20 de fevereiro de 2013

Atonement-Expiação

Comprei o livro há uns anos em Londres. Outro livro para o tempo livre que não tenho, para as boas intenções que não se materializam, para a velhice em que espero ler as centenas de livros que vou comprando por necessidade, por gosto, por não saber viver sem comprar livros. Nunca li mais do que os primeiros capítulos. Pu-lo primeiro em cima da mesa de cabeceira. Prioridade urgente. Depois passou para a estante do quarto em frente à cama. Prioridade não urgente. Depois passou para a banqueta aos pés da cama. Ressurreição precisa-se. E aí tem estado. Por sorte nunca o remeti à biblioteca: a terra onde descansam os livros lidos, os livros herdados e aqueles que não passam de intenções.
Este fim-de-semana vi o filme. E eu sei que não se deve ver um filme sem antes ler o livro. É uma destruição de intimidade. Uma traição ao potencial criativo que um livro encerra para cada um dos seus leitores. Quando retomar a leitura já vou com as caras pré-feitas, os cenários, as roupas e as cores. Enfim...
Ainda pensei desistir do filme. Afinal, que poder não temos com um comando? Perseverei e ainda bem que o fiz. Lembrei-me da Tante Ruth, a minha única tia sobrevivente da Guerra. Pensei em toda essa geração pela qual nutro uma admiração para lá do respeito e das palavras. Gente que realmente viveu e impediu que nos aniquilássemos. Gente com um passado e que o soube superar, caminhando em silêncio ao seu lado. Gente que estamos a perder, como perdi a Tante Henny. O que pensarão de nós as gerações que assistirão à nossa velhice? Que respeito terão pelas nossas tragédias pessoais e a experiência que carregamos?
No final, apeteceu-me repegar o livro. Reviver as caras, as cores, os cenários e as roupas. Sobretudo, apeteceu-me ler as palavras originais e fazer delas pensamentos que não passam pelo filme.

2 comentários:

Anónimo disse...

Também não gosto de ver um filme antes de ler o livro.

Smelly Cat disse...

O filme está muito bem, mas o livro é bem melhor. Houve muita coisa cortada na adaptação. Vale a pena ler!