5 de janeiro de 2011
Tristes teorias
Porque é que dizemos mais estando tristes? Porque nos inspira mais a tristeza que a alegria? Porque nos concentramos melhor em modo triste? Acho os génios tristes e desolados. As cartas de amor tristes são tão superiormente belas às outras, às tolinhas. Porque é que, estando alegre, não tenho nada de jeito para dizer? Também acho os poetas tristes. E tristes e trágicas as divas. Haverá heróis não-tristes? Didos, Ofélias, Cleópatras, todas tristes. Quanto mais não convoca o choro que o riso? E porque se escreve mais a tristeza que a alegria? É como não ligarmos à comédia e nos determos na tragédia. A tristeza pode ser eterna, porém a alegria é episódica. No fundo, no fundo acho a alegria mais enganadora que a tristeza.
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10 comentários:
Para mim são duas faces da mesma moeda, mas concedo que talvez a tristeza nos inspire mais, porque nos leva a pensar, ao passo que a alegria desfrutamos, sem pensar no assunto, como se fosse eterna, enquanto dura...
Concordo com o António de Almeida e acrescento que a tristeza nos provoca tal turbilhão de sentimentos, que sentimos necessidade de os "deitar cá para fora". A alegria também se baseia num turbilhão de sensações, mas sabemos lidar melhor com elas, o que nos permite "desfrutar". É difícil (mas não impossível)lidar com os sentimentos da tristeza. Escrever é, sem dúvida, uma boa solução.
Porque tens o fado na alma, porque és portuguesa dos sete costados...
Era eu muito jovem , naquela altura em que escrevia poemas e contos ( lembra-se? eu disse-lhe do tal médico que conheci estudante e, 40 anos depois,me perguntou"Aindas escreves?", coisa de que eu me tinha completamente esquecido ),e já ouvia dizer que as pessoas felizes não têm história... Mas não sei a origem do lugar-comum.
(Belo texto...será que saiu assim, por eventualmente hoje te sentires triste?)
A tristeza exige ser "vomitada" cá para fora,pois não condiz com a nossa natureza e não é conveniente que se acumule demasiado, senão envenena-nos...
Porque temos mais necessidade de purgar a alma diria eu....
por mais estranho que parece talvez seja uma forma de .... sarar...
Bom dia, Blonde ))
Mas que texto tão bonito! E, exceptuando este, com comentários à altura.
Um bom ano para si ))
Na alegria não nos detemos a escrever o que nos vai na alma, ela sai-nos pelos olhos, pelos poros, por todo o lado. Já a tristeza dá-se bem com a tentativa de compreensão e de purga do que nos pôs tristes, convidando à escrita. Digo eu. E não acho que seja enganadora...
eu fico-me pela alegria.
Não estou segura da teoria, mas sou testemunha viva da prática de que falas.
:))
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