28 de novembro de 2012

A minha impressão

E o que é que eu achei do tour gastronómico do Bobby Chinn por terras lusas (se é que eu tenho de achar seja o que for)?
Achei que, comparado com o grande guru Anthony Bourdain (que eu, por acaso até amo), deu uma impressão bem mais cool e positiva de Portugal, dos portugueses e de Lisboa.
O Anthony Bourdain veio cá com intenções intelectuais. Reuniu-se com o Lobo Antunes, com a Carminho e com os Dead Combo e o que deu foi a imagem de um povo nostálgico, pessimista, imerso num saudosismo crónico, mal saído da ditadura, ferido pela guerra colonial e a atravessar uma crise de mega-proporções. O Bobby Chinn, por seu turno, só filmou sol. Embarcou pela grandiosidade de um povo que fez uma globalização há quinhentos anos, que abriu os palatos europeus aos sabores do mundo inteiro, que domesticou o mar e que gosta de se divertir. Não falou de crises, de pessimismos, não se deu ao fado mais do que o necessário para dizer que cantamos a melancolia. Quis o que de mais pujante nos define. Não houve intelectualidades à mistura com garfadas em latas de conserva.
Por mim, prefiro o Portugal do Bobby Chinn à Lisboa do Bourdain. Gosto de um, gosto do outro. Mas acho que precisamos mais de quem nos faça subir o ego.
Thank you, Bobby. I love you more.

2 comentários:

Turista disse...

Querida Blonde, obrigada pelo alerta, ainda não vi e vou já deixar a gravar! :)
Realmente não gostei muito da ideia que o Bourdain, transmitiu de nós...
Beijinhos.

Cristina Torrão disse...

Não quero estragar o otimismo, mas isso de Portugal ter aberto "os palatos europeus aos sabores do mundo inteiro" não é bem assim. Portugal libertou-se do monopólio comercial do Mediterrâneo, exercido por muçulmanos e, mais tarde, por italianos, isso sim! Era por aí que vinham as especiarias para a Europa, de tempos ainda anteriores a Afonso Henriques.