30 de janeiro de 2013

Portugal goes global

À conta das ondas da Nazaré e do Garrett McNamara, Portugal acordou nas notícias do Yahoo. Numa altura em que tanto precisamos promover o país e vender turismo, venham as ondas do mar da Nazaré!
Way to go Garrett! We owe you, dude!
Aqui o vídeo e a notícia.

28 de janeiro de 2013

Portugueses nas favelas

No Expresso da semana passada vinha uma reportagem sobre portugueses que emigram para o Brasil e que acabam por ir morar para as favelas porque os alugueres aí são muito mais baratos. Fiquei a pensar nas voltas que a vida dá. Estes novos emigrantes são os empreendedores mas os que emigravam para França nos anos sessenta e acabavam por ir parar aos bidonvilles eram os desgraçados e ninguém, em circusntância alguma, lhes chamaria empreendedores. Acho apenas curioso...

26 de janeiro de 2013

Máquina nova!

Deram-me uma máquina nova agora pelos anos (porque a minha entregou a alma ao criador quando a deixei cair ao chão numa das minhas últimas incursões pelo Alentejo, essa terra de que cada vez gosto mais). E, pronto, lá fui estreá-la aqui pelo jardim e pelas redondezas deste campo maravilhoso onde me dá tanto prazer morar.
Os aloés do jardim estão lindos de tão floridos e o rio engrossou com as últimas chuvas.

24 de janeiro de 2013

Morrer para poupar

Não me espantam as declarações do Ministro Japonês das Finanças sobre a necessidade de poupar o Estado Social às despesas decorrentes da velhice e da inviabilidade da vida mantida artificialmente. Alguém tinha de ser o primeiro a dizê-lo com todas as letras.
Nunca em fase alguma da nossa evolução como espécie vivemos tanto mas também nunca os nossos dias se acabaram em tanto arrastamento, em tanto adiamento do inevitável. Não acho humano, porque acho indignificante, que morramos na decrepitude total só porque há máquinas com as quais brincamos aos deuses (imperfeitos). Se me disserem que falo só por falar, desminto com o conhecimento de causa de quem desejou a morte do Ser que mais amava, de quem rezou a um Deus livre dos espartilho da Igreja dos homens para que o fim chegasse e chegasse célere. Falo conhecendo o martírio dos que estão agarrados à vida na impotência da decisão, dos velhinhos que perderam todas as suas faculdades, que estão inferiorizados na sua humanidade porque a medicina os levou até aí, ao insustentável onde se encontram à espera, à espera. Falo das famílias assoladas pelo prolongamento atroz desse martírio. Acho apenas que não há direito a um tipo de sofrimento que não nos é natural como espécie.

Porém, as palavras do Ministro abrem caixas de Pandora de consequências inimagináveis. As palavras do Ministro atribuem um valor económico ao que é incalculável. As palavras do Ministro criam contingentes de humanos descartáveis. E isso não é moralmente aceitável. Porque, afinal de contas, não somos uma espécie qualquer, somos o exemplo máximo da Criação ou a espécie mais bem sucedida na Evolução. Nenhum Homem pode ter um valor, como nenhum Homem pode ter um custo. Como ficamos entre o paradoxo do direito à dignidade na recta do fim e a quantificação do nosso peso morto e desnecessário ao grupo?

Não sei a resposta. Sei apenas que não é matéria que se deva meter em exclusivo nas mãos dos políticos como estamos a deixar que se faça. É que um dia seremos nós o peso morto de amanhã.

Aqui a notícia.

23 de janeiro de 2013

Ser deputada e dona da verdade

Então parece que a menina deputada alcoolizada ficou doente (pudera, eu também ficaria). Faltou a três sessões plenárias invocando doença mas, pasme-se, não precisa apresentar atestado médico porque os deputados são responsáveis pelos seus actos e a sua palavra faz fé de verdade. Ora toma! Nós demais é que somos umas criancinhas inconsequentes e a nossa palavra não vale nada. Se faltamos precisamos que Cristo, o Próprio, desça à terra e testemunhe por nós. Sim, nós demais nem somos responsáveis pelos nossos actos nem a nossa palavra pode fazer fé da nossa verdade. Eu acho isto o cúmulo. Preciso mesmo confirmar se Portugal ainda faz parte da Europa ou se migrou para o mais recôndito da África...
Aqui a notícia que me amofinou os fígados.

21 de janeiro de 2013

Já sou adulta

Ontem lá fiz a festa, uma espécie de Natal atrasado, porque fazer anos em Janeiro é encarreirar as festas umas nas outras. O meu sobrinho chegou de mansinho estava eu na cozinha entre os tachos e as panelas. Não os ouvi chegar e, de repente, tinha aquela criatura de dois anos a entrar à minha procura para um abracinho nas minhas pernas. Senti-me adulta. Como se o tempo de ser filha tivesse acabado e eu agora fosse um outro tipo de gente porque há uma geração a seguir à minha. Imaginei-me a mim e à Mana quando éramos pequenas e os adultos eram grandes. Imaginei-nos através do meu sobrinho que é quem agora olha para nós e nos vê grandes. Até agora eu nunca tinha sido grande. E quando ele foi dormir a sesta para o meu quarto e nós, os grandes, ficámos cá em baixo na sala, imaginei-me a mim e à Mana outra vez, quando nos retiravam da companhia dos grandes para irmos para a nossa vida de sestas e ficávamos a ouvir o som abafado das conversas dos adultos. Agora sou eu que fico e é o meu sobrinho que nos ouve.
Engraçado o que uma criatura tão pequena opera na nossa percepção da vida. Hoje sou adulta.

