Quando eu era pequena vestiam-me com roupas tradicionais ao Domingo e por graça. Um dia, estava eu nesses preparos a brincar num jardim, um fotógrafo viu-me e pediu à Senhora Minha Mãe para me tirar umas fotos. Era fotógrafo de uma revista chamada Eltern (Pais) que, por acaso, ainda existe. E lá saiu na capa esta Blonde de quatro aninhos, caracolinhos e vestidinho com florzinhas, blusinha com mangas de balão e aventalinho branco com rendinhas. Sempre tive uma adoração por roupa típica alemã. Acho que me vem dessa idade.
Aqui em Portugal, ninguém ousa vestir roupas tradicionais a não ser num rancho folclórico. É uma coisa pirosa, antiquada, em suma, uma vergonha. Na Alemanha, não é bem assim. Talvez tenha algo a ver com um certo orgulho pátrio, um sentimento de pertença que não renega nem tradições nem passados. Gosto disso, desse desassombro pela cultura legada geração atrás de geração.
Andei a namorar uns quantos vestidos para trazer mas, como se diz, caí na real. Afinal, que uso eu iria dar a um vestido típico alemão aqui em Portugal? Só se fosse para me mascarar. Mas os chamamentos são o que são e acabei por comprar umas sabrinas modernas da colecção especial de Outono para a Oktoberfest. E bem à maneira bávara têm bordado dentro do coraçãozinho na biqueira, uma Edelweiss e a palavra bávara para "querida", Spatzl. Sim, que os bávaros não falam alemão.
Não trouxe o vestido, mas trouxe umas sabrinas do mais "à laia de tradicional" possível. Estão fartas de correr caminho aqui por Portugal...
1 comentário:
Há muitos anos (1974) vivi por algum tempo em Saltburn-by-the-Sea, (North Yorkshire) e lá era costume ao domingo vestirem-se com vestidos da época vitoriana, senhoras, crianças e cavalheiros também. Era adorável ver bebés naqueles carrinhos de rodas enormes, vestidos com toucas de renda tal como as mães!
Este ano estive lá, voto de anos a anos, mas não era domingo e tantos anos depois não sei se esse romântico uso se mantém.
Enviar um comentário