4 de setembro de 2016

Dia 2: Fazer-se à estrada

O ano passado, ao fim de três dias em Miami estava inquieta e morta por me fazer à estrada. Há qualquer coisa de libertador na perspectiva da estrada aberta sem destino fixo. Este ano não me detenho em Houston mais do que as horas estritamente necessárias a dormir e acordar. Quero desaparecer da civilização e da cidade grande. À estrada! E ao grande espaço aberto americano!
Há uma tempestade furiosa à saída de Houston (mal sei eu o que são tempestades furiosas, saberei mais tarde...). O calor abrasador nos seus quarenta e tal graus cede à chuva pesada do aguaceiro forte que cai como se vomitasse água. Vejo trucks e motards recolhidos debaixo de viadutos vestindo impermeáveis ou cobrindo com plásticos os pertences e mercadorias nas caixas abertas das carrinhas. Percorre-me a adrenalina boa que me diz aos ouvidos "Estás na América!". O medo da estrada cheia de água não se compara ao entusiasmo de que é na estrada que estou e é na estrada que quero estar.
E, de repente, a tormenta foi-se e a estrada segue sob o sol e o calor do imenso Texas como se não tivesse havido um interregno molhado e cinzento. Sol, chuva e estrada. Inspiro e sigo e vejo o tudo que há para ver.


1 comentário:

Dalma disse...

É essa América de estradas sem fim cujas bermas parecem tocar-se num horizonte longínquo! As bermas que são obviamente paralelas tornam-se retas convergentes num ponto que nunca atingimos.
Há uns quatro anos na Geórgia apanhamos um ramozinho de um furacão depois desmentido, na rádio, como tal, mas de facto tudo voava à nossa volta e não gostei!

http://noareeiroeporai.blogs.sapo.pt/2012/02/26/