Little Gidding
What we call the beginning is often the end
And to make an end is to make a beginning.
The end is where we start from.
[...]
We shall not cease from exploration
And the end of all our exploring
Will be to arrive where we started
And know the place for the first time.
T. S. Eliot
É um facto que a linguagem poética pouco me diz e que dificilmente consigo racionalizar as mensagens encriptadas em poemas. Sou uma pessoa da prosa e do escorreito das frases com pontuações pragmáticas. Mas, a par com os versos de Fernando Pessoa que a Mãe me mandava decorar na tentativa de me ensinar Português, há dois poemas, ou melhor três, que reescrevo constantemente nos cadernos da minha Vida: um é de Dylan Thomas e os outros do monumentalmente denso e hermético T. S. Eliot.
"Little Gidding" é, confesso, uma gigantesca odisseia interpretativa. Todavia, as estrofes finais sempre me fizeram sentido desde que as descobri há mais de uma década. "To arrive where we started and know the place for the first time": é ou não uma das dádivas maravilhosas que a Vida nos dá gratuitamente assim nós queiramos olhar para um lugar de chegada com os olhos de quem nunca tinha visto?
E, claro, "we shall not cease from exploration" porque, na sua infinda riqueza probabilística, a Vida é a hipótese em potência. Faz-me todo o sentido...