5 de fevereiro de 2015

Agora deixei de existir

Acho que, afinal, em vez de um processo contra o Estado Português vou meter dois. A gaita é uma pessoa habituar-se...

Cenas da vida em cidadania na Conservatória do Registo Civil onde a cidadã se deslocou para proceder à emissão de novo Cartão de Cidadão com mudança de nome depois de seis anos no tribunal para se divorciar:

Funcionária 1, segurando o Cartão de Cidadão da cidadã - A Senhora tem a certeza de ter este nome?
Funcionária 2, olhando para écrã de computador - Não encontro. A Senhora não consta.
Funcionária 3, com ideia brilhante - A Senhora não tem, por acaso, assim, uma certidão de nascimento em papel daquelas já velhas?
Funcionária 1 - Vá ali para aquela secretária que vamos procurar noutro computador.
Funcionária 3 com a cabeça a deitar fumo - Tem de haver um código.
Funcionária 2 - Não há código nenhum, passe-me aí o cartão da Senhora. (minutos depois) Não, não consta.
Funcionária 1 - Isto já deu nas notícias. Até deu no telejornal.
A Cidadã - Não vejo notícias.
Funcionária 1 - Ó Funcionária 3, ajude-me aqui.
Funcionárias 2, 3 e 1 em busca da Cidadã perdida zaranguilhando nos computadores, três guichets ocupados com a Senhora que não consta e um povaréu a impacientar-se.
Funcionária 3 - Olhe, a Senhora não existe.

E assim é. Não existo. Deixo o Registo sem saber quem sou, de onde sou, como me chamo ou que idade tenho. Sou um holograma, só pode. Ficaram de me ligar quando me descobrirem.
Aguardo...


2 comentários:

Dalma disse...

Bom, eu esperei 8 meses (!!) que conseguissem juntar à minha cara o meu verdadeiro nome! Acho que só se resolveu depois de um dia,já com toda a minha paciência esgotada, ter tido a brilhante ideia de pedir o Livro de Reclamações. Dias depois, 3 ou 4 tinha por fim o meu CC e pela tarde um telefonema de algures a pedir-me desculpas pelo sucedido!
Experimente o LR.

vendedor de ilusão disse...

Se a ti serve de consolo, digo que aqui as "coisas" não são nada diferentes.