Ainda não acabei a biografia do Attenborough (entretanto alguém se encantou com o dito e eu mudei de leitura). Porém, ao ler estas memórias do John Simpson não deixo de notar os paralelismos com o Attenborough.
São ambos dinossauros da BBC. Testemunhas vivas de um tempo que evoluiu do pós-guerra até hoje. Homens que não se acomodam e que, conjurando a velhice que não escondem, seguem um caminho de adaptação ao meio actual. Não se querem reformar: nem um que, aos 84, anda neste momento pela Antártida a gravar um documentário novo, nem o outro que, pai aos 62, segue pelas zonas de guerra a documentar a insanidade do mundo onde o filho vai viver.
Leio o John Simpson e o que mais retenho é a sua insistente noção da adaptabilidade do ser humano. Ele, que já passou por tantas e diversas gerações, escreve como um naturalista pós-darwininiano. O Homem adapta-se aos tempos, às guerras e à paz, à escassez e à abundância e, sobretudo, adapta-se às mudanças inerentes ao seu percurso pela vida e os tempos da vida. Também escreve sobre um mundo de profecias orwellianas que já se materializaram na contemporaneidade sem que tenhamos dado conta. Não é o catastrofismo que Simpson anuncia. É uma visão crua, não obstante apaixonada, de um mundo perigoso com resquícios de paraíso.
Olho para ele e para o Attenborough que adoro numa paixão cerebral-visceral que me vem da infância e emudeço. Cada vez mais olho para a Vida como um caminho de enriquecimentos. Da juventude guardamos uma casca apenas, de resto a ignorância, a falta de vida, a falta de caminho, a irascibilidade que vem da força. Olho para eles na vida longa e sinuosa e agradeço a uma qualquer Coisa pela oportunidade do caminho.
3 comentários:
Esperemos que não seja mais um a querer conhecer o Sócrates. Uma boa proposta.
Vidas extraordinárias que merecem ser bem mais conhecidas que outras que por aí andam divulgadas até à exaustão, sem terem feito absolutamente nada. Mas enfim, são os valores da sociedade...
um e outro
fiquei curioso
para ler
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