Mais um ano académico que se inicia e, novamente, as queixas do costume sobre os inúmeros desconfortos na/da Universidade: a crise de financiamento, a nada pacífica transição para os planos curriculares de Bolonha, o novo ECDU (Estatuto da Carreira Docente Universitária). Enfim, uma série infinda de problemas que afectam o sistema de ensino superior, as instituições em particular, corpos docente e discente e o difícil relacionamento com um ministério menos visível do que o da educação, mas igualmente autista e burocrático.
De facto, a força dos números tem que se lhe diga. Os professores do ensino elementar e secundário saem à rua e a coisa ganha dimensões titânicas e toda a gente sabe dos problemas e incertezas com que se confrontam. Nós, pelo contrário, não temos a dimensão numérica a nosso favor. Ademais, em termos sociais, somos considerados uma classe de gente privilegiada pelo que, dificilmente, conseguiríamos a empatia da sociedade envolvente quanto mais a sua atenção.
Gosto particularmente das tomadas de posição públicas do Reitor da Universidade de Lisboa. Já o ano passado lhe elogiei aqui o discurso de abertura do ano académico. Este ano louvo-lhe a demissão (que já desencadeou a do Reitor da Universidade Nova de Lisboa). É pena que o ensino superior e os seus dilemas não tenham air play. Valham os actos simbólicos que, pelo menos, e sem mudarem panoramas, têm o mérito das boas intenções.
Pobre academia num país com 10 milhões de almas que mal pode competir no exterior, que mal sobrevive intramuros.
6 comentários:
Trata-se de regular o mercado, nivelar a universidade pública pela privada... viabilizando o mercado livre da concorrência... são as dores de parto.
Estive há dias em terras gaulesas e achei curioso que as academias daquelas bandas queixam-se basicamente do mesmo. Falando com colegas italianos ou espanhóis, o panorama fica ainda mais negro: todos se queixam da massificação, dos custos de expansão, da concorrência, das dificuldades de gestão corrente face à escalada dos custos de manutenção do fixo e por aí adiante. Para tentar resolver isso as academias espanholas vendem mestrados como quem vende pipocas, e por aqui conheço mestrandos que não sei se seriam competentes para as vender, mas como pagaram...
Será que também neste sector não estaremos a sentir os problemas tipicos das grandes escalas e dos limites do crescimento ?
É verdade o que aqui se assinala dos docentes universitários não terem o tal "air play" que outras classes parecem ter, e não só pelo peso numérico, e que os tempos parecem não correr de feição.
E não sei se é só em termos orçamentais ...
Contudo, e como diz o Manuel Rocha acima, ainda há dias na Alemanha eram os alunos que protestavam, pasme-se, por um ensino de qualidade.
Vai-se a ver, anda tudo perdido! Tudo! A fundo como o Titanic, esse mítico navio que era infundável.
-Muitos dos problemas do ensino superior decorrem de problemas de financiamento. O valor das propinas é rídiculo, os casos de alunos socialmente desfavorecidos resolvem-se com apoios sociais, mas não faz qualquer sentido que os alunos que a breve prazo serão dos profissionais mas bem pagos do país sejam financiados pelo contribuinte.
Nem te digo nem te conto...
Pois eu como aluna primeiro do de uma instituição publica e agora de uma privada digo só uma coisa.
200 e muito euros pago eu por mês na actual instituição que frequento, pois ficas a saber que o professor que é também o presidente da instituição, e também é politico, das 64 horas que devia ter lecionado este dois meses deve ter dado certa de 32, mas eu continuo a pagar os mesmos 200 e muito euros por mês...Confesso que me sinto roubada.
Na instituição publica onde andei antes e onde tirei o primeiro curso, nunca mas nunca isto aconteceu, e foram 6 anos que por lá passei (sim que eu era calona e chumbei uma ou outra vez ;)
Mas regra geral compreendo bem o problema com que alguns porfessores do ensino superior se debatem...Os bons professores, aqueles que não estão ali para fazer cobres extra :)
beijos
Não se resignem ao estatuto privilegiado e à invisibilidade perante a opinião pública. Reajam. Juntem as vozes. Demitam-se em bloco. Combatam. Greve de fome. Greve de zelo. Percam a pose. Tudo é possível 'aristocrítica'.
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