29 de janeiro de 2008

Cabinet Reshuffle

Wasn't this a bit too moderate? If you need to change the government go ahead and change it! But this? Gee...

28 de janeiro de 2008

Didn't we all know?

This is one of those things that we all knew but needed to be informed by Science!

I was driving to work and heard this one on the 7a.m. news: according to a British study, the night that people sleep worse in the week is the night from Sunday to Monday.

I mean... didn't we all know this?

27 de janeiro de 2008

Carta Aberta a Palavrossaurus Rex


Querido Joshua,
Estavas, Palavrosaurus Rex, emboscado nas veredas tortuosas em que caminhas. Disseste-me que se te interpretasse mal eu "levava". Não interpreto. Também te prometi replicar na medida destes parcos 50 quilitos.
O mundo segue e faz-se do confronto de opiniões, e das grandes divergências nascem as convergências. Perdoa, merecias mais do que um chavão banal. No entanto, este serve o propósito vertente e, afinal, os chavões mais não são do que verdades do senso comum partilhadas ao infinito humano.
Empreendes, porém, em juízos temerários (talvez caminhes pelos vales da sombra da Morte). E como poderia ser de outra forma se não conheces quem se esconde por detrás da Blondewithaphd? Não lhe adivinhas o nome ou o som da voz. Não lhe descobres as amarguras e as felicidades. Prevaricas.
E esse Cristo draculeano que apresentas sem pudor? Não é O teu, não é O meu. Blasfemas.
Tens razão que vivo num mundo de privilégios: materiais, muitos; humanos, muitos mais. Ignoras, contudo, o que esses privilégios implicam. Não percorreste os meus próprios caminhos, não te encostaste ao bordão que me ampara tantas vezes. Não decidiste por mim em cada cruzamento da estrada (não a de Emaús), mas a minha. Não conheces o sal das lágrimas que oculto. Não sabes o que me humilho ante Deus. Não, não sabes nada.
Se soubesses, talvez entendesses que nem todos se expõem na adoração do Divino. Fecha-te num quarto e ora ao Senhor teu Deus. Conheces de certeza o que isto é. Por isso, entenderias, quiçá, que me levante ao Domingo e suba aos montes para uma paróquia de gente velha vestida de escuro, que participe da Eucaristia num local ignoto (sim, leio em público, sim canto para todos), longe dos meus privilégios e depois suba ainda mais para um sótão decrépito de sacristia, com teias de aranha, pó e telha vã, onde não consigo estar de pé, e evangelize os meninos que vêm de casas onde Fé é letra morta. Não, não sabes nada.
Radicalizas o ficcionismo. És Palavrossaurus Rex e tirano.

26 de janeiro de 2008

Let's Get Physical


I'm a gym freak who takes exercise seriously and who believes that we've got to take care of our health or else...
But the things I watch at the gyms I've been going to all my life are sometimes extraordinary.
Picking my life back from the wreck and chaos, I've resumed my usual visits to the gym to workout the stress and pain away and wash my brain clean. I also believe that when you tire your body, your mind is free to think. And, above all, I believe that if people go to the gym it is because they want to be fit, ladies most specially, because we girls always complain (most often excessively) about our bodies, how fat we are, how loaded with cellulitis and all those miseries.
Earlier this morning there I went. But when I got there I almost started laughing. One of the ladies, one with layers of cellulitis and I believe younger than me, was happily eating away a chocolate bar and saying she wanted to lose weight. There she was complaining that she couldn't lose weight no matter how hard she trained and that she really, really wanted to lose a few kilos. I think this is precious!
This is just an example in many. I also like the blokes that train like hell to become the next Mr. Muscle and don't drink a drop of water while they're pumping up because they want their bodies to dry out. I think this one is particularly hilarious (but not funny at all is what those guys ingest and do to have those bodies, that's not funny at all). And the people that don't run in the treadmills because that is a very tiring activity. Not to mention all the wrong posture that can ruin back and muscles.
I'm here stating things I see at the gym just to think that sports is so prone to individual apprehension. It's a subjective matter. It is also a sort of fashion. And something that is quite often most misinterpreted. In the middle of all this I worry. I worry about the things people do to their bodies. I worry because sports can be a very dangerous thing. What should be healthy causes more harm than good and people don't even care about it. It's frightening.
Maybe I'm really freaky...

