29 de março de 2014

Quero um forno solar

Ando rendida ao meu recuperador de calor, que eu pensava era mais uma pipa de dinheiro de investimento sem retorno. Enganei-me. E, por isso, ando numa de comprar um forno a lenha e mais um forno solar. Ora, eu não sabia o que era um forno solar e, ingenuamente, pensava que era só pensar querer um e, em modo capitalista: comprá-lo.
Pois... googlei a coisa e parece-me que os capitalistas como eu têm umas dificuldades acrescidas quando querem "go green".
Resultados da pesquisa:
- Construa o seu forno solar;
- O que precisa para fazer o seu forno solar;
- Método para fazer um forno solar;
- etc. dentro do "faça você mesmo".
Eu NÃO quero fazer um forno solar. Eu quero COMPRAR um forno solar. Agora, para ser "verde", a malta tem de se dar aos trabalhos manuais?


Lá encontrei um site que, pelos vistos, vende fornos solares para escolas (?!): deve ser para brincar às ecologias com os meninos... E encontrei um site que, efectivamente, diz vender fornos solares mas que não me inspirou. Querem ver que ainda tenho de ir à Amazon.com? (ao menos lá, até livros de receitas há para cozinhados em fornos solares).


Regresso às buscas...

28 de março de 2014

O meu bisavô estaria tão contente

Se fosse vivo, o meu bisavô Manuel estaria feliz com o equipamento alternativo da Selecção Portuguesa. Monárquico convicto (como, aliás, a minha família materna) regozijar-se-ia que o azul e branco da bandeira dos tempos do Senhor D. Manuel e da Senhora Dona Amélia fossem as cores escolhidas para representarem este país estraçalhado por uma República que ele acharia a maior lástima que acometera o país.
Pensando nisso, nem consigo imaginar o que o meu querido bisavô pensaria destes tempos que vamos vivendo...

26 de março de 2014

21 de março de 2014

A Mãe faria hoje 72

A Mãe faria hoje 72. Menos do que o Sam Riley que morreu anteontem. Menos do que o Pai que os fez em Outubro. A Mãe morreu sem saber o que são cabelos brancos e vida longa. Morreu sem saber o que são netos ou que as filhas chegariam ao Aqui a que chegaram.
Hoje falei com ela num momento, um diálogo mudo como se fosse um dos nossos diálogos recíprocos de quando Ela habitava na nossa materialidade. Pergunto-lhe sempre se sente orgulho de nós. Hoje percebi lucidamente que se eu fosse a Mãe teria orgulho ao ver-nos e saber-nos o que somos. Nem sempre sinto isso porque sei que A terei defraudado um cento de vezes ainda que saiba que há só uma única e singular coisa de que me arrependo na vida e da qual sei que Ela não se orgulha de mim.
Aprendi. Aprendi, Mãe, que é preciso Vida para vermos o que não vemos quando somos mais novos e pensamos que a vida nos vai fugir. A vida é breve mas não tão assim. Chegar aqui é um privilégio para o nosso entendimento humano das coisas. Desejo tanto o direito ao erro como insisto na penitência por merecer castigo e depois acho que o castigo já foi demais e volto a pensar que ainda é de menos e que nada nunca apagará o erro ou sanará a minha consciência. Enfim. Mas tirando isso acho que talvez não te tenha defraudado as expectativas. A Mana sei que nunca te defraudou. olho para a vida dela imbuída de um orgulho tal que parece que sufoco. E, sabes, olho para os meus sobrinhos tão pequeninos e já a adorarem-se tanto e vejo-me a mim e à Mana educadas por Ti para nos amarmos sempre e nos ampararmos. Estamos a dar-lhes o que nos deste e eles são tão teus filhos como nossos no Amor que nos ensinaste.
Apanhaste-me hoje desprevenida ou talvez mais frágil porque há desejos que, por se começarem a materializar, nos desestabilizam. Acho que sabias que isto ia chegar e me avisaste antes de eu saber. Se calhar é este tempo cinzento que me alterou o humor ou a leitura do que estive a ler que me é penosa na sua veracidade e por ser toda nós. Não sei. ainda pensei deixar passar a data em claro sabendo que não o iria fazer. Adiei ao máximo confrontar-me com hoje e não lembrei à Mana o dia apesar de já tanto hoje nos termos falado. Sei que hoje eu e pai não falaremos. É demasiado doloroso ressuscitarmos saudades partilhadas da Tua ausência. Fingimos que hoje não é nada de especial e fazemos os três o luto à nossa maneira.


