Detesto o Dia da Mulher porque a mera existência de um dia destes significa o paternalismo de uma sociedade longe de igualitária. Há um Dia da Criança mas não um do adulto. Há um Dia do Trabalhador mas não um do patrão. Há um Dia da Mulher e não um do homem.
E depois é neste dia que nos lembramos das penalizações que temos só por sermos mulheres. Os salários mais baixos que recebemos, os telhados de vidro que nos impedem o topo, a maternidade que nos tolhe a carreira ou a carreira que nos tolhe a maternidade, as escolhas que constantemente temos de fazer, a acumulação da domesticidade com o emprego, a violência e o abuso. Anseio por um dia em que este dia não seja necessário. Espero que a minha sobrinha por nascer já não precise de um dia destes.
3 comentários:
Mas se este dia servir para lembrar tudo isso, ainda que seja uma infeliz vez por ano, já serviu para alguma coisa. As efemérides servem para isso mesmo: para lembrar o que devia ser recordado todos os dias.
E sim, é um sinal de uma sociedade paternalista. :)
É isso mesmo: o facto de este dia existir é um lembrete, para muitos incómodo, de todas as desigualdades que ainda existem entre homens e mulheres. Mesmo nas sociedades ocidentais, onde tantas vezes se pensa que a luta está feita.
Ansiar para que um dia o Dia Internacional da Mulher se torne obsoleto (ainda que ache que esse dia infelizmente vem longe)
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