22 de setembro de 2008

Dia sem carros

Segunda-feira. Entro em Lisboa pela 2ª Circular. Nos painéis de controlo de velocidade a mensagem de trânsito proibido nas Ruas da Prata e do Ouro e no Rossio entre as 06.00 e as 18.00.

Já me tinha esquecido que esta palhaçada de brincar aos ecologismos ainda existia!

Qual é a vantagem real de se interditar um escasso perímetro de uma cidade ao trânsito? A poluição desce por causa disso? Duvido! As pessoas ficam mais alerta para os efeitos nocivos do excesso de trânsito nas cidades? Duvido ainda mais! Pelo contrário, acho que é um estorvo fecharem ruas ao trânsito só para parecer bem.

Sou carro-dependente devido àquilo que a língua inglesa designa de "super commuter", ou seja, vivo longe do local de trabalho e enfrento grandes deslocações entre a residência e o emprego. Ainda me convenço que no campo se ganha em qualidade de vida, mas o preço que se paga traduz-se num problema de acessibilidade ao centro urbano. No meu caso, impossível de ser obstado por transpostes públicos. Preciso, por conseguinte, de um carro poluente. Traduzindo, um modelo citadino e amigo do ambiente não se coaduna com os 104 kms da "round trip" que faço diariamente. No dia em que se lembrarem que há, neste país, quem não se possa socorrer de transportes públicos darei a minha atenção a um dia sem carros. Até lá, lamento, mas não me faz o mínimo sentido!

23 comentários:

António de Almeida disse...

-Julgo que no interior Norte alguns municípios também aderiram à iniciativa. Faz sentido!

Joaninha disse...

Tb não entendo a utilidade mas está bem, este pais de qualquer das formas já é uma fantochada pegada porque não?

beijos

Olha coloquei um link no post para entenderes melhor do que é que eu me demito. Claro que no link não estão descritos os insultos de que fui vitima, mas isso dava quase um livro.

Anónimo disse...

Concordo que interditar duas ruas ao trânito é brincar oa faz de conta, mas o Dia Sem Carros, se fosse levado a sério, como noutros países, fazia todo o sentido.
Tenho um post preparado sobre o assunto para amanhã. Não o posto hoje, precisamente porque não alinho na hipocrisia de efemérides cujo único objectivo é atirar poeira para os olhos.

Anónimo disse...

Aqui na santa terrinha hoje foi DIA COM CARROS, et pour cause ... fui de carro ...

PRD disse...

Embora viva em Lisboa e tenha, por isso, uma experiência diária diferente, estou inteiramente de acordo. Já lhe disseram que escreve muito bem? Ele há louras que não são como a Magda: "Adoro trocar ideias... mas eu só posso trocar as repetidas, senão eu fico sem nenhuma"...

Contacte-nos disse...

Como estavam previstas inundações a protecção Civil mandou encerrar certas zonas de lisboa, dia sem carros, onde? Nem ouvi falar nisso.

antonio ganhão disse...

Devias ter feito como eu, levantei-me às cinco, às seis e meia estava a apanhar o autocarro com as minhas filhas para as ir levar à escola, às 7:30, apanhei o autocarro de volta para a estação de barco, apanhei o barco das 8:45, depois apanhei mais dois autocarros e por volta das 9:45estava no emprego... foi muito divertido!

Não percebo estes carro-dependentes!

joshua disse...

Buropolitics are trashy and so are people in general, where ever we go in some dances and twists of chair they perform before our own incredule eyes.

Main Entry: trashy
Pronunciation: \ˈtra-shē\
Function: adjective
Inflected Form(s): trash·i·er; trash·i·est
Date: circa 1620
1 : being, resembling, or containing trash : of inferior quality
2 : indecent
— trash·i·ly \-shə-lē\ adverb
— trash·i·ness noun

PALAVROSSAVRVS REX

Joaquim Alves disse...

Esta estória do dia sem carros parece-me provocar mais irritações do que sensibilizações!