23 de janeiro de 2008

O Eufemismo do Luto

Não há, de facto, língua tão propensa ao eufemismo como o Português.
A maneira evasiva como as coisas se dizem nesta língua. Mas depois, a maneira penosamente sentimental com que as coisas se tratam.

O sofrimento não tem de ser vivido com eufemismos: faleceu, foi a sepultar... Para mim é tudo mais directo: O João morreu, ponto final. Enterrámos o João, ponto final. Porque é que temos de mascarar o imascarável?

E depois lá vem o carregamento penoso do vector emocional: partiu para sempre, já não está cá, nunca mais virá e toda a lamúria que acompanha estas verbalizações. Mas que falta de esperança esta num país Católico? Que desespero tão finito? A Vida será assim tão estanque? Não vivem os mortos infinitamente? Não estão, por acaso, sempre connosco?

Esta é a primeira Morte realmente "à portuguesa" que estou a viver. Entrou-me porta dentro na sexta-feira. Inesperada, surpreendente. E surpreendente o culto da Morte que tenho presenciado. O arrastar do sofrimento, o querer prolongar a dor. Não consigo explicar isto. O meu catolicismo não explica isto. Porquê a insistência na pena? Na dor? No horror da Morte? Na crueldade do destino?

Ontem acordei com um pensamento: o luto já teve a sua hora. Seguir em frente. O choro fica cá dentro no coração. A esperança continua. A Vida continua. Se nos abandonamos à Morte, à Dor, elas vencerão. Mas é difícil explicar isto num contexto luso em que os mortos carregam os vivos.

Eu acho os mortos tão leves, tão libertos, tão pacíficos na sua beatitude. Tão superiores a nós. Aqui tem-se medo dos mortos, insiste-se no seu pavor, mostra-se um cadáver publicamente (esta para mim é a mais horripilante das minhas surpresas últimas). Quando a Mãe morreu, só eu a vi assim, em privado, em silêncio, as palavras eram para ela. Não há lembranças nenhumas dela sem ser em vida, naquela vida alegre e cheia de cor que ela tinha. Ninguém terá jamais a Mãe morta no pensamento.
O João permanece um cadáver. Não é injusto? Não é horrível lembrarmo-nos de um corpo amarelo sem vida, sem dignidade, um farrapo corporal? Ali, exposto, abandonado à curiosidade mórbida. Não consegui evitar esta indignidade. Não gosto deste espírito que cultiva a Morte e a arvora em Grande Dama.

Este é o último post da morbidez. Estou em luto: privado, interior, individual, meu, sem eufemismos. Estou em cura: privada, interior, individual, minha, sem eufemismos. Julgar-me-ão por retirar a minha dor do espaço público? Por seguir em frente sem abandonos e olhares para trás?


P.S. - Fostes todos outra das minhas grandes surpresas últimas. Desta vez, uma imensa surpresa do Bem, das coisas que, afinal, construímos sem nos darmos conta e que enriquecem a Vida e a fazem, para o bem e para o mal, fascinante e extraordinária. Obrigada!

