Rarissimamente concordo com o Henrique Raposo, mas desta vez até lhe reconheço razão. Portugal tem excesso de universidades e politécnicos e isto pulveriza não só a oferta como a qualidade da mesma. Pior, ainda, é que, num momento em que se discute a "refundação" do Estado Social, as boas universidades levam os mesmos cortes cegos do que as "outras", as que têm cursos que não interessam a ninguém, as que têm corpos docentes menos qualificados, as que têm alunos menos bem preparados no momento de ingresso e demais etcs. Não é porque eu faço parte de uma das melhores, senão da melhor, universidade do país que me arrogo esta sobranceria, é porque, francamente, não percebo quando se diz que temos, neste momento, a geração mais qualificada de sempre. Parece-me, sim, que temos a geração mais certificada de sempre, que é algo completamente diferente. E esta geração é fruto de uma Macdonaldização do ensino que se instalou aqui nas últimas décadas.
Entendo que Portugal, como é hábito, estava na dita cauda da Europa no que toca à formação/educação dos seus cidadãos, mas esta cogumelização da Universidade só veio fazer número, não trouxe grandes mais-valias. Estamos, pois, perante um cenário em que a estatística se sobrepõe ao bem último que seria a efectiva qualificação das novas gerações. E agora quem vem pôr ordem na casa com o menos sangue possível?
Aqui.
2 comentários:
Trocámos a democratização do ensino pela massificação do mesmo.
Sempre me pareceu má ideia "democratizar" o acesso ao ensino superior colocando uma Universidade à porta de cada aluno.
Quando regressei a Portugal, em 1997, fiz uma reportagem sobre o assunto. Quando eu colocava aos jovens em idade liceal a questão, a maioria parecia ter vontade de me comer.
Foi só mais um dos erros do 25 de Abril. Os portugueses foram demasiado mimados e o resultado está à vista. Agora pagamos todos...
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