16 de dezembro de 2008

Catarse


Demorei dias até chegar aqui ao blog com isto. Devia? Não devia? Mas, hey, a Blonde sou eu e eu sou a Blonde. Por isso, devia à Blonde o vir aqui porque a Blonde vive extra- e intra-blogoesfera.

"Casar nos papéis e não na vida".
Esta frase escreveu o Joshua aqui neste mesmo blog, comentando com a sua vida um post da minha a propósito de Duran Duran e das paixonetas da pré-adolescência. Sem o saber, resumiu tudo. O tudo absoluto que, afinal, é tão fácil, tão simples. Procuramos as circunvoluções da linguagem e, no fim, a simplicidade diz tudo. O tudo absoluto.

"Casar nos papéis e não na vida".
Foi isso. Foi tão somente isso. Daí a distância, a fragilidade, o naufrágio consequente, adiado, mas omnipresente, omnipotente porque só o naufrágio era a solução. Tão simples também entender que o naufrágio era a solução.

"Casar nos papéis e não na vida".
E papéis foi tudo o que restou. Tão pouco. Tão insignificante. Papéis. Papéis que vão amarelecer, esboroar-se até não serem nada. Porque do "casar nos papéis e não na vida" resta apenas o nada.
"Casar nos papéis e não na vida".
Acaba por nem sequer ser triste, nem feliz, é neutro, incolor e inodoro. Triste seria "casar nos papéis e nunca viver". Mas não é o caso. A vida descasa-se. E nem os papéis vão sobrar.

"Casar nos papéis e não na vida".
Lapidar, meu caro Josh. A catarse. Tão simples. Tão serena. Tão redutora e, no entanto, tão abrangente. É isso. A melhor frase para descrever, para escrever o divórcio de uma Blonde. Estava à espera desta frase. Invejo-ta, aproprio-me dela e com ela aqui venho porque a Blonde sou eu.

Feliz com a frase. Feliz com a vida.

17 comentários:

joshua disse...

Minha querida Blonde, fico feliz por teres simplesmente dobrado esse promontório. Já passou. Como é bom ter-se consumado o que já não era.

Mas fico igualmente feliz por te ter servido a tal frase* à tal catárse, espécie de epitáfio vital com que se recomeça. E tu agora... Sente-se bem a tua leveza livre.

É como se te sentisse a transparência incolor com a qual te revestes reencontrada e pronta a Viver.

Um Beijo!
joshua

*[que bem sabes me resume um acidente afectivo devastador com uma 'real and effective-striking shallow blonde']

joshua disse...

Dediquei-te esta κάθαρσις Die Katharsis.

antonio ganhão disse...

Os sonhos devem gravar-se em papel! É fácil rasgá-lo...

Blondewithaphd disse...

Josh,
So vielen, vielen Dank! Keine Wörter könnten im Moment sagen, was und wie ich fühle. Ich weiss Du bist hier für mich mit Deinen Wörtern, die ich so unbedingt brauche und benutze. Danke!

Blondewithaphd disse...

Implume,
Essa frase também é boa! Vai tudo parar aos papéis...

PRD disse...

Lembrei-me de um verso de uma canção de Sérgio Godinho:
"Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida..."

Abobrinha disse...

Blonde

Só agora li. Lamento muito.

É seguir com a vida agora! Porque és a Blonde, carago! E quem te levar e te apreciar vai certamente ser uma pessoa de sorte!

Bute para os copos!

António de Almeida disse...

Só me apetece desejar-lhe felicidades, não tenho mais nada a dizer, por agora...

Rafeiro Perfumado disse...

Não sei se te diga que lamento, se te diga parabéns por teres tido a coragem de avançar... mas depois ainda me insultas em alemão, optarei por apenas te deixar uma beijoca.

DANTE disse...

Ver (neste caso ler) alguém feliz , deixa-me de igual modo.
Obrigado :D

Jokas Loira Kum Kanudo :)

Tiago R Cardoso disse...

Devemos seguir o nosso caminho, somos nós que o fazemos.

Joaninha disse...

My Brave Blonde,

Embora continue embrulhada nos meus pseudo ataques de neurastenia pessoana, coisas típicas de uma desequilibrada e que me dão sempre no fim do ano, não estou desatenta já tinha lido o teu post, mas não queria comentar....

