4 de janeiro de 2008

Dakar and the Call of the Desert



Call it Fate or Fado or whatever.

I had decided that my first 2008 post was going to be about the Dakar and I would post my rentrée text today. I was going to say how much I love the Dakar race, how I have the dream of participating in it (and I usually fulfill my dreams), how I've been in love with the desert ever since I laid my feet in the Sahara for the first time, how I hate January and that the only good thing about it is the Dakar (and I absolutely hate it that my birthday has to be in such a cold, grey, looooooong month and the misery of being a down-to-earth, insipid Capricorn).

But, hey, some terrorist blokes have messed with my intentions and I can't tolerate that! I'm fed up to the bone that we have to be the hostages to a bunch of no-good-for-nothing Islamic fundamentalists that don't know anything about anything, who have only memorised (not read) the Koran and think that Allah is an exclusive God of the Arabs and forget that the three semitic religions have only one same God and that we are all the children of Abraham.


So, you fundamentalist bastards, I'm still gonna write about the Dakar and how much I love the deserts where you hide cowardly and from where you try to menace and destroy us.


É verdade, sou fanática pelo Dakar. Adoro aquela prova de resistência. A invasão e a conquista do deserto e do espaço inóspito. Desde miúda que acalento o sonho de entrar na prova, não para competir mas numa de me divertir e superar limites. É a adrenalina do perigo. E a ansiedade do ser capaz ou não e ter de ser capaz à força toda. Adoro!

E sempre me lembro que o Ano Novo entra com o Dakar e evita a pasmaceira pardacenta do detestável mês de Janeiro. É o ocre e o calor do deserto que, vindos pela televisão, dão um certo colorido ao lamaçal de Janeiro. E é, sobretudo, o DESERTO.


O Gobi, o Caláari, o Atacama, o Great Outback... o Sahara. Conheço-os todos dos meus atlas e dos meus globos que eu percorria em criança quando queria ser cientista (virei intelectual vá-se lá saber porquê). Sabia quais eram os povos e os animais do deserto e sonhava que um dia iria ao deserto.


Fui. Entranhei aquela imensidão. Ainda não os percorri todos, nem pouco mais ou menos (e muito mais para o menos do que para o mais). Mas cada um é tão diferente e tão especial. Estranhei a areia do Sahara: viscosa e espessa (eu pensava que era solta como a das nossas praias, santa ingenuidade!), entra por todos os poros da pele e arranha o esmalte dos dentes. O Deserto Oriental é antipático (que raio de adjectivo para descrever um lugar!). É branco e áspero, polvilhento (será que isto se diz?), cheio de vértices cortantes. Eu que derreto assim que os termómetros se descolam dos 25º e acho o pico do Verão um tormento insuportável, nem dou pelo calor. 56º (o máximo que eu apanhei) não são assim tão intoleráveis. Enfim, cada qual tem as suas taras, esta é uma das minhas.


Uma vez ouvi um Beduíno dizer que o deserto é um castigo e que nós (os Europeus) somos bons e por isso temos chuva nos nossos países e eles são maus e por isso não têm água. Achei aquilo um paradoxo completo. Eles que não poluem, que não têm nada a não ser o básico, que não inventam armas de destruição massiva, que não são capitalistas neo-liberais acham-se maus, nós seremos o quê? Fiquei a pensar que, de facto, Deus dá nozes a quem não tem dentes e que nós somos uns idiotas privilegiados que não sabem a sorte que têm e que, além de idiotas, somos uns masoquistas acéfalos que conseguem destruir as benesses que lhes vieram parar às mãos imerecidamente.


Bem, mas adiante. A paixão do deserto é uma coisa tão fenomenal e a Vida algo tão extraordinário que uma das maiores coincidências da minha vida (letra minúscula porque a minha é uma ínfima parte da outra) se deve ao deserto.

