31 de janeiro de 2018

Dia 10: Potsdam

Potsdam... Outro nome evocativo da história alemã, daqueles nomes relacionados com o tal passado que continua pesadamente a ensombrar o presente. Para o comum dos mortais, Potsdam significa a partição da Alemanha pelas potências vitoriosas do fim da II Guerra. É isso, mas é mais.
Há quem pense que Potsdam foi a capital da Prússia mas não, essa importância foi sempre berlinense. No entanto, Potsdam foi a residência da corte prussiana. É capital do estado de Brandenburg e, no seu conjunto monumental, é património mundial da UNESCO. Potsdam, que fica a uns vinte quilómetros de Berlin, é, na minha lusitana interpretação, uma espécie de Sintra. Não se visita num dia e não é conhecida por um sítio em particular. É um todo.
 Um dos palácios mais emblemáticos é o de Sanssouci, a denominação francesa para "sem preocupações". Era o refúgio do Kaiser, longe do palácio do trono e das suas ocupações "profissionais" e era um local segregado por ser o palácio de diversões com reserva de admissão às senhoras (embora houvesse certas "senhoras" admitidas, se é que me entendem).
Potsdam em dia de sol é uma glória, o local perfeito para dizer auf Wiedersehen (literalmente até nos vermos novamente e, na minha modesta opinião, a melhor palavra para "adeus") a Berlin. A viagem continua e, na próxima etapa, vou levar o meu marido ao local mais feliz da minha infância. Estou feliz que nem posso! Auf Wiedersehen aqui no blog!

26 de janeiro de 2018

Dia 10: Berlin-Gedächtniskirche

De todas as fotos que tirei nesta viagem à Gedächtniskirche, outro dos ícones berlinenses, escolho esta porque olho para ela e vejo um passado entalado entre o presente e o futuro e porque as árvores me podem dizer esperança.
Gedächtnis em alemão significa lembrança. Kirche significa igreja. por isso, literalmente, Gedächtniskirche significa "igreja da lembrança". E lembramos o quê? Originalmente, a igreja foi feita nos finais do século XIX para homenagear, para lembrar, o Imperador Guilherme I (Kaiser Wilhelm I). O neto, o Kaiser Guilherme II, quis homenagear o avô que foi o primeiro imperador alemão (nunca nos esqueçamos que a Alemanha não é um país, é uma aglomerado, uma federação de estados, de povos germânicos que habitavam em ducados, principados, reinos e etcs e que, ao cabo de muitas vontades e esforços, uns a contragosto, outros nem tanto, se uniram no que se chama a Alemanha). Guilherme I era rei da Prússia e depois, com a ajuda do chanceler Otto von Bismarck, que os Portugueses conhecem da Conferência de Berlim e do Mapa Cor-de-Rosa, lá conseguiu unificar aquela variedade monumental de estados e ser proclamado Kaiser (que significa nada mais nada menos do que César), ou seja, imperador (as coisas que aprendem aqui no Blonde!).
Só que, actualmente, a Gedächtniskirche serve uma outra lembrança, a da loucura dos homens, a da Guerra. Berlin foi totalmente arrasada e reduzida a escombros nos bombardeamento da II Guerra Mundial. No processo de reconstrução, a Gedächtniskirche foi deixada por reconstruir e é hoje uma lembrança viva da Guerra numa cidade que vive, todos os dias, a realidade paradoxal da lembrança e do tentar esquecer-se. Não é fácil ser-se berlinense.
Levo o meu marido a conhecer este monumento. Demora-se mais do que esperava que se demorasse. Quer ver, viver esta lembrança. Lê cada legenda das fotografias que ilustram a triste história que aqui se conta. Olho para ele na terceira pessoa e imagino, como ando a imaginar por estes dias, o que lhe vai na cabeça sobre este país e as suas gentes...

23 de janeiro de 2018

Dia 9: Berlin e o terror

Por razões históricas sobejamente conhecidas, Berlin tem sido uma cidade muito castigada. Imagens de tragédia e sofrimento abundam nesta cidade. A mais recente ignomínia aconteceu a 19 de Dezembro de 2016 quando o terrorismo fundamentalista islâmico entrou pela Breitscheidplatz e ceifou a vida de 12 pessoas das mais variadas nacionalidades cujo único crime foi estarem no sítio errado à hora errada. Quando é que isto vai acabar?

19 de janeiro de 2018

Dia 9: Berlin-Knuspernest (Streetfood)

À conta aqui do blogue tenho recebido perguntas de interesse sobre Berlin e as suas coisas comezinhas do quotidiano. Aqui vai uma que causa sempre um bocado de confusão. O que está na imagem são ninhos de batata (Kartoffel Knuspernest). São basicamente taças comestíveis. Avancem sem medo. Encham-nas com o que quiserem e, no fim, podem trincá-las. Inteligente, não?

