25 de maio de 2019

Na catedral de Sevilha em busca do que não está lá

A ingenuidade faz-nos, muitas vezes, fazer figuras ridículas.
Da primeira vez que vim a Sevilha, a catedral foi logo das coisas que tive de ver para início de jornada. É imponente, como se esperaria de uma das maiores catedrais do mundo e a maior de estilo gótico. Não espanta a sua atribuição UNESCO como património da Humanidade. Lembro-me de ver o túmulo de Colombo que achei horrível na sua cor negra e estilo pesado e algo lúgubre e, de resto, lembro-me, apenas, de os meus olhos a verem na similitude a outras catedrais de imponência e magestade. Desta vez, a Páscoa, que por estes dias se celebra, torna a catedral uma inacessibilidade. Filas de turistas dão a entender as horas que terei de esperar à chapa deste sol de Abril para ver repetições e evito a entrada principal. Prefiro uma das capelas secundárias deste colosso religioso e entro para um breve recolhimento mais do que uma passagem turística. É nessa capela lateral que, vendo um segurança da catedral, dele me abeiro a perguntar se, dentro deste monumento, existe alguma imagem da Virgem Macarena, santa de especial devoção sevilhana. Olha-me em observação entre o incrédulo e o paternalista pela parva da turista loura que ousa semelhante questão.
- Sabe onde posso encontrar uma imagem da Virgem Macarena? - pergunto no meu eu mais ignorante e desejoso de informação, pensando que haverá semelhante imagem nesta catedral de múltiplas virgens e santos.
- Na igreja da Macarena - responde atónito.
- E onde é isso?
- Na Igreja da Macarena - afirma em total e absoluta secura, dando-me, nesse súbito momento, o lampejo que me ocorre no cérebro acordado para o facto de que eu sou uma parva pois, naturalmente que tem de haver uma igreja, Igreja, da Virgem Macarena.
- E onde é isso?
- Aqui.
- Sim, aqui onde?
- Aqui, em Sevilha - continua, seráfico.
Só quando lhe pergunto como, qual o caminho para lá, é que se condói de mim e da minha santa ignorância e, fazendo-me um cristão favor, indica-me o caminho avisando-me de que a Igreja da Macarena é "muito" longe da catedral. Não faz mal. Eu sou turista e os turistas fartam-se de andar. Nessa andança, descobrirei que, afinal, a Igreja da Macarena não assim tão distante da Catedral de Santa Maria da Sede, essa outra virgem. Ou seja, vim à catedral saber da Igreja da Macarena. ele há coincidências destas na vida de um turista.

1 comentário:

Dalma disse...

A última vez que estivemos em Sevilha foi há alguns anos. Como está a menos de 300km do Areeiro, vai sempre ficando para quando houver menos tempo! Realmente, além da imponência da Catedral ficou-me bem presente a imponência daquele altar em prata, da prata vinda do Peru...
Como fomos fora de época (talvez agora já não haja fora de época!) não tivemos fila a suportar... agora talvez já fosse difícil, com os anos vamos ficando cada vez menos capazes de as aguentar... lá vai o tempo que de pé firme a elas nos sujeitávamos, para mostrar algo de importante aos filhos!

Dalma ( de Cortina d’Ampezzo, com 5°C e quase sem gente nas ruas!)