Há uns anos foi a Oxford palestrar (assunto sério, académico, erudito e essas coisas que tais que acontecem aqui no meu mundo). Ansiosa porque era a primeira vez ali e as primeiras vezes são sempre uma carga de nervos. Blábláblá, aplausos, perguntas, mais blábláblá, o costume. Ora, quem organizou o evento era um tipo francês da Maison Française lá do burgo, até aqui nada de especial. Só que o fulano era filho do Alain Sèbe, para quem conhece, um dos mais conhecidos fotógrafos do deserto. "Talk about coincidences!"

Ele tinha acabado de vir de uma expedição à Mauritânia. Eu ainda tinha frescas as memórias da última vez nas franjas do Sahara. Acabou-se logo ali a conversa que me tinha levado a Oxford. Pagou-me uns copos num pub à saída da faculdade e só falámos de deserto (acho que foi uma seca para quem estava connosco e pensava que o assunto da palestra se ia prolongar na informalidade de half pints e ginger ale). No final deu-me um bloco de notas com a foto da capa do livro Redjem. Libye des grands espaces (v. www.alainsebeimages.com). "Man, was I happy!"
Such a small world, such big impressive deserts and the cosmic coincidences of Life.
There you have it you insolent terrorist bastards, I talked about the Dakar and I invaded your deserts! You may win a battle here and there, but never the war (no matter how holy you want to make it)!

19 comentários:

quintarantino disse...

Man, am I confuso... now Miss Blonde, fazes o favor, or you write in Portuguese, ou escreves em Inglês.
Better watch out, minha pequena, my brain is starting to get rusty e, assim por assim, one is reading in English, then suddendly aparece-nos a língua de Camões e... pimba! What the heck... que carago... back to the start... mas eu cá te compreendo... you love desert, e eu também.
Por cá, we have a lot of camels mas nada de deserto.
As for those sons of a mãezinha deles (e esta, hein? sabendo do ye horror to those four letter words, I wrote it like that. Lot's of respect, as you know), I always said que, tarde ou cedo, vamos ter de lhes tratar da saúde... gotta kick some asses down there.
As for joining the caravan, count me in. I even have um GPS todo catita...

Blondewithaphd disse...

Mensch, wunderbar que escrevas in two languages en un tiempo et après tout est understood! Auguri a causa your fluência linguística!

antonio ganhão disse...

Miúda, se começas a escrever em português perde a piada. Nós gostamos todos de parecer cosmopolitas capazes de dominar a língua do Bush.

A propósito, no início parecias-me o Bush a declarar guerra ao terrorismo em nome dos filhos de Abraão. Todas as guerras se desencadeiam em nome de um Deus...

Mas afinal estamos a falar de um capricho, pequeno-burguês, de uma citadina que se apaixonou pelo deserto e se sente incomodada porque uma qualquer frente de um qualquer povo oprimido exerce a sua luta. São reminiscências do tempo colonial, em que a paz do senhor branco era interrompida pelos turras… não sei como lhes chamavam lá na Rodésia. (De vez em quando, quando quero ser mau, lá descubro em ti um Bush de saias…)

Desculpa, gosto muito de ti, mas está-me na natureza.

António de Almeida disse...

-Pena que não se realize o Dakar, curioso, em Paris, onde me encontro, não vi notícia com destaque, não posso afirmar que não tenha passado, até porque não compro jornais, franceses, nem vejo os canais televisivos deles. Mais uma vez, os terroristas conseguem os intentos, isso é que acho inadmissivel, independentemente da justiça que possa merecer o problema em questão. A melhor solução, é a organização arranjar outro traçado, e ignorar aquela zona, claro que é preferivel adiar a prova, que daqui a uns dias estarmos a lamentar mais uma barbaridade cometida em nome de algo, ou alguém!

Blondewithaphd disse...

My dear Antonio,
In Rhodesia they are the Kaffir! And if you like to be so cosmopolitan why did you comment in Portugoose (the way they call the Portuguese in Rhodesia)?

I know you love me... (In a Police song sort of way, but love me...)

quintarantino disse...