20 de janeiro de 2008

Sopas e Mortos



Na Terça-feira senti saudades.
A Avó era uma pessoa especial, não por ser a Avó. Acho que era carisma. A Avó era inacessível quase. Muito loura, muito alta, muito magra, muito hirta e tinha aqueles olhos azuis muito frios, gélidos, que lhe davam um ar duro e impenetrável. Não era nada o protótipo da Avózinha. Era a Avó.
Senti saudades de coisas que se perderam com a Avó e que eu fechei cá dentro para não ter de lidar com elas para não me doerem. Mas na Terça encarei uma das coisas que me faltam e que ela levou. Apeteceu-me uma daquelas sopas muito suculentas que ela fazia e que nunca mais provei porque são daquelas coisas irremediáveis que se perdem para sempre.
Na Terça-feira, nem sei como ou a que propósito, meti na cabeça que ia tentar fazer uma daquelas sopas. Não sei como ela as fazia, nunca perguntei e nunca me interessei porque naquela altura eu pensava que tudo era eterno. A sopa aparecia, era uma delícia e depois eu sabia que haveria mais num outro dia qualquer que eu fosse à casa da Avó. Só que um dia a casa da Avó ficou vazia...
Inventei a sopa. Pus tudo o que eu achava que ela metia para dentro da panela. Só omiti a batata porque hoje falamos em hidratos de carbono e a Avó não tinha de se ralar com calorias e outras minudências com que enchemos a cabeça a pensar que estamos a fazer bem. Ficou tão boa a minha sopa! Mas faltava-lhe qualquer coisa. Faltava-lhe a Avó.
Hoje falta-me o João e todas as coisas que eu pensava serem eternas porque havia o João. A sopa ainda está no frigorífico e o João descansa sob uma pilha de flores...
Post Scriptum - Foi pelo João, e não pelo filho do João, que eu fiz o impensável (o que eu sempre repeti que jamais faria na vida) e adoptei um nome que não é o meu. Este era o João na sua capacidade extraordinária de amar e se deixar amar.

14 de janeiro de 2008

Simone de Beauvoir (1908-1986)

Were she still alive and she would have been 100 on the 9th January. It's funny but, maybe on account of my own distraction, I didn't notice any events marking the centenary of one of the greatest 20th century thinkers.

I'm actually not much inclined to Feminism and Feminist movements. However, women's lib and many of the liberties we hold for granted owe a lot to Beauvoir's activism. The world is still very far from total gender equality and it would still be further down the road if it weren't for the New Women movements in the 19th century and for the attention and polemics that The Second Sex (1949) generated when it was published. Of course that, as in any controversial work, Beauvoir was accused of everything: from being frigid to lesbian, from bisexual to nymphomaniac. But the path was open as far as discussing women's role in society was concerned in a post-war world.

The existentialist school of thinking as theorised and studied by Beauvoir and her husband Jean-Paul Sartre explains the premise, and probably one of the most famous ideas of Beauvoir, that women are not born women, they are "made" into women. That is, it is society that gives women the role of women, it is men that created the alterity, the otherness of women. And therefore society has forever inferiorised women and compared them to men. Even Beauvoir's father said his daughter had "the brain of a man" because of her intelligence.

Many of Beauvoir's ideas about women as the second sex are, unfortunately, valid today. In a world that still discriminates according to race, creed and sex (and Beauvoir was not just referring to women as the inferior social Other), the least we can do is stop for a moment and aknowledge the voices that have, in their own way, contributed to a lessening of inequality and for the walk of social progress and development.

12 de janeiro de 2008

Aren't Blondes Quite Something?

Ah kinda layke this gal here! Tha way she talks and the way she thanks! Mah God! And you gotta give her credit 'cause it was all for ay good cause. Bless her peroxide neurons! And if you folks wait 'til the end, you're gonna learn a few extra thangs!

Someone sent me this video some days ago because I'm known for having a good hearty laughs on account of dumb blonde jokes. By the way, did you hear about the blonde that spent 20 minutes staring at an orange juice can? It said "concentrate"!

Being a blonde myself, coming from generations of blondes, I think that the best way to deal with the stereotype is just laughing at ourselves. But, being confronted with the stereotype myself also means that:
First - I don't give it credit;
Second - If we're so dumb why is it that everyone wants to be blond?;
Third - I'm interested in the topic (as the good social scientist that I like to think I am).

