16 de março de 2011

Ai a América...

Quase me apetece dizer: "Da próxima vez que eu quiser vir à América profunda, just bang me in the head (but gently, pls)". Apetece mas não digo, afinal eu meto-me nas coisas apesar das infinitas vezes que digo para mim própria não repetir trabalhos.
Sair da Europa e enfrentar esta América dos americanos é tramado. Para já, onde é que a Europa tem voos directos aqui para o território hillbillie? Não tem. E, portanto, a malta sujeita-se às provações de mudanças de voo e, bem pior, às filas intermináveis de controlos alfandegários e baggage re-checks para cá chegar. Neste momento, eu estou em Columbia, Carolina do Sul e o meu trolley com o carregador da bateria do pc e os meus cremes estão em Chigago, Illinois. Como só há dois voos por dia... E ontem parecíamos os condenados de Shawshank a caminhar pela pista gelada em O'Hare para entrarmos num aviãozinho minúsculo, estilo filme silly season da personagem principal que vem para a província.
Tremo o queixo com frio (3ºCelsius) enquanto caminho pelo gelo a fumegar da respiração:
- It'll be 72º in Columbia. - Oiço atrás de mim num sotaque sulista. O homem vê-me a tremer e lá me consola, ignorando que eu não tenho um conversor automático na cabeça para saber o que são 72º Farenheit.
- Right. - Mais tarde, já no hotel, lembro-me da conversa e ajusto a temperatura do quarto para 85ºF, deve ser quente, I believe.

Hoje amanheci em jet lag miserável como o tempo. "72º, hum?". Quando saio do hotel para fazer o reconhecimento da cidade está um frio de morte, a humidade da Carolina do Sul amplifica-se na ausência de sol. Tenho de vestir a mesma roupa da viagem e ponho loção corporal na cara. Acho mesmo que os meus cremes são o que mais falta me faz. Isso e rímel. Como qualquer Loura, tenho pestanas transparentes. Viver sem rímel não é viver. Raios partam as imposições de restrição de líquidos na bagagem de cabine. Para trazer a pasta de dentes, perfume e as gotas das lentes não trago cremes nem rímel. É fútil e estúpido mas eu não vivo sem os meus cremes e rímel. E não há nenhuma farmácia within walking distance nesta cidade dispersa, onde não vejo gente, onde há vazios de tudo: de lojas, de bulício, de cidade, afinal.

- Want a picture of yourself? - Oiço enquanto me detenho nos jardins da State House. Um transeunte vê-me fotografar carvalhos americanos. - Better than be taking pictures of trees. - Continua enquanto lhe sorrio e lhe passo a máquina para as mãos. Fotografa-me à frente dos carvalhos.

Sete horas em Lisboa. Três aqui. O avião que me trará o trolley dos cremes só chega às quatro e meia. O jet lag desenvolveu-se em dor de cabeça. Acho que vou dormir. Às sete tenho um jantar. A ver se vou refrescada...

4 comentários:

Abobrinha disse...

Para a próxima viagem tenho a solução para a questão dos cremes: pede amostras na próxima vez que fores à loja. Essas podes transportar! Aprende comigo!

George Sand disse...

Bem eu sugeria uma passagem no Texas, mas depois do que li...é que a poeirada é tal que sem os cremes é impossível. Bem, com os cremes também não melhora muito: colam-se :)

mdsol disse...

Beijinho Blondinha:)))

António de Almeida disse...

Boa estadia!