7 de março de 2012

Ainda a carta do Attenborough

No meio da ansiedade que o cadafalso sempre me provoca, a carta do David Attenborough foi um momento desconcertante. Jamais pensei que ele me escrevesse. Acha-me eloquente e eu penso que, ao fim destes anos todos que são a minha vida toda a admirá-lo, ele achar-me eloquente é mais do que eu alguma vez podia sonhar.
Imagino a casa dele em Richmond, de onde ele me remeteu a carta, e vejo-o a endereçar o envelope que aqui me chegou. Vejo-o tirar papel de carta timbrado com marcas de água e começar a escrever-me aquelas letras corridas a tinta permanente.
Não foi um mail que ele me mandou, foi uma carta à antiga e o tempo que dispendeu nela torna-me humilde pela atenção que lhe mereci. O homem que eu mais admiro na Terra acha-me eloquente e eu não tenho palavras. Agradeço-lhe tanto o tanto de tudo e leio, ao invés, que me agradece. Estou feliz que ele saiba do que sinto, do que ele é para mim. Mais feliz ainda do que ter recebido as palavras dele.
Levei comigo a carta quando fui de manhã ao cadafalso que, afinal estava vazio e eu talvez ainda não tenha percebido que o medo flui e reflui e que talvez seja eu a anfitriã do cadafalso e não a vítima. Estão na minha carteira as palavras do Attenborough e, por enquanto, essa proximidade é-me querida.

Thank you, Sir David. Speechless and overwhelmed as I am, I thank you inasmuch as I admire you. The wait was sweet in its reward and unspoken words will not haunt me to my grave.
Thank you.

4 comentários:

mfc disse...

E quem não se sentiria honrado por ter merecido a atenção desse ser único?!

Cristina Torrão disse...

Que bom!

E olha, eu não sou o Attenborough, mas tenho um selinho para ti no meu blog ;)

CNS disse...

:)))

Dias as Cores disse...

Os fantasmas são assim, só nos deixam ter visões deles. Na hora da verdade somem-se...
Quanto à carta de um Sir, tb gostava de ter uma na carteira, mas a minha seria de Sir Paul McCartney!