However, surprising as it may be, there are actually studies, congresses, research being carried out, scientific and press articles that have the dumb blonde stereotype as object of study. It seems a waste of time and resources over such a "dumb" subject but it's the truth.

In October 2007, the "Daily Mail" published an article entitled "Why blondes make men act dumb". The astonishing answer was that: because men think blondes have an IQ on the low side, they try to adapt to them by lowering the intellectual input of their conversations (gee, guys, that's so sweet of you!).

People also like the blond types in general because children are blonder than adults (true, ask any genuine blonde how our hair gets darker as we grow up). So, blondes are associated with children and sweetness of character (that is, even though blondes like their bit of fun, they are goody, gody girls).

Basically, I wanted to share a video featuring a blonde that gives us all a bad name. But my neuron, working part-time, has a strong personality and decided to add a few comments to the video. You have to excuse it for this liberty.

(This text isn't in any way meant to be offensive to blondes, to which world I also belong)

10 de janeiro de 2008

Tão boas, tão boas...


e tão estúpidas, benz'-as Deus!
Detesto ser incomodada quando ando na minha vidinha, sossegadinha e sem importunar ninguém!
Vinha eu hoje muito bem pela 2ª Circular fora, trânsito a fluir, o solinho a brilhar, músiquinha a tocar, vidrinho aberto e a vida é bela e blábláblá eis senão quando... Sua Excelência do carro da frente se lembra de despejar o cinzeiro janela fora! Quer dizer, a malta já nem liga quando é a beata que vai ao ar (e que o Pai nem me apanhe a dizer uma barbaridade destas que aquelas costelas lá do outro lado das estranjas não perdoam estas aleivosias! Ui!), mas o raio do cinzeiro?! E então não é que o recheio do dito cujo atrás citado me passou pelo pára-brisas e pelas janelas e etc.? O nojo de ter de levar com aquela cinza emporcalhada... indescritível! E a madame na boa! Então, o cinzeirito estava cheio, a malta tinha de despejá-lo! Pois, então... não ia ficar com aquele monte de lixo no carro, pois não?
Gostei! Sinceramente achei que sim senhora! Ali andam a conduzir atrás dos seus óculinhos escuros xpto todas boas e depois estala-lhes o verniz p'ró bairro de lata style! Olhem, é sempre bom a malta vir do trabalho, contente por ter contribuído para o bem social, com a madrugada das seis da matina em cima, e depois levar com os conteúdos imundos dos cinzeiros dos outros. Francamente, gostei! Até deu matéria de blogue! E assim se ganha o dia!
P. S. - A etiqueta deveria ser antes: "Driving in my car", mas foi o que se arranjou.

9 de janeiro de 2008

7 de janeiro de 2008

The Race is Out!


