17 de outubro de 2012

Sobre a educação cara do Ministro e de nós demais

Achei o máximo que o nosso excelso Ministro das Finanças, que segundo António Borges é uma sumidade tal que é uma sorte tê-lo, tenha vindo dizer que é Ministro para poder pagar ao Estado a sua enormemente cara educação.
Vejamos:
Licenciou-se na Católica, que, por acaso, é privada.
Depois tirou o Mestrado e o Doutoramento na Nova. Ora, palpita-me que quando andou a escrever as teses, ele ou os pais, seriam contribuintes do Estado Português. E dessas contribuições saem as verbas que nos permitem a manutenção do ensino público. Que eu saiba também, as próprias das faculdades têm mecanismos de angariação de receitas próprias que não são, por conseguinte, dinheiros directamente advindos dos bolsos dos contribuintes. Na consequência enviesada das palavras do Ministro eu também deveria ser Ministra para pagar a este país o investimento na minha caríssima educação.
Vejamos:
Licenciei-me, "mestrei-me" e doutorei-me na Nova, logo sou filha do ensino superior público português. Ocorre, porém, que o meu rico paizinho contribuiu para os sistemas de impostos alemão e português e na Alemanha eu estudei numa universidade privada com uma bolsa do Estado alemão.
E enquanto me licenciei aqui, o meu rico paizinho pagou generosíssimos impostos. Depois quando já marrava nas teses, paguei eu impostos sobejos para a tal da minha educação caríssima uma vez que  durante esse tempo nem auferi de serviços do SNS nem do sistema judiciário, o que me fazia uma cidadã relativamente barata.
Ocorre ainda que nos tais de mestrados e doutoramentos, mesmo em universidades públicas, se pagam propinas. E ainda mais ocorre que, no sistema pré-Bolonha, que era o que vigorava às datas em que eu e o Ministro andámos a fazer teses, não tínhamos propriamente aulas. Havia umas quantas reuniões periódicas com os orientadores e depois cada um ia à sua vida. Não sei, portanto, que coisa tão exorbitantemente cara tenha sido a nossa educação.
A mim ninguém me pagou idas a conferências, material pedagógico ou outros apaniguados, talvez que ao Ministro o tenha o Estado feito. Eu não beneficiei de sabáticas e/ou dispensas de serviço, mas talvez que o Ministro tenha tido o ordenado pago enquanto escrevia as teses ao abrigo da comodidade das legítimas dispensas para tese. Mas enfim, e afinal, eu sou uma doutorada loura e bimba, e o Senhor Ministro é uma sumidade que é uma sorte. O Estado agradece-lhe a abnegação e a coragem de ser titular de um cargo tão impossível nestes momentos tão mais impossíveis. Eu deverei ao Estado eternamente, ingrata que sou, imerecedora que sou, e tão, mas tão, apagada que sou intelectualmente.

5 comentários:

Guilhim disse...

Mas que não seja por isso! Ficava mais descansada com a Blond no governo! Por isso, e para o caso da consciência pesar, acredito de 90% da população portuguesa não se oporá a que exerça funções ministriais!!

Ältere Leute disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ältere Leute disse...

BRAVO ! Aqui está a "loirinha" que eu conheci...

A.B. disse...

Talvez o homem tenha sido mal compreendido. Talvez ele quisesse dizer que a sua educação nos está a saír cara...

Anónimo disse...

Andámos a pagar a educação de um atrasado mental e depois deu isto..