Ó Mamã, tenho sempre tantas saudades...

20 de março de 2014

Sam J. Riley, 1939-2014

Dear Sam,

I was looking forward for Paris next May and am still caught up by the wordless Unexpected.
I will miss your genteel manners and your overall Southern gentlemanlyness. It was a pleasure, for you sure had a way to make us laugh, and an honor to have crossed paths with you. Now that everybody is remembering you, it warms my heart to realise that fond memories were kept of you in that Port wine tasting back in 2008. The sunny weather became you, as did that red bow tie.

Dear Sam, you will be missed. One-hit wonders will never be the same without you to keep track!

RIP

19 de março de 2014

Chegaram as provas!

E eu dou comigo a reler o que escrevi e já não me lembrava. De vez em quando ainda pergunto se eu escrevi realmente aquilo que escrevi. Esta coisa do Eu na 3ª pessoa tem que se lhe diga.
Portanto, "peace had to be sacrificed in the very name of peace-keeping": claro que a paz é "sempre" sacrificada em nome da paz.

17 de março de 2014

Sonhei-me morta

Foi um fim-de-semana esquisito. Por um lado, a felicidade enorme de ter o Manel cá em casa e a sensação estonteante e visceral de dar e receber Amor incondicional, os chavões todos em que eu caio na descoberta de que o mundo tem razão quando afirma que nada há de comparável à existência de crianças na nossa vida. Por outro lado, o confronto com a finitude de alguém que, de certa forma se me tornou próximo numa fase muito tardia da vida.
Mal lhe reconheci as feições quando o vi na solidão da cama do hospital. A mente confusa que me tomou pela irmã morta há décadas. E, no entanto, a capacidade de expressão circunvolante que lhe conheci, o falar Português de outras eras, o elaborar sobre o livro e as pesquisas que andava a desenvolver antes deste infeliz episódio. E a solidão. Sempre a solidão.
Não há família que lhe valha. Erigiu muros, literais e figurados, que lhe rodearam a vida e a tornaram inexpugnável. Quero fazer algo e não sei o quê. Sinalizei-me como uma réstia de contacto humano aos serviços sociais do hospital: a loura hiperbólica que apareceu do nada a ver de um "velho" abandonado e confuso. Pessoa difícil. Nem sempre o compreendi. Por vezes precisei de forças titânicas para que nos encontrássemos a meio caminho. Paciência, necessitei de muita. Mas foi bom para mim. Foi, acima de tudo, meu amigo.
Trazia-me baldes de cerejas da terra, e pão caseiro e queijo da serra. Deu-me carradas de lenha com medo que a minha solidão passasse frio. Nunca me cobrou honorários. Jamais me deixou pagar o que quer que fosse porque, imbuído de um cavalheirismo antigo e moribundo, ao pé dele mulher não entra com dinheiro, era assim e ponto final, que a vergonha seria demasiada naquele brio masculino. Também nunca me deu o exterior do passeio e sempre me deu passagem. Outros tempos que chegaram em resquícios ao presente.
Uma vez levou-me a casa. Uma quinta erma ladeada de muros muralhados, sistema de segurança, portão blindado e cães. Os cães que me preocupam nesta hora. Tenho sonhos desesperantes e acordo com o coração em pânico. Ontem vi-me morta mas estava viva na morte e fazia coisas sabendo-me morta. Estava consciente de estar morta e, por isso, assustei-me quando descobri que iria morrer dentro da morte. Acordei sem que o acordar me desse alívio. E agora espero. Espero que um médico desconhecido me telefone com notícias. Espero que a segurança social me contacte sobre o que eu posso fazer. Espero, entre pensamentos de mau-agouro que me infestam os sonhos e vontades humanas de honrar amizades.
 

