a vida que me esperava na grande cidade.

Regressei em Agosto. As férias da minha vida. Tão simples. Tão despojadas. Como se explica a premonição da viragem? Não sei. Sei que vim na abertura da mudança. Nas férias pacifiquei-me junto a silvados de amoras silvestres, em noites de luar cheio por entre ramos de oliveira e à sombra do montado. Voltei a ser a filha das trancinhas louras, amada e querida, pequenina mas mulher. Dei as mãos ao passado que me pariu no início do início e que fora interrompido nesses onze anos de limbo, de vida sem ser vida. E quando parti de novo tive a certeza que a Vida mudara. Ia mudar ainda mais.

Voltei novamente. Estou aqui ainda. Tinha, porque tinha, de ser. Percorro estas estradas ao som celta de música escocesa. A paisagem seca deste Alentejo ibérico e quente que se junta à suavidade verdejante e húmida das Highlands. Não imaginava que a mudança passasse por aí. Como não pensava que passasse por aqui. Passou. Cinco mil e tantos quilómetros. Tantos, meu Deus. E eu, que subi aos vulcões de Lanzarote na ânsia de tocar o céu por entre a lava matricial que me encheria a alma com a força telúrica do interior da terra viva, desci para regressar a este Alentejo uterino que me pare num parto belo sem dor.

Respiro o ar que me enche os pulmões na golfada imensa de quem inspira o sopro do começo. O meu Começo post-mortem. Corro ao encontro das tempestades violentas que rasgam os céus do crepúsculo deste Alentejo quando o calor do dia se verga em tormenta.

– És completamente louca!

Sorrio. Sim, talvez. Ainda bem.

– Vê os relâmpagos. – Insto enquanto me perco em trovões e raios de luz ofuscante que me riscam os olhos.

Sinto a energia que se desaprisiona do céu em chamas. Não há medos ou inseguranças. Deixei as incertezas sepultadas algures. Não sei onde. Talvez no cume de um vulcão ou talvez no fundo de um balde de amoras silvestres colhidas enquanto me pacificava comigo e com as saudades daquilo de que se sente falta sem saber o que é: “How is it possible to miss what you don’t even know?” Perguntei-me tanto. Tanto, meu Deus.

Pedro…

2 de setembro de 2009

Regresso à (dura) Realidade


Desço dos vulcões na recusa de reentrar na atmosfera terrestre, como se fosse um vaivém espacial em falha técnica. Desligo-me de telemóveis, internets, contactos e nem aviso que regresso de Lanzarote.
São as melhores férias desta existência consciente (deixemo-nos de freudianismos que a infância foi um mundo àparte e não entra na contagem consciente). Adio ao máximo o embate com a realidade.
Adiar adio. Mas lá vem o dia e... Que é que descubro?
As obras no viaduto do Trancão continuam! Ó raios, mas eu esperava o quê? Vinha eu toda contentinha a pensar que o prazo de 24 de Agosto era, digamos, um prazo. Era. Enfim, o neurónio super-potente teve uma breve paragem cerebral ao acreditar em prazos de obras. Tadito.
Regresso a outras realidades. Mortes de gente próxima. Hoje. Por estes dias. Porque é que a Morte acontece no inesperado? Estou perturbada, sim. Claro.
Auto-diagnostico-me (boa, dois hífenes na mesma palavra!) SPPL. Não será fatal mas é um incómodo.
A máquina de fazer café avariou (tinha logo de ser agora?). Recorro à cafeteira de êmbolo e, no sono da madrugada, entorno tudo sobre a mesa. Such mess!
Vá lá, a 2ª Circular não estava nada má.
HEEEEEEEELP!