Mas agora aqui na minha "marquise/escritório" em total silêncio comento com uma frase do Peter pan.

To live is an awful big adventure :) é bom ver que a vives sem medo.

Afinal a regra de ouro é ser feliz, só assim fazes feliz quem te rodeia.

Mas eu estou muito chata uma autentica mula com cólicas...péssima companhia, e com um feitio horrendo, por isso deixo-te uma granda beijoca um abraço apertado e tiro-te o chapéu em reverencia Brave Blonde.

PS. Qualquer coisa que precises e que eu possa ajudar apita, a Carol tem o meu e-mail.

Anónimo disse...

Eu não sei se o conheces, mas anda por aí um traste que escreveu um texto que acho que se pode aplicar a uma Blonde.

Com a devida vénia do autor, vou transcrever recomendando que como som de fundo procures a música dos Fleetwood Mac que Bill Clinton usou na campanha (o fabuloso "Don't stop thinking about tomorrow") ...

Hoje Pequito apanhou com uma pedrada!
Daquelas que fazem bem à alma, revigoram o espírito e nos deixam deliciados.
Descobriu, fará agora sensivelmente um ano, uma amiga com quem primeiro aprendeu a trocar uns bilhetes-postais sobre o que lia e o que escreviam, depois já mais num registo informal uns galhardetes conspirativos …
Ousaria mesmo afirmar, sem ponta de dúvida, que topasse essa amiga fosse onde fosse, e era capaz de sentir um baque no coração …
Uma voz peremptória a segredar-lhe “é ela, é ela!”.

Senhora de créditos firmados no mundo em que se movimentava, tida já por uma das suas certezas e não uma esperança, erudita quanto baste, assertiva nas palavras, assim como ocasionalmente sibilina.
Pequito sabia que quisesse ela, teria o mundo a seus pés!
Porque existem pessoas assim, feitas de uma energia única, devotas a uma causa e à vida.
Aquela amiga era assim.

Iria certamente longe e chegaria o dia em que, apostava ele com os seus botões, a iria ver no pequeno ecrã, de corte clássico, a tecer fartas considerações sobre assunto de relevo.
Talvez até sobre os destinos da nação.

Por isso, hoje, quando viu as singelas palavras que ela tinha semeado, Pequito comoveu-se.
Lendo cada uma das suas palavras, o nosso homem sentiu-se suspirar e, quase em simultâneo, como se viessem até si as memórias que ali eram descritas.
Não sabendo sequer porquê, e por uma estranha associação de ideias, lendo-a era como se estivesse a “Reviver o passado em Brideshead”.

E ainda mais confortado se sentiu sabendo que mesmo na inclemência dos mares navegados, ela conseguia vislumbrar o farol da felicidade!


E quanto ao mais ...
You whistle, I do!

Abobrinha disse...

Moça

Estou mal porque "sequei". Não consigo fazer uma piada, não consigo dizer nada que ache tão interessante que te possa ajudar. Eu bem que estava à espera que aparecesse, mas não apareceu ainda.

Todos os disparates que escrevo e que me têm consumido sentimentos não são mesmo assim tão sérios como uma situação de divórcio, por isso não imagino o que estás a sentir. Mas suponho que o princípio se mantém: recomeça! Não tenhas medo! Este não era o teu principe, mas não são todos sapos.

Se quiseres conversar, manda-me um e-mail. Estás à vontade. E se algum tema te ajudar mais a sofrer menos um bocadinho, "encomenda" um post que eu escrevo-o.

Bolas... não fiquei nada contente com a minha resposta...

Nuno Raimundo disse...

Olá Blondie...

Lembra-te que o sol "renasce" todos os dias e com ele a esperança de que dias melhores virão...

Bjs

Joaquim Alves disse...

Se estás melhor assim seja então, alegro-me contigo!

De qualquer modo os papéis rasgados não têm importância, já os sentimentos magoados demoram tempo a serem sarados.

Desejo-te que os bálsamos aplicados sejam uma cura sem dor.

Abraço amigo

mdsol disse...

"Casar nos papéis e não na vida"... Síntese muito eficaz...
Obg pela visita lá ao branco no branco.
Estive por aqui com mais tempo e...voltarei muita smais vezes.
Entretanto... a vida aí está..
[sabe porque parei no seu blog? o nome.... um achado...]
Glückwünsche!