23 de julho de 2010

Invasão de cozinha


Surpreendo-me a cada instante.
Oiço-te. Passos. O tilintar de copos, portas que se fecham e abrem, restolhadas de coisas que abres. Imagino-te espreitando por entre a louça de décadas: a minha e a das mulheres das gerações que me precederam nesta cozinha; a minha cozinha. E surpreendo-me mais porque te orientas e mais ainda quando me dizes onde estão as coisas na minha cozinha. Não preciso falar. O fácil de não falar não tem explicação porque me dá o espaço de olhar, ou, como agora, que estou aqui longe na biblioteca e te oiço e não falo, mas imagino, visualizo o café que fazes com canela, as torradas de centeio que vão estar à minha espera quando eu descer da biblioteca que era do meu Pai e agora é minha e por onde entras sempre que queres ou queiras.
Tu não sabes e não podes imaginar. Ignoras que é a Casa que volta à vida, ignoras por completo que vida não-vida habitou nestes espaços onde eu vivi só por entre ruínas de memórias e paredes que falam. Sim, como queres que a surpresa ou a perplexidade se vão embora de mim, assim, rápido, como se não fosse nada, quando tudo não explica o Tudo que se vive aqui, nesta casa, onde me fazes café...

5 comentários:

antonio ganhão disse...

A casa será sempre um local onde absorvemos intimidades...

Daniel Santos disse...

estás feliz, muito bem.

Dias as Cores disse...

...que cozinha tão bonita...vê-se q vens ceia de inspiração nórdica!

...Mudar para melhor?? Sim, sempre!
Brindemos então com café, neste caso!

Joaninha disse...

Apaixonadissima a minha super loira...Isso deixa-me um pouquinho mais feliz...

um beijinho e boas férias, quando fores de férias...
Eu vou sexta feira, despedi-me lá no blog com outro poema de inspiração "Aliceana", deu-me..

beijão

Carlota e a Turmalina disse...

São bonitos, coloridos e felizes os sons do seu silêncio :o)