Vai a cidadã ou o cidadão para o seu emprego de manhã pelos sítios do costume, já com o tempo contado, e depara-se com a rua cortada em "situação de despoluição" e a maior parte das vezes a reacção não será:
"Que bela iniciativa esta de não haver carros hoje nesta rua", para se aproximar mais de: "Se estes gajos fossem trabalhar em vez de andarem a chatear quem trabalha".

Enquanto não houver transportes públicos decentes e úteis não me parece que estas iniciativas levem a algum lado.

Blondewithaphd disse...

António,
Um sentido muito pervertido, digamos...

Blondewithaphd disse...

Jo,
Porque não e porque não. Eu nem de palhaços do circo gosto! :)

Blondewithaphd disse...

Carlos,
Eu cá sou mais do radical: inventámos os carros para nos deslocarmos, verdade? Então agora temos de ter dias sem carros? Não há nada perfeito. Tudo tem prós e contras. E,por causa dos contras dos ditos, temos de ter um dia de fantochada? E que tal um dia amigo do carro?

Blondewithaphd disse...

Carol,
Sabes que venho do estrangeiro (assim como tu), só que lá os transportes funcionam. Sabes que lá na Alemanha é possível saber que horas são só porque os autocarros passam na hora exacta? "Ah, olha vai ali o bus xpto, então deve ser 13.01!", é mais ou menos assim.

Blondewithaphd disse...

Ferreira,
E foste tu muito bem!!! Também és um carrinho-dependente? Join the gang!

Blondewithaphd disse...

PRD,
... hmm... mas pode sempre dizer! O ego acabou de entrar em órbita, mas, porém, contudo, não obstante esqueceu-se que havia tecto no escritório e agora está ali assim meio esborrachadinho mas ainda a levitar! :)

Blondewithaphd disse...

Jedi man,
Bem, eu ouvir também não ouvi... foi mais ler:)

Blondewithaphd disse...

Implume,
Até fiquei saturada só de ler esse périplo! Às cinco da matina?! è oficial: o Implume passou a herói urbano!!

Blondewithaphd disse...

Josh, Liebling,
I think "trashy" is really an understatement. Go get 'em with your full blast of saurialising vocab!

Blondewithaphd disse...

RH,
Falado nos media?! Não ouvi nada! Bem, agora falta as ciclovias e os parqueamentos para as bicicletas. É que neste país, até aqui na província, a malta leva a bicicleta e não tem onde deixá-la quando vai ao supermercado, por exemplo.

Blondewithaphd disse...

Lusitano,
"Irritação", é mesmo isso que eu sinto. Boa escolha de léxico!!!

Peter disse...

Até certo ponto estou de acordo com o que escreveste.
Sim, para quê essa "palhassada", quanto a preocupação não é a de dificultar o acesso ao centro de Lisboa, em vez de construirem parques gratuídos na sua periferia, a partir dos quis haveria uma rede de transportes urbanos?
O automóvel é um ícon intocável e então em ano de eleições...
Não concordo com essa de "carro-dependente", muito possivelmente por não sentir o problema.

Nuno disse...

Também acho!

Toda a gente sabe que as cidades foram feitas para se poder viver fora delas e ter um sítio para estacionar e comparar carros (quem vive lá deve ser meio atrasadinho if you ask me).

Adoro tanto os carros e preciso tanto deles até me neles rebolava se pudesse. Vruum!

Acho que melhoram imenso todas as praças e passeios, dão imenso jeito e cheiram tão bem, muito melhor do que as pessoas que andam de autocarro e assim- bleurgh que freaks!

Dia Europeu sem Carros é como ter um Dia Europeu da Abstinência, só que esta seria muito mais tolerável, é claro.

Não se está a ver que o carro só traz benefícios à saúde e à carteira e até à economia nacional-agora não se estão a vender tanto- está tudo doido ou quê?

Um beijinho do meu tubo de escape!

José Matos disse...

Olá,

posso saber onde moras (basta o nome da povoação), para onde vais e quanto tempo demoras ao ir de carro (de manhã e de tarde)?

Gostava de tentar encontrar um trajecto onde fosse possível usar os transportes públicos e demorar o mesmo ou menos.