23 de abril de 2009

No Dia do Livro...


Outro Dia de... numa semana pródiga em Dias de... e eu nem gosto muito de Dias de... Porém, um dia dedicado aos livros, para quem vive, acorda e dorme com eles na cama no mais literal dos termos, acaba por ser um dia simpático.

Recolho esta frase do Gabriel García Márquez:
"Florentino Ariza esquecia-se sempre, e quando menos devia, que as mulheres pensam mais no sentido oculto das perguntas que nas perguntas em si". O livro: O Amor nos Tempos de Cólera.

Nem sei porquê a frase, nem sei porque a escolho como frase deste livro, para além da constatação da tortuosidade do pensamento feminino. E nem sequer poderia escolher este romance como um dos meus all time favourites. Mas o modo como este livro me veio parar às mãos é um pormenor tão delicioso, uma linha tão bem escrita no romance maior que é a vida de uma Blonde que o conto neste dia.

- Ó Dona X anda a ler este livro? Eu quis ir ver o filme mas não tive tempo e nunca li o livro. Está a gostar?
- Ai sim, Sra. Professora, é lindo.
- Então não me diga nada que pode ser que eu um dia o leia.
Esta tirada passada lá na universidade com a funcionária do bloco de aulas.

Semanas mais tarde, a Dona X aparece-me com o livro e entrega-mo.
- Ó Dona X mas eu vou levar muito tempo a lê-lo. Fique lá com ele que senão eu vou levar uma eternidade a devolvê-lo.
- Não Sra. Professora, pode levá-lo e fique com ele.
- Ficar com ele, Dona X?
- Sim, Professora. A minha filha deu-mo no Natal. Eu já o li e já sei a história, já não preciso dele.

É ou não deliciosa esta linha no outro e grande livro? E não é irónica e sábia?

Ah, e neste dia também gostei que, finalmente, a educação em Portugal passe para doze anos. Sinto-me como se o 25 de Abril se tivesse concluído hoje.

6 comentários:

Eu Mesma! disse...

Decididamente....
tenho que ler este livro!

mdsol disse...

Gostei muito muito do livro "Amor nos tempos de cólela". Já o li há tanto tempo! Mas, mal vi a referência ao livro lembrei-me logo da cena do sabonete! Como as relações se podem deteriorar! E como o amor pede durar! Enfin!

:)))

António de Almeida disse...

Aconselho-a mesmo a ler "o vendedor de passados", em Angola cada um procurando um passado nobre à medida da sua grandeza presente. Brutalmente irónico, gosto muito de ler Agualusa.

Patrícia Grade disse...

Oh minha linda loiraça cu canudo...

As histórias dentro da história da vida real são sempre tão melhores do que a ficção, não é verdade? Mais saborosas, mais suaves e doces... gestos que se cristalizam nas nossas mentes e que acabam por engrandecer aquele momento...

Admito que o Garcia Marquez nao é dos meus autores favoritos, mas tem uma dimensão literária tão grande e profunda que é difícil apenas amá-lo ou odiá-lo, temos de o ir saboreando aos poucos. Dele li o Cem anos de Solidão. Levei algum tempo para acabar mas à medida que me aproximava do fim, já tinha tal amizade pela família Mendía, que temia o momento em que o livro chegaria ao fim...

Quanto aos 12 anos de educação minha querida, temo que hoje se dê pouca importância a isso. Como em praticamente tudo nas políticas deste governo, o que é feito é mais para a fotografia e para as estatísticas que realmente para o bem de Portugal.
Olha, hoje ouvi um dos capitães de Abril dizer algo que para mim resume tudo o que penso sobre o que se tem feito no País desde 74 e os políticos que temos. Dizia ele que em Portugal não temos Democracia, temos uma partidocracia, porque se não fosse assim, não interessaria muito de que partido era este ou aquele deputado, este ou aquele autarca... um ministro do Governo não tem partido, é o ministro dos portugueses, pelos portugueses e para os portugueses e acho que é isso que governantes após governantes têm esquecido.
A nossa educação estará bem servida, no dia em que o país em peso tiver uma ideia clara do que quer fazer com a sua cultura, o que quer para os seus filhos - que sejam papagaios ou crianças curiosas e experimentadoras?

Bom dia do livro para ti... beijoca

Anónimo disse...

Eu sei que ia dizer qualquer coisa, mas não me recordo do que seja ... nem sei se era sobre o Garcia Marquez (entre ele e o Vargas Llosa vou por este), se sobre agora a Educação passar para 12 anos ... ai, seria o quê, que eu queria aqui escrever ... caramba, esqueci-me ... olha, vou mas é ouvir umas músicas daqueles tempos para te fazer alergia ... queres que te mande alguma?

Pedro disse...

vivê-la para contá-la, a história
(e a frase, pedi-a emprestada)