Hoje amanheceu com relâmpagos e trovões, que maravilha!
É simplesmente tão bom estar na cama a ouvir o troar dos trovões. Depois a tempestade passa e fica aquela calmaria molhada entrecortada pelo som tímido dos pingos de chuva que permanecem, exauridos depois da tempestade. Adoro dias assim. Dá vontade de ficar em casa a ler, a beber malgas de café e a ouvir "Milk and Toast and Honey" dos Roxette.
Acho que a Mãe é que nos fez gostar de trovoadas. Pegava em mim e na Mana e levava-nos para a janela ver os relâmpagos. Depois, quando notava que a tempestade estava mais próxima, desligava o quadro eléctrico e teatralizava a situação para que não tivéssemos medo. Normalmente ia buscar uns cobertores, que não são condutores eléctricos, ou enfiáva-nos às três dentro de uma cama e ali ficávamos a ouvi-la explicar o fenómeno e a ensinar-nos a fórmula de cálculo para sabermos a distância a que estava a tempestade.
- Vá Meninas, agora contem os segundos entre o relâmpago e o trovão!
E nós lá contávamos com a pausa adequada. No fim era só multiplicar os segundos pela velocidade do som e converter os metros em quilómetros. Sentíamo-nos tão bem ali com a Mãe, aninhadas as três, em segurança. Eu não queria que a tempestade acabasse nunca!
Tenho tantas saudades da Mãe.
É simplesmente tão bom estar na cama a ouvir o troar dos trovões. Depois a tempestade passa e fica aquela calmaria molhada entrecortada pelo som tímido dos pingos de chuva que permanecem, exauridos depois da tempestade. Adoro dias assim. Dá vontade de ficar em casa a ler, a beber malgas de café e a ouvir "Milk and Toast and Honey" dos Roxette.
Acho que a Mãe é que nos fez gostar de trovoadas. Pegava em mim e na Mana e levava-nos para a janela ver os relâmpagos. Depois, quando notava que a tempestade estava mais próxima, desligava o quadro eléctrico e teatralizava a situação para que não tivéssemos medo. Normalmente ia buscar uns cobertores, que não são condutores eléctricos, ou enfiáva-nos às três dentro de uma cama e ali ficávamos a ouvi-la explicar o fenómeno e a ensinar-nos a fórmula de cálculo para sabermos a distância a que estava a tempestade.
- Vá Meninas, agora contem os segundos entre o relâmpago e o trovão!
E nós lá contávamos com a pausa adequada. No fim era só multiplicar os segundos pela velocidade do som e converter os metros em quilómetros. Sentíamo-nos tão bem ali com a Mãe, aninhadas as três, em segurança. Eu não queria que a tempestade acabasse nunca!
Tenho tantas saudades da Mãe.
10 comentários:
Há um ditado:
"Só se lembram de StªBárbara quando fazem trovões".
Por isso a santa é padroeira da Artilharia.
O teu texto fez-me lembrar a minha avó junto da qual, eu miúdo, procurava refúgio naquela enorme casa.
É bom estar na cama a ouvir chover...
As tempestades são como as mães, por vezes insuportáveis, mas deixando sempre um imenso vazio quando passam.
Chorei.
Beijos
Saudade são as pessoas evanescidas recobertas pela filigrana das coisas. Aconchegam-nos indeed as tempestades. Gosto quando os raios fulguram poucos metros diante da minha e nossa casa familiar.
Parece que estou ali, sou o único, a ver tudo, sem raio que me parta, sem estremecer a cada trovão, neste ponto, já sincrónico com o relâmpago e o conjunto da coisa, a coisa mais fantástica dentre qualquer espectáculo natural.
Mais Zeus que Deus é-me toda aquela voz que percute autoritária e cava. Música ancestral, ralhando com o mundo por esse abismo cavado em Wall St e que vai engolir-nos e aos restos da nossa segurança afinal todo o tempo aparente e entediante.
Quando o desemprego e a fome enundarem as avenidas por agora inundadas só do esterco álacre dos pombos cagantes, será bom recordar que éramos felizes na inconsciência da corrosão moral que por aí ribomba e grassa, se manifesta e abre fendas, foguetes e fusos, em todo o tecido do mundo.
