31 de outubro de 2012

É um dia

Dia triste. Bom para cinzentos de alma. Ponho baladas country. Que mal tem se eu quiser estar triste? Tem dias. Dias em que quase me esqueço. E dias em que é tudo o que sou. Perco a fé. Ressuscito-me na igreja vazia onde não me importo que as lágrimas me escorram além dos óculos que me tapam. Que me importa? Procuro espaços antigos e encontro-os ao abandono. Onde estão aqueles Verões? Acho que as raízes me magoam mas não me arranco. Vou morrer quando for feliz. Pensei que tinha vindo para enterrar mas já não quero isso.
Falta-me o bordão no vale de trevas. Perdi-o de vista. Não sei quando. Não é o luto que me custa. É a expiação porque é longa, íngreme. Percebo a solidão do calvário e pergunto porquê? Tenho medo de me habituar de tal maneira ao cinzento que perca a visão da cor. Era fácil desistir. Seduz-me e faz-me companhia. Tem vezes que gostava de perder a esperança para não ter de ter força. Mas a razão é um grilhão que me amarra, que me subjuga.
É outro dia mau. Nem pior nem melhor do que o mau, apenas banal. Vou levantar-me daqui. Vou ser eu para os outros. Até lá fico aqui, triste.

2 comentários:

Ältere Leute disse...

A gente nem sabe o que há-de dizer... Bj.

Cristina Torrão disse...

Bem, quando se está triste, o melhor é aceitar essa tristeza. Costuma ser melhor do que iludi-la, fazendo de conta que está tudo bem. Deixar correr umas lágrimas pode ser, como dizem aqui na Alemanha, "Balsam für die Seele".
Mas falas em desistir... Era assim tão fácil? É só mesmo a razão que te impede de o fazer? Não haverá mais alguma coisa?