16 de janeiro de 2018

Dia 8: Minha Berlin-Rabien Konditorei

Para o lanche com a Tante Ruth fomos buscar bolos de frutas e Sachertorte (só o melhor bolo do universo) à Pastelaria Rabien. Entra-se e desfalece-se perante a infinitude de escolha. Uma particularidade dos bolos alemães é que são muito vistosos, muito artísticos. O chocolate e as frutas imperam e, curiosamente, são menos doces do que os bolos de pastelaria portugueses. A minha teoria pessoal, e que, por isso, vale o que vale é que como Portugal tinha um império ultramarino donde importar açúcar a preços moderados, a nossa doçaria evoluiu em direcção ao uso generoso do açúcar e de especiarias como a canela. A Alemanha não tinha nada disso e, assim, os bolos são semi-doces. em compensação, como o leite abunda, não há bolo que não seja acompanhado de umas boas colheradas de natas batidas, Sahne. Com o café é a mesma coisa, dê-se-lhe uma colher de Sahne ou, em alternativa, um bom fio de leite condensado. Lecker! Que é como quem diz: "Delicioso!"
Da Rabien aproveitei também para trazer um pacote de Spitzen Baumkuchen, bolinhos para a árvore de Natal, "Baum" é árvore. São vendidos o ano inteiro, prova da devoção que os alemães têm ao Natal (vão ver o que é Natal em pleno Agosto em posts mais à frente). Só que, estava bem de adivinhar, os bolos não resistiram até ao Natal. Lá chegar a Portugal, chegaram, o resto da intenção é que, bem, foi só intenção... E bem gostosos estavam...

12 de janeiro de 2018

Dia 8: Minha Berlin-Berliner Bär

Quem vai a Berlin vê ursos em toda a parte. Nada mais simples de entender: o urso é o símbolo da cidade e os ursos que se vêem espalhados pela cidade chamam-se Buddy Bears, uns amigalhaços para turista ver, claro. São fotogénicos para as selfies.
Agora, o porquê de o urso ser o símbolo de Berlin é que é mais difícil de explicar. A teoria mais tonta diz que a palavra "urso" em alemão "Bär" lê-se tal e qual como a primeira sílaba da cidade "Ber" e que, por isso, o símbolo vinha daí. Quatsch! Que é como quem diz: "Disparate!"
Seja como for, não há teoria definitiva. Talvez o urso seja uma homenagem ao Margrave Albrecht,o Urso que fundou Brandenburgo, o estado à volta de Berlin, em 1157. É um símbolo querido e não me lembro de alguma vez ter vindo a Berlin sem levar de volta um destes ursitos que me decoram o escritório lá em casa, muito, muito longe de Berlin...

9 de janeiro de 2018

Dia 8: Minha Berlin-Willy Brandt

O primeiro Chanceler alemão de que tenho memória foi o Helmut Schmidt. Porém, o político que sempre melhor conheci foi o Willy Brandt, tal era o seu grau de popularidade e presença na vida pública alemã. Ganhou o Nobel da Paz ainda antes de eu nascer e, na pouca intervenção política que o meu Pai teve, teve-a, como ele diz, a colar cartazes para a campanha do Willy Brandt para Chanceler em 1969 (way before I was born).
Penso no meu Pai e penso nas minhas Tias e em todos os que lutaram por uma Europa unida e um mundo em paz. A maior parte deles já morreu. A memória vai-se apagando e vejo o mundo caminhar perigosamente à beira de um precipício. A tentação do abismo é grande...
Aqui em Berlin há um Forum dedicado ao Willy Brandt, à sua vida e ao seu legado. Faço votos de que sejamos mais os que queremos preservar as conquistas civilizacionais do pós-Guerra e do pós-Muro do que os que não se importam.

5 de janeiro de 2018

Dia 8: Minha Berlin-Nivea Haus

Quando passo à porta da Nivea-Haus (que os alemães pronunciam Nifêa), é como se a menina das trancinhas louras que trago comigo saltasse cá para fora. Cresci com o creme Nivea das latas azuis que a Mãe usava em nós para tudo, desde joelhos esfolados a hidratação da cara logo pela manhã. Ainda hoje associo o cheiro a creme Nivea à infância e a conforto e segurança (sim tive a infância mais feliz do mundo).
Entro e puxo o meu marido para dentro da loja. Aqui é o paraíso Nivea. Há um spa e toda uma panóplia de produtos que nunca chegam a Portugal mais os incontornáveis produtos para turista e edições limitadas. Compro de tudo um pouco e fico contente por saber que a bagageira do carro tem espaço para acolher esta minha folia. Podia ficar aqui a tarde inteira mas acho que o meu marido não ia aguentar uma tarde dedicada a cremes...