Miss Blonde, will you stop that... Who loves you?
Him?
Now, are you trying to make me jeaulous or what?
Dear, I know I hve behaved badly lately but no need to tell that one that you know he loves you and, worst, that he is allowed to!

Blondewithaphd disse...

Dear Antonio de Almeida,
That's the problem: our submission to terrorists. As I see it, we should go on with our own business and let them menace us!
The organizing committee could detour Mauritania or do some extra specials somewhere else. A cancellation in 30 years of Dakar? That is surrender to terrorists!

Blondewithaphd disse...

Gee Quinn... I can't help it if I have a big heart... I love you 2! And 3 and 4! And 1 too!

antonio ganhão disse...

In South Africa the Portuguese from Madeira where called see-kaffir, meaning the over seas negro. Because the Portuguese where the ones who didn’t care to run the commerce, supplying the black population. They didn’t care to serve a black costumer.

I don’t know how you, the Portuguese community where called in Rodhesia.

The Black South African people did got their freedom, but of course they didn’t interfere in Blonde’s weekend plans. But those terrorists from Mauritania, they are the worst…

Do you love me Blonde? In a friendly way, of course, to avoid any kaffir misinterpretation. ;)

Blondewithaphd disse...

Insecure Antonio?

quintarantino disse...

Sorry, Antonio, but those sea kaffirs as you call them didn´t care to serve a black costumer only because of the filthy profits they could earn. Neither would the indians or chinese...
As for the rest, as you should know, not being boers they tried to be like them.
So they were even more racist.
I know.
I lived there. Tshwane, my friend!
I rest my case, Sir.

And I can assure you I never saw Blonde in old Pretoria oor old Bulawayo!
So she must really be some CIA spy...

antonio ganhão disse...

Quint a defender a Blonde? Eu apenas estava a explicar poruqe é que os Sul Africanos chamavam aos Madeirenses sea-kaffir. Pelo maior dos despresos. Quanto ao racismo, somos fruto das circunstâncias...

antonio ganhão disse...

Do you love me Blonde?

Insecure Antonio?

Romances where written over lesser lines. Hollywood couldn’t do better.

But Blonde, confess I’m a gentleman even when I call a lady bitch… a little bit kaffir, but a gentleman.

quintarantino disse...

António, old chap, I'm a lawyer. Still remember?

Peter disse...

O que me irrita é que esses "gajos" que passam o dia de joelhos e de cu para o ar, tenham impedido a realização do Lisboa-Dakar.

Deixa-me que te diga que estou profundamente preocupado com a situação no Paquistão. Se a "bolha" rebenta, cada "grupelho" de "fundamentalistas islâmicos" ainda fica com uma meia dúzia de bombas atómicas.

Tiago R Cardoso disse...

Não te sabia tão aventureira...

Pois a mim não me atrai nada, demasiado radical, quer dizer se fosse no rally não ia, mas em viagem muito bem.

De facto também tenho pena que não se realize a prova, mas penso que as questões de segurança devem ser maiores que as desportivas.

C Valente disse...

The end
Saudações amigas

Anónimo disse...

Tenho um amor particular aos franceses, de resto o meu cão chama-se Duque de Wellington sabe só Deus porquê:), por isso deixo apenas duas considerações ao tema:
1.Será que a prova seria cancelada se partisse de Paris?
2.Será este o melhor caminho (como o Prof. Marcelo bem enunciou ontem) para se fazer frente ao terrorismo; cancelar toda e qualquer prova desportiva ou outro evento internacional i.e. politico, desportivo, manifestativo, apenas porque eles nos querem fazer mal?

É tão tipicamente francês esse comportamento...Espero bem que saibam lidar daqui a uns anos com os 5 milhões de árabes ostracizados que habitam nas suas fronteiras que de manifestações violentas ainda só tiveram um leve cheirinho...que os há, há; temos de stand up and fight, not stand up and hide.

Jedi Apprentice with a small infection of the dark force (gripe)

joshua disse...

Me agressive? Are you talking to me!

kisses
PALAVROSSAVRVS REX