Irrita-me o interesse desmedido em torno das presidenciais dos EUA. E irrita-me por um simples facto, é que isto é a admissão de que esta nação retalhada de culturas impôs-se no teatro político e económico mundial e detém um império mais ou menos informal (dependendo das conotações de imperialismo informal) que directa e indirectamente nos afecta a todos como um Colosso. É quase garantido que quem está de fora dos territórios em que se arvora a "Star-spangled banner" tem tendência a detestar figadalmente a única super-potência restante da Guerra Fria. Mas, quer gostemos ou detestemos, a verdade é que a América não nos deixa, e não pode deixar, indiferentes, pois o que lá se passa reflecte-se, com maiores ou menores consequências, na vida de todos nós, a começar pelo facto de que globalização é um encapuzamento de americanização e macdonaldização das sociedades à escala planetária.
Também é verdade que todos esperam que, finalmente, uma mulher ou um Afro-Americano, representante das minorias étnicas do mosaico americano (para quem não sabe é tudo menos verdade que, em termos sociológicos, a América seja o tão falado "melting pot") vá morar no 1600 Pennsylvania Avenue, Washington DC. Pois eu, não sei bem...
Explico.
Fora eu americana e o meu voto ia para o John Edwards. A propósito, acho que o GOP este ano não está em posição de discutir eleições. Estamos a falar de um grupo de candidatos muito à direita, ou que recentemente inflectiram muito à direita, que não deixa muita margem para um eleitorado menos posicionado politicamente. O Mitt Romney e o John McCain devoram-se um ao outro abrindo espaço ao Mike Huckabee e o Giuliani é um fiasco de que não vale a pena falar (é um daqueles homens que teve um momento na História, mas que não vai além disso, ademais, perdoem-me, sempre se disse que nenhum homem careca chega alguma vez à Presidência dos EUA).
O Edwards, a meu ver, é o típico americano: "self-made man", moralista q.b., perdeu um filho de 17 anos, tem a mulher a morrer de cancro e a fazer campanha pelo marido, é sulista (tem aquela pronúncia deliciosa que lembra nozes pecan e frango frito). É agradável às massas e confesso que, apesar de entender que ele não será o próximo presidente, aquele segundo lugar no Iowa foi surpreendente. Peca por não ter a máquina política da Hillary Clinton e a capacidade de gerar fundos do Obama. Claro que não é pela típica trajectória de desgraçadinho que lutou sempre contra as agruras que a vida lhe pôs no caminho que votaria nele. Mas, dentre os três Democratas presidenciáveis, ele é o que me inspira mais confiança apesar de tudo (logicamente que não é nenhum menino de coro).
Justifico.
A Hillary Clinton é um animal político que vive política até à medula. É metódica, arrogante, diligente e tem uma espinha muito dura e atenção que eu acho que isto são atributos louváveis num político. O caso Whitewater não teve maiores proporções porque os Clintons, apesar de posteriormente ilibados, saíram da Casa Branca mesmo a tempo e é certo que Clinton & Clinton é uma marca política, o que, francamente, não me convence. Depois, a Sra. Clinton tem perspectivas governamentais muito europeizadas e os americanos não gostam de ingerências federais (o plano nacional de saúde da administração Clinton, que foi o cheval de bataille da Primeira-Dama, morreu na praia) e, aquando do caso Lewinski, houve fracturas no seio dos Democratas com o Sen. Lieberman a erguer a voz contra Clinton e agora o mesmo senador anda pelo New Hampshire a favor do McCain, será que já notaram? Portanto, apesar de em '92 o NH ter votado Clinton, não sei se o fará amanhã.
O Barack Obama tem, de facto, a falta de experiência de que o acusa o bloco Clinton. Nem é genuinamente Afro-Americano nem branco (estou muito curiosa com o voto do Sul, sempre quero ver o que vai votar o Mississippi, o Arkansas ou o Alabama). Mas tem a Oprah, a personalidade feminina mais poderosa e popular na América e a capacidade de gerar as maiores doações via internet. Se for eleito, duvido que tenha muita liberdade de manobra porque as eleições pagam-se e os lobbies cobram-se. Mas seria interessante ver alguém chamado Barack Hussein Obama dirigir a América!
Enfim, veremos como se porta o Edwards amanhã. Cinco dias após o Iowa e num caucus absolutamente frenético com 33 Estados a votar em 31 dias ao contrário da última eleição em que num mês votaram 9 Estados, veremos o tempo que os candidatos têm para inverter discursos e arrepiar caminhos. A very interesting affair for someone that likes to see the battles from afar!

5 de janeiro de 2008

Talk About Saturday Night Fever!