19 de janeiro de 2013

Dias de vendaval

Adoro trovoadas, nevoeiro intenso (excepto se tiver de conduzir), vendavais e chuva de granizo. Adoro as intempéries e o tempo extremo. Gosto que a Natureza nos fala e nos diga que ainda é ela que manda. Gosto do planeta vivo (e do David Attenborough). Mas é claro que só gosto destes fenómenos quando estou protegida da sua violência (não hei-de morrer sem ir para o Kansas fazer tornado-chasing e já sei o que é uma tempestade de areia no Sahara). Já apanhei valentes sustos. Já me vi na impotência e já quase morri. Quando a fúria dos elementos ultrapassa a linha que divide o extremo do mortífero deixo de gostar da linguagem.
Esta noite acordei com os silvos da ventania, acordei com as cargas de água e acordei com trovões. Ainda pensei que voassem telhas, que se partissem as persianas e que a luz do dia me mostrasse o jardim devastado. A noite potenciou o falar da Natureza. Serenou com o dia mas ainda aí está a dizer que, pelo menos hoje, manda Ela.

18 de janeiro de 2013

Da sangria que noto

Parece-me que, neste momento, já conhecemos todos gente que nos é próxima a embarcar na aventura da emigração. Quando é o corpo docente de uma faculdade e funcionários técnicos da mesma que decidem dar o salto, compreendo que o panorama é bem mais assustador do que o que lemos nos jornais. Some-se a isso o desmantelamento do dito Estado Social e temo que não teremos país por muito tempo. Quer dizer, país teremos, um país geográfico mas não um país humano...

15 de janeiro de 2013

Negabelhas

A minha Mãe falava uma versão muito sui generis do Português. À uma misturava-lhe Alemão com fartura, à outra inventava e inventava palavras como esta. "Negabelhas" era o que ela dizia que era o jantar ou o almoço quando não estava com grandes inclinações culinárias. Pois eu ando há uns dias a esta parte a comer negabelhas. É tanto o stress, tantos os deadlines, tantas as novas obrigações, tanto o trabalho que ataco a cozinha e como o que quer que for que encontre. Hoje o meu almoço foi café, bróculos cozidos e batata-doce e duas Speculoos. Ai Mãe, esta tua filha anda a negabelhas...

13 de janeiro de 2013

Diziam que vinha aí uma vaga de frio

Ainda não notei nada...
Hoje até me vêm aí arranjar o jardim e o Spotty anda na dele a apanhar uns banhos de sol que o deixam todo mole. Isto é como as previsões do Governo: saem goradas.

9 de janeiro de 2013

Acordar para isto

Acordo eu bem-disposta, que nada há melhor pela manhã do que o cheiro de torradas e café, e passo os olhos pela imprensa para me dar conta de que este país vai morrer de vez.
Ele é uma deputada, amiga da farra com certeza, que cai numa operação stop envolta em vapores etílicos (aqui). E depois é a continuação da novela FMI vs os papalvos dos funcionários públicos portugueses. Pois parece que é preciso baixar mais os salários e cortar a eito na saúde e na educação que só assim é que o país sairá da crise porque, lá está, há dinheiro para o Banif mas não para o Estado Social (aqui).
Ainda bem que sou loura como no estereótipo e assim posso ser burra à vontade e continuar sem perceber nada do que emana das carolas brilhantes de quem nos (des)governa.

7 de janeiro de 2013

Não resisto...

"Muito estimada professora Blonde,

Infelizmente se utilizasse o Inglês não conseguiria emitir esta comunicação
com a qualidade que a mesma merece.
[...]
Este é o momento de lhe agradecer a atenção que dedicou a esta
turma de que tenho feito parte e a mim muito particularmente.
Destaco a forma enérgica como conduziu os trabalhos e a vivacidade com que
transmitiu conhecimento e cultura.
A professora possui uma experiência invulgar, e embora só de vez em quando
se tenha referido à mesma, ficam os seus alunos com a certeza de que muito
mais nos poderia transmitir se para isso houvesse tempo.
[...]
Muito obrigado,
Um aluno"

Ainda estou parva... E ainda vão havendo razões nesta profissão enxovalhada que nos fazem pensar que nem tudo está perdido.

5 de janeiro de 2013

Os amigos do rir

Quanto mais avanço tempo adentro, mais me dou conta de que fui sabendo fazer amigos. Perdi uns quantos, aqueles que não era, afinal, suposto permanecerem. No regrets. Ficaram os que eram de ficar. Ficaram os que me deram o silêncio de amor quando a Mãe morreu. Ficaram os que continuaram lá quando me desfiz do meu não-casamento. Quando os muros desabam e há gente que nos ajuda a reerguer as pedras, esses sim são os amigos, os tried and tested. Aqueles que se riem quando tudo está bem e não nos desamparam quando tudo corre mal. Estes são assim.
Vêm caminhando comigo há anos. Já me enxugaram muitas lágrimas, já me fizeram sorrir milhentas vezes, já me ajudaram quando mais precisei. Ontem chegaram a esta Casa onde já me viram noutras vidas, noutros passados, a Casa que trago e permanece e que me é útero. Chegaram com Luz estes amigos de luz. Comecei a rir às oito da noite e só parei depois das duas da manhã quando saíram.
Sim, fazem-me sempre bem e eu adoro-vos. Obrigada pelo sempre que sempre me dão.