Em San Antonio há que ir ao Alamo tentar perceber o porquê desse mito no imaginário americano. Não era coisa que me interessasse sobremaneira. Não me diz muito o fanatismo do The Alamo mas percebo o dirá aos americanos. O Alamo é a corporização do espírito da América, a derrota que se faz vitória moral, a reescrita da História para glorificar e criar heróis. A cada passo que dou por aquele espaço de sacralizações em nome do sonho de criação de um país, parece que oiço o mantra que erigiu a América. "Never surrender. Never give up". É isso que é o Alamo, o epicentro cosmogónico da América.
Hoje, não passa de uma atracção turística, um circo onde convivem profetas dos últimos dias que nos pedem o abandono do capitalismo, do consumismo e da cupidez, hordas de turistas como eu para quem o Alamo é uma mera curiosidade e americanos em busca das origens, das selfies e da parafernália de souvenirs de fancaria que dizem que "eu estive no Alamo!". Também eu trouxe um pechisbeque qualquer que diz que "Eu estive no Alamo!".
No final, tive a mesma impressão que há anos me causou a Estátua da Liberdade: o espaço mítico há muito que deixou de existir para ser substituído pelo espaço turístico. Vi, está visto é a infeliz sensação que levo daqui.
1 comentário:
Também acho que há lugares que deixam de ser míticos, tudo depende, penso eu, de quanto profundamente conhecemos a história desses lugares, ou se os conhecemos por apregoados como lugares turísticos! Lembro-me de quando estive no Memorial de Lincon, W. DC e da multidão subindo e descendo as escadas e a desilusão que senti. Depois descobri o pequeno museu na parte térrea, apenas fotografias e o som vibrante do discurso de Luter King "I have a deram"! Voltei ao cimo das escadas, esqueci às multidões de hoje e tentei focar-me nas do passado e senti que para mim se tornou um lugar mítico. Refleti no entanto no que sei/vi nalguma América e concluo que o sonho de LK ainda não é uma realidade. Não conheço o Texas mas penso que é um desses lugares...
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