8 de abril de 2011

Estará tudo bem...


Sim, acho que estará tudo bem enquanto, no meio do turbilhão que nos assola no colectivo, eu continuar, como ontem, a chegar a casa já noite feita, cansada, e cheirar a relva cortada no jardim que me cuidaram enquanto eu estava ausente. Engraçado como o nosso universo se mede por coisas tão prosaicas. Hoje de manhã saí para os afazeres também prosaicos de dona-de-casa que me aguardam à sexta-feira. O cheiro a relva cortada permanecia no ar. Fresco na sombra da manhã borrifada de orvalho. Penso como precisamos de tão pouco para ser felizes. E, no entanto, este pouco é, só por si, um enorme privilégio, uma raridade, um muito. Penso nos japoneses fustigados pela catástrofe, nas pessoas sufocadas neste país à deriva e governado por celerados e penso que estamos todos presos por cordéis. Basta um nada para tudo se desmoronar. Talvez precisemos de tempos destes para nos apercebermos do que temos e do que somos. Por mim, dou graças e peço para que este cheiro a relva cortada neste meu mundo murado permaneça sempre no ar. E peço a lucidez para nunca me esquecer de apreciar o quanto coisas mínimas destas são tão gigantes ou como me fazem feliz.

No resto, peço para ser a Mulher que tem conseguido manter este mundo de relva aparada tal como ele é...

3 comentários:

Dias as Cores disse...

...sim, procurar manter e saber apreciar as coisas pequenas e felizes do nosso mundo, mas apesar dos muros à volta deixar um portão para alguém que queira entrar e sair!

Turista disse...

Querida Blondewithaphd, cada vez mais, dou importância aos pequenos nadas da vida, como o cheiro a relva cortada que também adoro...
Beijinhos e bom fim de semana :)

João Afonso Machado disse...

Nubiat iustitiae consumatum est