8 de julho de 2013

Vaga de calor




Uma vaga de calor. Um alguidar grande cheio de água. O relvado do jardim e sombra de árvores. Um fim-de-semana na casa da Tia. Felicidade!
Olho sem cessar para as fotos do Manel neste fim-de-semana. Sorrio em permanência. Não sei se teria dado uma boa mãe mas sei que dei a melhor super-Tia do mundo. Nunca pensei ter em mim fazer as coisas que faço com o Manel e pelo Manel. Ensiná-lo a andar de triciclo na rampa do quintal, encher alguidares de água para piscinas improvisadas à escala de mini-gente, fazer doces ao fim-de-semana e dar-lhe a colher de pau a lamber, fazer infusão de hortelã do canteiro para lhe lavar os olhos depois de ele andar a apanhar pó entre as folhas secas da nespereira. Agora invento de lhe tirar fraldas. Primeiro pus-me a ler artigos na net armada em intelectual de bebés, depois deixei-me disso e apliquei o método super-Tia: xixi na carpete da sala, xixi no puf marroquino que me deu um trabalho danado regatear em Fez, xixi no estofo da cadeira da mesa da cozinha mas havemos de chegar lá, ao xixi no sítio certo. E o método super-Tia há-de resultar.
Hoje perguntaram-me se eu tinha tido um filho porque não me viram grávida mas viram um menino a brincar no meu jardim. Também já me perguntaram duas vezes se eu tinha adoptado uma criança. Acho piada a que a sociedade veja uma mulher com uma criança e ache imediatamente que é dela por biologia ou adopção. Há mais formas de amar e há mulheres não-mães que se descobrem maternais.
O percurso de conhecer o Manel está a ser um percurso de me conhecer melhor. Caio nos clichés todos de sentir que não há nada melhor no mundo do que amar uma criança. E quando o Manel sorri realmente não há nada melhor na vida. Como nada há que se compare ao ouvir um espontâneo e sorridente:
- Tia Bá, I uóve you!
Eu nunca gostei de clichés e da sua banalidade. Hoje, devo-o ao Manel, sei que são sapiências humanas das palavras que faltam para as grandes verdades.
- I love you Manel!