31 de julho de 2019

Ir ao Teatro

Já não ia a espectáculos no teatro Nacional D. Maria II há anos. No entrementes, já tenho usado o café do foyer como ponto de encontros (às vezes desencontros, pois já calhou marcar qualquer coisa lá e estar fechado). Fui agora, num destes Domingos de sol e Lisboa infestada de turistas. Não sei porquê senti-me um misto entre indígena lusa e estrangeira alemã. Tem dias assim quando se vive na hibridez. Acho que foi dos turistas todos, ou de o espectáculo estar legendado, ou de eu ter ido no carro a ouvir música alemã. Foi o que quer que fosse.

27 de julho de 2019

Da vida no campo

Viver no campo não tem o glamour da vida na cidade. Aqui não temos museus, cinema, restaurantes da moda com pratos super-instagramáveis, não temos street art, nem bulício internacional. Somos uns saloios que não gostam de confusão. Eu sou um híbrido nascido numa cidade grande, num país estrangeiro que trabalha numa capital movimentada e que aguenta as idas e vindas só para vir dormir a casa, no campo, rodeada de verde, sem cinemas, nem restaurantes de comidas super-instagramáveis. Mas aqui sou-me e tenho-me e chegar a casa ter na mesa à minha espera o fruto da terra e do trabalho do Homem que comigo repartem estas gentes campestres é impagável. se eu podia viver na cidade? Poder podia mas não me seria o que sou.
Obrigada, a quem aqui neste meu campo me abraça em generosidade.
Esta semana deram-me maçãs, pêras, amoras, pimentos, tomates, pepinos, courgetes e salsa. Calhou esta semana, noutras dão-me outras coisas na circularidade do Tempo da terra...

24 de julho de 2019

Só mais uma flor

Se calhar ando a dar muita importância às flores que vejo aqui pelo campo. se calhar é porque cada vez tenho menos tempo para apreciar este campo, a Natureza e todo este ambiente que me faz vida. Se calhar é um reflexo da clausura em que vivo porque há outra vida a chamar. Alegro-me por ainda ter a capacidade de observar momentos. Uma flor no chão e, de súbito, apercebo-me da Natureza que está sempre aqui, eu é que não...

20 de julho de 2019

Tapete de flores

Percebo porque é que há festas populares em que as ruas se cobrem de tapetes de flores. É o Homem que tenta imitar a grandiosidade singela da Natureza. Como é que uma pessoa não há-de maravilhar-se quando caminha sobre caminhos de flores?

17 de julho de 2019

Flores silvestres

Encontrei esta flor andando por aqui nos meus passeios campestres. É minha conhecida mas não lhe sei o nome: campainha?, câmpanula?, lírio silvestre? Não faço ideia mas, na sua simplicidade alva, é das coisas mais inundadas de luz e beleza que ver se possam. Há que dar graças pelas pequenas maravilhas...

13 de julho de 2019

Acabou o nojo pós-divórcio

Então parece que a Lei acabou com a lei do período de nojo pós-divórcio. O que me espanta é como houve uma lei tão estúpida como essa. O que me mais do que espanta é como eu não só apanhei com essa lei como a cumpri por excesso porque depois de o meu divórcio ter sido decretado, ao fim de sete anos de bulha, eu desapareci do sistema de registos nacional e levaram que tempos a encontrar-me.
Enfim, haja esperança para quem quer a liberdade.

6 de julho de 2019

Floresta no Montejunto

Há coisas perto de casa que são tão misteriosas, desconhecidas ou tomadas por garantidas que mal delas nos damos conta. Venho às arribas do Montejunto num dia em que desponta a Primavera. A floresta despida a tomar-se de sol, enquanto inspira serenamente, para o verde que aí vem, tem contornos de paisagem boreal dos contos dos irmãos Grimm. Quase parece uma floresta encantada de onde se espera surjam cavaleiros ou onde se escondem bruxas e fadas. Um passeio aqui, tão perto e tão longe da grande cidade, é entrar em todo um mundo de maravilha.

3 de julho de 2019

Jerez de la Frontera

Nunca me tinha acontecido ir a uma cidade monumental de fama e glória e encontrar a catedral fechada, penso que por causa da hora da siesta. Parece-me, mesmo, inaudito mas é o que aconteceu. Chego eu, pronta para me embrenhar em Jerez, que se deve chamar "de la Frontera" por ter sido aqui em tempos antanhos uma fronteira com os territórios mouros do al-Andaluz, e a cidade está fechada. O comércio fechado, a catedral fechada, o Alcázar fechado. Há uma bodega típica que faz provas de xerez, como convém na pátria deste vinho, ao pé de onde estacionamos o carro. Espreitamos só pois, palpita-nos que haverá tantas que poderemos escolher a que mais nos agradar. Rumamos ao centro da cidade e deparamos com o panorama desolado. Aberto, apenas a adega do Tio Pepe, íman turístico que não apela pela quantidade de gente que, estando o resto da cidade fechada, aí encontra com que se entreter. Dispenso e refazemos os passos até à bodega simpática e castiça ao pé do carro aparcado. Má sorte, triste fortuna. No entrementes de termos ido dar de caras com a catedarl fechada, os monumentos fechados e as filas de turistas a querer experiências vínicas pré-fabricadas, a bodega fechou. O que trago de Jerez? Nem uma garrafinha de vinho para recordação. Fuga foi o sentimento que dali nos levou.