16 de julho de 2010

Kycklingsallad


- Sorry, I don't speak Swedish. - É a frase que mais tenho dito por estes dias e é esquisito porque nunca preciso dizer que não falo a língua. Nos países em que a diferença física é acentuada falam-me logo em Inglês, onde se fala em Inglês estou em casa, na Alemanha idem e na França nunca me lembro de me terem falado outra coisa que não Francês, tal como aqui na Suécia, só que aqui eu não entendo nada. Ou seja, estou mesmo no meio de estrangeiros e os primeiros segundos de comunicação são-me sempre e invariavelmente estranhos porque não me reconheço no papel da pseudo-nativa não falante. Sim, estranho.
Hoje à tarde, sol alto e quente apesar de serem sete da tarde, fiz uma pausa de andarilho. Pedi a salada vitaminada que se vê na foto: Kycklingsallad diz o recibo da conta. Pensam que "Kyckling" é um fruto? Enganam-se. É frango! Mas enfim, pelo menos posso dizer que comi esta coisa impronunciável e para quem não sabe soa a exótico.
Vejo os suecos. Simpáticos mas metidos com eles. Reproduzem-se em abundância. Vejo crianças a cada passo e lojas para garotos são mais que muitas (o meu futuro sobrinho Manel é que tem sorte no meio disto). Penso em nós desgraçados e na nossa qualidade de vida mísera que nem para nos povoarmos dá. A partir das quatro da tarde as esplanadas estão cheias, ao longo dos canais famílias inteiras a passear, nos jardins é quase impossível estender uma toalha para apanhar sol. A essa hora estamos nós, desgraçados, a meio do dia laboral e as crianças fechadas por escolas e creches fora. Triste país. Tristes gerações.
Não os acho muito distintos dos alemães para ser franca. São talvez mais silenciosos, afinal o sueco é menos gutural e áspero que o alemão, mas não sei se essa é a razão. Não têm cortinas ou persianas nas janelas. Está tudo feito para usufruto da claridade, mas eu, que venho desse Meridião iluminado, acho um excesso de luz e canso-me de tantas horas de dia. Adoram design de móveis e, claro, vindo aqui e vista daqui, a IKEA é pavorosa face ao muito bom que eles aqui têm.
E se me perguntarem o que de melhor levo na memória: as flores (nas janelas, parapeitos, varandas, lojas, passeios, mercados). Flores por toda a parte. Ah, e as cestas e caixas de svenska jordgubbar, os morangos suecos, que eu levaria à minha Mana grávida não se fossem derreter na viagem.
Vemo-nos em Portugal.

6 comentários:

Pedro disse...

então bom regresso

antonio ganhão disse...

Só a Blonde nos pode trazer o deslumbramento intelectual (embora provinciano) do estrangeiro lá de fora...

Daniel Santos disse...

não esquecer de ler o post de segunda feira de manhã pelas 8 e pouco.

para além da barra lateral do 2711.

Carlota e a Turmalina disse...

Blonde, quando estiver de volta dê uma passadinha lá no blog que deixei uma indicação de um selo para você. Bjosss

dorean paxorales disse...

muito parecido com o meu pouso. com uma pequena diferença: no que toca à convivência, os austríacos são os mais latinos dos germânicos. embora se dirijam ao não-germanófono num americano horrível de walt disney.

Goldfish disse...

É uma tristeza comparar o nível de qualidade de vida, não é? Eu sinto o mesmo aqui. Há sempre gente na rua, gozam o bom tempo, quando o há, e passeiam à chuva no resto do tempo, mas não trabalham das 9h às 21h e os miúdos não estão trancados nas creches até ao pôr do sol (por muito cedo que se ponha).