Recomecei a ler as Notes from a Small Island do Bill Bryson e nunca me fizeram tanto sentido. Dou por mim de caneta e marcador na mão a sublinhar e comentar o livro e as passagens dos sítios por onde ele andou e por onde eu já andei também.
Adoro a escrita dele. Quando fui à Austrália, o livro que li no avião foi o Down Under. De outra vez, em Creta, li o Neither Here nor There, que continuo a achar o seu melhor livro de viagens e que é o seu périplo pela Europa (adoro, sobretudo, a parte alemã no que tem de irresistivelmente cómico). Na cama em Casa li o Mother Tongue que, não sendo um livro de viagens, acaba por ser a grande viagem da diáspora da língua inglesa pela História e pelo mundo. E comprei agora o mais recente, At Home, uma viagem pelos utensílios e coisas que têm feito o quotidiano da vida humana. Ou seja, basicamente tudo o que ele escreve eu adoro devorar.
Não sei porquê, mas há algo na escrita de viagens em Inglês que empresta a este género literário um carácter especial que não encontro em mais nenhuma literatura de viagens noutras línguas. E gosto, sobretudo, de quem escreve a viagem de forma despretenciosa, como um hábito e não como um luxo na arrogância de "eu viajo e tu lês o que eu escrevo sobre onde eu estive e tu não". Detesto o viajante soberbo. O viajante que não vê o detalhe, que vê o sítio como um ponto que existe só para: estive aqui.
Há uma máxima que diz: "to travel is to kill places". Concordo porque vejo as pessoas que viajam na voracidade da fotografia. Vão e já está. O Bryson é tão nada disso...
3 comentários:
Ramalho Ortigão, Ramalho Ortigão...
Nunca fui grande leitor de livros, de cadernos de viagem, de roteiros gastronómicos e tutti quanti… também nunca fui lá muito com o Homero, com o Gulliver, nem com o marco Paulo (não estou me referindo ao pimbalhão) :p
Por acaso li (mais por insistência e porque me emprestaram que por vontade) neither here nor there: travels in Europa e “a short history of nearly everything “.
O primeiro é uma plêiade, para não dizer uma diarreia, de estereótipos, de clichés baseados em lendas e de mitos urbanos. O humor não apaga a pacóvia e a incultura. Na boa, levo mais de duas décadas viajando pelo mundo... Sai do meu norte natal enganchado às traseiras de um camião com um saco cama na mochila. Da fome à opulência... dos InterRail aos charters e às first class... dos bancos públicos aos king size bed... o gajo não sabe do que fala... e como sempre só os idiotas vendem bem.. :))
O segundo, ora pois, num sou cientista :)... Bem, fiquei a saber que quando a elite feminina aspirja Chanel n°5 espalha sobre a pele remanescentes indigestes... o âmbar cinza é concreção que se encontra nos intestinos do cachalote... rejeitada da coco chanel... amazing :) Também fiquei a saber que o peso de um travesseiro velho de 5 ou 6 anos é composto por metade de peles mortas, de ácaros e das suas dejecções... digno de um premio nobel de biologia com a antiga quarta classe :)
Bom, o gajo fala do que quer e como quer... Freedom of speech...Usa o sarcasmo, o humor para se dar uma de superior… na realidade in my opinion não passa de palhaço ignorante... ainda bem que não gastei os meus tostões.
"...uma viagem pelos utensílios e coisas que têm feito o quotidiano da vida humana..." Blonde, descobrindo os afazeres quotidianos de uma dona de casa. Certos livros precisam da nossa maturidade para serem lidos.
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