Entramos no primeiro café que apanhamos em Landsberg para nos hidratarmos. O calor está como é o calor bávaro: insuportável. Peço águas e uma Apfelstrudel e é só quando me sento na esplanada que reparo em palavras familiares que não são as que ando a falar por estes dias. Leio "arroz de marisco" sem que o meu cérebro se aperceba do Português. Apenas acho estranho que sirvam arroz de marisco num sítio destes tão longe do mar e do Sul.
É só quando vejo a tabuleta de "Serviço ao Balcão" que me dou conta do prodígio: eu estou a ler Português num café à beira do Lech. Viva Portugal! Raça de gente aventureira espalhada pelas quatro partidas do mundo. Venho a descobrir que a dona do café é alentejana de gema e acho piada a comer uma típica Apfelstrudel num café alentejano em plena Romantische Strasse. É um pensamento agradável (bem mais do que o outro que trago na cabeça e que ocorre sempre e porque há um passado aqui que jamais se esquece, que tentamos não nos importune mas que nos importuna. Não comento com o meu marido nem com os nossos padrinhos que aqui em Landsberg foi onde o Diabo escreveu um livro maldito antes de queimar livros benditos. Não trago essa memória à oralidade verbal que lhes macularia a impressão bonita de Landsberg. Dir-lhes-ei mais tarde e em passagem porque também não quero que descubram e me digam que não lhes disse. Porém, não lhes digo, não agora e não aqui. Mais tarde...).
1 comentário:
Não sei bem porque é que os portugueses emigrados e que gerem a gastronomia portuguesa desses sítios insistem e escrever “chorizo” em vez de CHOURIÇO. Por mais que uma I vez, pelo mundo das Américas vi assim escrito, à espanhola! Vi-o no Cabo Cod (Fallriver) em Montreal(Quebec) e da última vez na margem sul do Tâmisa, na meia duzia de lojas e restaurantes logo à saída da estação de metro de Vauxall. Apetece-me sempre fazer um reparo... o meu marido não deixa!
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