Implacable weather! (A very dickensian phrase, mind you!). Damp, moist, wet, dreadful, endless. Nothing better to do than stay conveniently at home (hubby went out for a coffee but Blonde is not in the mood to face the dampness outside). TV was on a while ago, not anymore. Blonde doesn't watch that much TV (gosh, it's still dickensian!), just the news occasionally. But she watched the news today. In fact, she watched, listened more than she watched would be a better description, part of the 8 o'clock news on RTP1.
And was that time well-spent! (No, this is not dickensian anymore!).
The atrocities in Kenya were covered in a matter of seconds. However, the extreme cold weather in the American East Coast, the floodings in California and Australia and the intense Winter in Eastern European countries were given immense minutes of broadcast. And right at the end, surprise, the astounding news that President Sarkozy and singer-model Carla Bruni were visiting Petra in Jordan as a couple. In-between pieces of news that don't last in anyone's memory and shouldn't occupy precious already overloaded neurons.
Naturally Blonde was informed of whatever important and interesting is going on in the world today. Of course, that, being this January, it's always very relevant to know that it is very cold in Northern latitudes. And, obviously that being the mutinies and the overall rebellion in Kenya a very nasty, ugly, violent subject, the issue should be aired with as little attention as possible not to harm viewers susceptible nerves. Not to mention the fact that not knowing the latest love affair of the French President is equivalent to utter ignorance (and Blonde wouldn't want that now, would she?).
After the news, Blonde was home alone. TV still on. A most educational and interesting programme followed, something like "Provedor do Cliente" but in a TV viewers' format. And yes, this was extraordinary (or so Blonde thought). The topic under scrutiny in the programme was precisely how should the news be broadcast (and here Blonde would most definitively have something to say, opinionated as she is).
Everybody complained about the excessive amount of time devoted to football, and within football to those three clubs everybody knows, everybody was resented at the excessive coverage of the Maddie affair, everybody said that cultural events are not given coverage (actually someone even suggested that the news should open occasionally with a news about theatre, but c'me on let's not go over the moon, ok?) and so on and so forth. Blonde's question: if they know this at RTP, why do they persist with the fait divers format that makes news seem like a vaudeville show?
The best was yet to come and Blonde really had a few laughs.
In that same very instructive programme, Blonde got to know that RTP Internacional and RTP África broadcast each day 5 and a half hours of "Praça da Alegria" and "Portugal no Coração". This was a treat Blonde wasn't expecting on such a lifeless Saturday evening. What fun and joy! Blonde imagining the immigrant communities being treated to shuch enlightened shows that have everything to do with the places they live and which present an image of a very developed, culturally productive and stimulating country! And 5 and a half hours every single day! Wow, that was entertainment at its very best! Blonde had as much fun as if she were watching "Black Adder". And the comments of the Portuguese living in Canada... That was hillarious! And what the people in the PALOPs had to say... Blonde was really amused. So amused she couldn't have all this much fun to herself and had to come and share it.

4 de janeiro de 2008

Dakar and the Call of the Desert



Call it Fate or Fado or whatever.

I had decided that my first 2008 post was going to be about the Dakar and I would post my rentrée text today. I was going to say how much I love the Dakar race, how I have the dream of participating in it (and I usually fulfill my dreams), how I've been in love with the desert ever since I laid my feet in the Sahara for the first time, how I hate January and that the only good thing about it is the Dakar (and I absolutely hate it that my birthday has to be in such a cold, grey, looooooong month and the misery of being a down-to-earth, insipid Capricorn).

But, hey, some terrorist blokes have messed with my intentions and I can't tolerate that! I'm fed up to the bone that we have to be the hostages to a bunch of no-good-for-nothing Islamic fundamentalists that don't know anything about anything, who have only memorised (not read) the Koran and think that Allah is an exclusive God of the Arabs and forget that the three semitic religions have only one same God and that we are all the children of Abraham.


So, you fundamentalist bastards, I'm still gonna write about the Dakar and how much I love the deserts where you hide cowardly and from where you try to menace and destroy us.


É verdade, sou fanática pelo Dakar. Adoro aquela prova de resistência. A invasão e a conquista do deserto e do espaço inóspito. Desde miúda que acalento o sonho de entrar na prova, não para competir mas numa de me divertir e superar limites. É a adrenalina do perigo. E a ansiedade do ser capaz ou não e ter de ser capaz à força toda. Adoro!

