26 de janeiro de 2019

Calçada portuguesa: sim e não

Tenho com a calçada portuguesa uma relação paradoxal. Não a amo. Esburaca-se facilmente, não é cómoda na sua dureza e irregularidade, depois de muito pisada torna-se escorregadia. Irrita-me por me estragar saltos e sapatos. Temo-a por medo de escorregar na sua perigosidade.
Só que depois dá-me aquela espaçada surpresa da descoberta artística sob os pés. Que povo este que decora o chão e o dignifica desta maneira. Há que louvar e podemos louvar e admirar mesmo o que não amamos. É o caso.

23 de janeiro de 2019

Como no Livro do Desassossego

Vivo numa bolha. Faculdade-Casa-Faculdade-Casa. Entre ambos os espaços fechados, o carro. Fechado. Preciso ver gente e estar entre anónimos nas suas vidas. Preciso uns minutos fora de portas na cidade que nunca visito, onde nunca entro como passeante. Há cinco minutos de vida que posso usar. Cinco minutos fora da bolha. Subo a pé até ao miradouro de são Pedro de Alcântara. Do outro lado da colina a Lisboa icónica medieval. O castelo. O casario. A tarde cai e está fria e eu vejo-me passeante numa cidade-postal e, por momentos tenho saudades de um passado deixado há décadas de quando aqui estudei e deambulava por estas ruas nos meus afazeres que não me diziam que eu chegaria aqui a este sentimento de Bernardo Soares deambulante, solta de uma bolha em busca da cidade-viva...

19 de janeiro de 2019

Natal fora de prazo

Há qualquer coisa de entristecido quando, fora do Natal, o Natal se apresenta "desiluminado", só e descontextualizado.
Largo Camões em plena Lisboa apinhada de turistas. Lusco-fusco da tarde janeirosa e um Pai Natal gigante que já não tem nada que fazer porque o Natal já passou. Vejo a imagem e penso na sua incongruência. Dá-me pena o Pai Natal e noto a paradoxal distância entre o Bardo Camões, símbolo máximo da nossa identidade e aquele boneco-espantalho massificado e des-sacralizado. Lado-a-lado a personificação irónica da incomparibilidade...

12 de janeiro de 2019

E depois há este campo

Os vinhedos dormentes na invernia, o verde perene do campo português. Mais céus de infinito turquesa e a alegria de morar num local onde a alma pode abrir as asas à vontade.
#iloveportugal

9 de janeiro de 2019

País maravilhoso

Pode fazer frio. Pode ser o pico do Inverno, mas temos este sol ameno, esta limpidez de céu e este mar infinito. Somos heróis do mar e a ele precisamos sempre voltar. Temos o mar-oceano por tão garantido que nos esquecemos do quão privilegiados somos pela geografia que nos calhou em sortes...
#iloveportugal

5 de janeiro de 2019

O que se descobre em árvores de Natal

Quando dei aos meus sobrinhos (8 e 5) liberdade para decorarem a árvore de Natal deste ano, devem ter entendido que liberdade era o máximo absoluto de que as suas cabeças infantes se lembrassem. É assim que descubro onde vieram parar os cabos das sombrinhas de chocolate que lhes dei.
Com a sua virola (mesmo apropriada para pendurezas) e a sua chamativa cor amarela, devem ter pensado os petizes que os cabos dariam magníficas decorações.
A Tia, por sua vez, lá pensa que nada como a imaginação infantil para nos colocar, a nós adultos convencionais, um sorriso nos lábios...