Será bom recordar as abominações legítimas das elites que viveram nos seus castelos de marfim e de excelência, num gozo celeste dos seus spas e dos seus ginásios, dos seus gastos sumptuários e supérfluos; recordar que o curso normal das coisas era nem se preocuparem com os vizinhos físicos ou com os vizinhos morais, comunicacionais, se estavam bem, se tinham leite, pão e açucar para os filhos; recordar que nem pela nossa cabeça passou a nada peregrina ideia de que essa paz poderia apodrecer à velocidade da luz e com a mesma complacência com que praticamos convicta e darwinianamente a lei do mais apto.
E saber que era muito mais asséptico ter toda a indignação racional pelo caminho sem partilha seguido pelas políticas e pelos sistemas que conservam a esmagadora maioria na mais perfeita e duradoura merda'apocilgada, mais asséptico isso que concretizar as oportunidades que a vida dos rabanetes e dos pimentos nos vai reservando dia a dia para marcar a diferença na vida atribulada dos outros.
Houve alturas em que bastariam 100 euros. Outras, pelo menos vinte. Viver, pelo menos para mim, deverá ser viver como S. Paulo, que sabia e saboreava a sabedoria de sorrir na abundância e na penúria, em trânsito para Cristo.
Ao contrário dele, não consigo manter a mesma alegria evangélica na penúria, apesar da esperança em Cristo e no meu e nosso trânsito para ele.
Há agora uma Caixa de Pandora aberta. Há um Caos afanosamente a urdir o seu trabalho por agora. Viver contra ou sem o Evangelho redunda numa tragédia humana a rebentar em bolha no rosto de todos. Foi assim, à sombra do Comunismo, enquanto Regime. É sempre assim, à sombra do Capitalismo, enquanto Cúpido Wild Horse com as suas autojustificações de Assassino Profissional.
Roxette? Acho que apesar de tudo prefiro os Abba!!! Quanto à chuva e trovoada, gosto desde que não tenha de trabalhar, o que foi o caso de ontem.
Olá Blonde
Pessoalmente gosto de ver uma trovoada, acho fascinante a força da natureza, Relativamente á saudade, neste teu texto explicas bem o que é.
Fica bem
Joy
O ribombar dos trovões e os clarões que serpenteiam pelos céus são sempre um fenómeno fascinante.
Escutados na cama ou, ainda melhor, vistos na savana africana, sentindo o cheiro da terra que pede água ... de qualquer modo, é sempre um momento quase único esse que antecipa uma calmaria de morte ou um aguaceiro inclemente.
Por cá ainda temos aqueles dias soturnos, cinzentos em que a água cai aparentemente infinita e onde o nosso desleixo e incúria rapidamente nos levam ora a clamar contra os públicos poderes ou a solicitar a misericordiosa intervenção do santo protector ou, em caso de grande aflição, pelo que estiver mais disponível!
Nesse pormenor sinto saudades das chuvadas rápidas e ríspidas que em África nos caiam em cima!
Sei bem que estar em casa, talvez até sentado no alpendre (quem o tiver), a folhear um livro e a beber café é uma delícia. Desconfio bem que exista melhor banda sonora que Roxette para esse momento ... numa situação dessas penso que um clássico seria companhia mais recomendável ... talvez até um Wagner que nos permitisse filosofar se, entre cada trovão, entre cada relâmpago não seriam Thor ou Odin quem nos estariam a mandar mensagens cifradas dos céus ...
... quiçá, fossem mesmo mensagens subliminares para ti ...
Sublime remate final.
Sim, e ontem em plena praia com as canas de carbono a servirem de pára raios não teve piada nenhuma, acho que nunca fugi tão depressa...:)
E é bom ter saudades.
Adoro trovoada à noite sobre o mar.
Em miúdo, tínhamos uma empregada que tinha um medo horroroso e assim que se ouvia o primeiro trovão, muito ao longe, começava a rezar o terço e a dizer " Vlha-nos Santa Bárbara".
As trovoadas tropicais são um bocado assustadoras.
Há saudades muito boas!!!
Até podem doer um bocadinho, mas acalmam e dão vontade de dizer:
Ah, a vida é boa!!!
Enviar um comentário