E sempre me lembro que o Ano Novo entra com o Dakar e evita a pasmaceira pardacenta do detestável mês de Janeiro. É o ocre e o calor do deserto que, vindos pela televisão, dão um certo colorido ao lamaçal de Janeiro. E é, sobretudo, o DESERTO.


O Gobi, o Caláari, o Atacama, o Great Outback... o Sahara. Conheço-os todos dos meus atlas e dos meus globos que eu percorria em criança quando queria ser cientista (virei intelectual vá-se lá saber porquê). Sabia quais eram os povos e os animais do deserto e sonhava que um dia iria ao deserto.


Fui. Entranhei aquela imensidão. Ainda não os percorri todos, nem pouco mais ou menos (e muito mais para o menos do que para o mais). Mas cada um é tão diferente e tão especial. Estranhei a areia do Sahara: viscosa e espessa (eu pensava que era solta como a das nossas praias, santa ingenuidade!), entra por todos os poros da pele e arranha o esmalte dos dentes. O Deserto Oriental é antipático (que raio de adjectivo para descrever um lugar!). É branco e áspero, polvilhento (será que isto se diz?), cheio de vértices cortantes. Eu que derreto assim que os termómetros se descolam dos 25º e acho o pico do Verão um tormento insuportável, nem dou pelo calor. 56º (o máximo que eu apanhei) não são assim tão intoleráveis. Enfim, cada qual tem as suas taras, esta é uma das minhas.


Uma vez ouvi um Beduíno dizer que o deserto é um castigo e que nós (os Europeus) somos bons e por isso temos chuva nos nossos países e eles são maus e por isso não têm água. Achei aquilo um paradoxo completo. Eles que não poluem, que não têm nada a não ser o básico, que não inventam armas de destruição massiva, que não são capitalistas neo-liberais acham-se maus, nós seremos o quê? Fiquei a pensar que, de facto, Deus dá nozes a quem não tem dentes e que nós somos uns idiotas privilegiados que não sabem a sorte que têm e que, além de idiotas, somos uns masoquistas acéfalos que conseguem destruir as benesses que lhes vieram parar às mãos imerecidamente.


Bem, mas adiante. A paixão do deserto é uma coisa tão fenomenal e a Vida algo tão extraordinário que uma das maiores coincidências da minha vida (letra minúscula porque a minha é uma ínfima parte da outra) se deve ao deserto.

Há uns anos foi a Oxford palestrar (assunto sério, académico, erudito e essas coisas que tais que acontecem aqui no meu mundo). Ansiosa porque era a primeira vez ali e as primeiras vezes são sempre uma carga de nervos. Blábláblá, aplausos, perguntas, mais blábláblá, o costume. Ora, quem organizou o evento era um tipo francês da Maison Française lá do burgo, até aqui nada de especial. Só que o fulano era filho do Alain Sèbe, para quem conhece, um dos mais conhecidos fotógrafos do deserto. "Talk about coincidences!"

Ele tinha acabado de vir de uma expedição à Mauritânia. Eu ainda tinha frescas as memórias da última vez nas franjas do Sahara. Acabou-se logo ali a conversa que me tinha levado a Oxford. Pagou-me uns copos num pub à saída da faculdade e só falámos de deserto (acho que foi uma seca para quem estava connosco e pensava que o assunto da palestra se ia prolongar na informalidade de half pints e ginger ale). No final deu-me um bloco de notas com a foto da capa do livro Redjem. Libye des grands espaces (v. www.alainsebeimages.com). "Man, was I happy!"
Such a small world, such big impressive deserts and the cosmic coincidences of Life.
There you have it you insolent terrorist bastards, I talked about the Dakar and I invaded your deserts! You may win a battle here and there, but never the war (no matter how holy you want to make it)!