14 de junho de 2012

Da (minha) finitude

O pensamento do fim dos meus dias é-me familiar. Não me assusta saber que vou morrer. Não me tenho o tabu da morte. Porém, hoje dei-me conscientemente conta de que há coisas com as quais talvez já só tenha de me preocupar mais uma vez na vida. Estava muito bem nos meus pensamentos a organizar a vida quando me apercebi de que havia coisas que estava a organizar no sentido de as deixar permanentemente arrumadas. E percebi igualmente que era alívio o que sentia; alívio como quando temos um exame e o queremos despachar porque depois vem um tempo descontraído. Só que neste caso, o tempo descontraído era o não haver tempo porque entretanto eu certamente morreria.
É difícil explicar o que queremos explicar quando, sem querer, nos damos conta da nossa finitude e que esta está mais próximo do que já esteve em tempos.
Quando a Mãe morreu eu contava os dias a menos que se passariam até nos encontrarmos. Só que um dia a seguir ao outro consciente passa devagar e eu deixei de contar. Agora, já se passaram muitos anos e, todos juntos, dão um já vasto pecúlio de anos a menos que me faltam. Dantes a meta última estava muito distanciada, como quando somos crianças e o futuro adulto é muito, muito longe. Mas, neste momento, a meta aproximou-se e hoje dei comigo a fazer planos que talvez só tenham sentido mais uma vez porque o Tempo escorre e a Vida flui para ele.
Engraçado.

5 comentários:

Eu Mesma! disse...

O teu post assusta...
sim.. o tempo passa a fazer muito mais sentido...

Unknown disse...

Tu, que és uma criança, falas de tempo e fins quando ainda te falta muito tempo ou talvez tempo nenhum. Certo é que todos caminhamos para o mesmo fim e como tal resta-nos não olharmos demasiado para ele e vivermos cada dia de acordo connosco e com a nossa consciência...
Enfim demasiada filosofia em tempo que não conseguimos medir.

Dias as Cores disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dias as Cores disse...

"Arrumar" para nos desligarmos, ficarmos mais leves e seguir em frente mais confortavelmente...

mfc disse...

Uma reflexão que muitas vezes faço.
A questão da finitude é sempre complexa e há muita coisa que queremos deixar arrumada antes da partida...
Há sempre um motivo mais para adiar essa partida inevitável.
Beijos,