10 de março de 2014

O bolo de anos da Tia Bá

Só este fim-de-semana é que deu para celebrar o meu aniversário (quase dois meses depois...) e eis o bolo de anos que os meus sobrinhos (3 anos e 9 meses de gente respectivamente) deram à Tia: uma menina loirinha e escrevinhadora no meio de um relvado com flores. Muito apropriado, sim senhora. Claro que sei que isto foi ideia da mãe-mana, mas não deixo de imaginar qual será a noção que os meus sobrinhos terão da Tia. O relvado e as flores é onde brincam aqui em casa e, por isso, associarem a Tia a relva florida não é um grande exercício de imaginação. Mas, e o escrevinhadora? Será que um dia vão olhar para a Tia e pensar que a vida dela é só escrever? E a minha irmã, é assim que ela me vê? Ela, a mulher de acção, eu a sonhadora escrevente... É, um bolo de anos com uma boneca de açúcar que nos representa dá que pensar.
No resto, este foi o meu primeiro aniversário com dois sobrinhos-filhos. Haverá coisa melhor na Vida? Sim, a Tia Bá teve um aniversário tão doce como aquela boneca.

8 de março de 2014

Dias azuis

Chegaram os dias azuis. Ontem, o céu e a água eram um só. Adoro os primeiros dias de Primavera, quando o ar ainda está límpido das chuvas e antes de o sol ser ofuscante de Verão.
Foi um passeio feliz de lembranças muito antigas e presentes conciliados.

6 de março de 2014

Uma Tia de múltiplos recursos

O Manel já não ficava em casa da Tia há umas semanas, e umas semanas fazem muita diferença quando se tem 3 anos, sobretudo em níveis de xixi nocturno. E foi assim que, na primeira noite, a Tia andou levantada a mudar roupas de cama e de Manel. Só que esta Tia é muito dotada de imaginação e, determinada a não ter outra noite de xixis na cama, ontem embrulhou o sobrinho numa fralda e rematou com umas trainers. O Manel ficou ligeiramente tufado com tanta camada de fraldas e é a apreciação de uma criança de três que deixa a Tia pasma. Ao ver-se naqueles preparos, o Manel olhou para si e para a Tia e disse:
- O Mané parece um pateta!
A Tia nem sabia que ele conhecia a palavra pateta, muito menos que a soubesse usar tão bem contextualizada. Risos.
Hoje acordou sequinho.

4 de março de 2014

A melhor sopa Blonde

De cada vez que faço esta sopa ando uma temporada a repetir e repetir até achar que três ou quatro panelas depois já começa a ser vício e é melhor fazer outra coisa. Dá como refeição e é óptima para dias de invernia. Para não variar, é a olho.
Ingredientes:
1 cebola picada
3 dentes de alho picados
2 cenouras grandes em cubinhos
1/2 abóbora manteiga em cubinhos
5 talos de aipo cortadinhos e a rama em juliana
1 chouriço encarnado
1 lata de feijão manteiga cozido
Massa cotovelinhos
1 copo de vinho branco
1/2 frasco de pesto
Tomilho fresco
Azeite para refogar
Queijo parmesão ralado
Espinafres (opcional)

Refogar muito ligeiramente a cebola, o alho e o chouriço cortado em pedaços com um pouco de azeite a cobrir o fundo da panela. Quando a cebola estiver translúcida juntar a cenoura, aipo e abóbora. Envolver e deixar cozinhar até os legumes estarem amolecidos. Depois juntar água a ferver e os cotovelinhos. Quando estes estiverem quase al dente juntar o feijão, o pesto, as folhas de tomilho e o vinho branco. É nesta altura que se juntam os espinafres se estes forem uma opção. Deixar levantar fervura até acabar de cozer os cotovelinhos ou até os espinafres estarem cozidos (o que é bastante rápido). Servir com queijo parmesão ralado. E já está!
A sopa acabada de fazer é óptima. No dia seguinte ainda é melhor.  

3 de março de 2014

Couscous à la Blonde

Fim-de-semana com tempo e alguma chuva é bom para experiências. Esta foi inspirada pelo Chef Tiger do Expresso e transformada ao gosto Blonde. Como sempre, é super fácil e feita a olho.
Ingredientes:
Couscous
1 cebola picada
2 tomates em cubinhos
1 laranja em cubinhos
Amêndoas laminadas
Azeitonas descaroçadas cortadas
Óregãos
Tomilho fresco
Azeite

Numa saladeira misturar os couscous com raspa da laranja e óregãos a gosto. Verter água a ferver sobre os couscous e deixá-los absorver a água. Enquanto isso, torrar ligeiramente as amêndoas numa frigideira. Depois de os couscous estarem prontos, juntar um fio de azeite generoso para se soltarem. Acrescentar a cebola picada, os tomates e a laranja em cubinhos, as amêndoas, as azeitonas e as folhas de tomilho (quem use sal, temperar). Voilà!