Lento. Pouca vontade de coisas do intelecto ainda que os deadlines estejam a tocar. No fresco da Casa ataco as miudezas restantes da nova decoração. Poucos traços já da Casa que foi da Mãe, os indispensáveis para que a Casa e eu não sejamos mais órfãs Dela do que somos. Sem traços já da casa que foi durante o meu não-casamento. Sobretudo, sei que foi a Casa da Mãe, como quero que seja minha e depois de mim dos meus sobrinhos, algo de nós há-de restar. Há, porém, um vácuo de infelizes poucos anos que, esses mais que todos os outros, quero ver expurgado. Aos poucos chegarei à não-existência deles nem no pensamento. Para já, as paredes que o silenciem. E sim, está a ficar pronta para que lhe escreva novas páginas de novos e impercorridos capítulos. Acrescento pedaços de passados ainda mais longínquos que os da Mãe. Coisas e loisas que me trouxeram aqui e Aqui onde gosto cada vez mais de estar e de ser. Passados que me não traumatizam e que me são raízes.
Antecipo o bom nesta Casa que já me foi jazigo e fantasmas soltos que me traziam aqui a escrever catarses para os afugentar. Ainda cá os há, nem a Casa seria a mesma sem eles, como não há casa que casa seja sem eles. Há uns que sei que vão cá ficar para sempre, os outros são como as paredes: hão-de levar com tinta até desaparecerem de vez. Vai ser bom. Sei.
3 comentários:
Que bem eu conheço essa(s) travessas e esses pratos...
Agosto segue penoso...
Gosto de lê-la e admiro o modo como recorda a sua mãe ligando-a à casa e ao dia-a-dia, com uma facilidade de escrita invejável.
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