7 de maio de 2008

The Cry of the Desert


I love the desert.

More than the sea, I love the desert. More than the green of a fertile landscape, I love the barren browns of the desert. It's a seduction, an irrational, passionate love. I love the desert because... and the because says everything.

I once heard that in the silence of the desert you can listen to your blood run in your veins. I tried once to listen to my blood. I never could. In the desert I listen to my thoughts. It's incredible how thoughts can be audible. They are.

The desert is you. The desert is the experience of transcendence. Prophets came from the desert. The desert is a rite of passage to some kind of knowledge, the purification of sin, the letting go of self or self-discovery.

The desert is Purgatory on Earth. The place of human suffering even if there's no sin to repent for other than the sin of poverty.

I bought National Geographic today because it was about the Sahel. I thought about the Great Sahel, the trans-African desert, I forgot that the greatest, most horrid experience in human agony is in the Sael. I forgot about Chad and the Darfur. How could I? How could I, coming from my rich world in Europe, forget about that? How could I just think about my own desert, my own pleasurable experiences, my... my... my... The truth is I did, I did forget that.

This is my Act of Contrition.

19 comentários:

antonio ganhão disse...

Muito poético! Mas no deserto não se consegue respirar: não tem árvores... ;)

Peter disse...

"O deserto somos nós"

Agora, na solidão da casa, eu falo comigo. Falo com a minha consciência e obtenho resposta:

Paz de espírito.

António de Almeida disse...

-Eu vivo no deserto, segundo o profeta Mário Lino!
-Mais a sério, adorava experimentar algo do género, já estive em Marraquexe, subi parte do Atlas, atravessei em direção ao deserto, mas era ir e voltar, aquilo entre aquilo e nada, pouca diferença existia. Gostava duma experiência mais extrema, pode ser que um dia destes...

Blondewithaphd disse...

Antonio my man,
No trees but strong winds!

Blondewithaphd disse...

Dear Peter,
Nesse aspecto também concordo contigo. Nós somos um deserto bem mais incomplacente que os do mundo geográfico.

Blondewithaphd disse...

Dear Antonio de Almeida,
Não se liga a falsos profetas!
Quanto ao outro deserto, é como em tudo: ama-se, odeia-se, assim assim. Eu estou no primeiro grupo mas não espero que os outros sintam o mesmo. O Atlas é lindo, Marraquexe vale pela Djemaa el-Fna, é um aperitivo bom para o deserto. Força aí!

Carol disse...

Nunca estive no deserto e lamento-o imenso, porque me sinto atraída para ele como se ouvisse um chamamento. Penso que será o sítio certo para nos encontrarmos a nós próprios.
Um dos meus filmes de eleição é o Lawrence d'Arábia (já o vi umas dez vezes!!) e é-o precisamento pelo fascínio que o deserto me desperta.

Infelizmente, nós andamos embrulhados no deserto que é o nosso casulo e esquecemo-nos, inúmeras vezes, do sofrimento dos outros. Não és a única!

Contacte-nos disse...

Li o post e lembrei-me de uma foto que tirei em Baharia, publico-a no meu blog, o meu comment.

alf disse...

no deserto serenam todos os ruidos e podemos então sentir-nos com toda a limpidez. Nada é tão pleno de nós como o deserto.

Blondewithaphd disse...

Dear Carol,
Excelente imagem essa do casulo-deserto em que vivemos, eu diria que é também a nossa aridez interior.
Também gosto do Lawrence da Arábia mas nunca tive a paciência para o ver todo de uma vez:)

Blondewithaphd disse...

Dear John,
You're a peach:)

Blondewithaphd disse...

Dear Alf,
Subscrevo, concordo e corroboro!

joshua disse...

Ainda estamos todos na idade da retórica, e o deserto é tudo isso que dizes. Desfazem-se as amarras e o Deus Uno irrompe-nos no ser como o próprio sangue bombeado nas nossas veias.

A experiência frequente no terreno far-nos-ia mais humanos e menos ingratos. Sou todo pelo oceano longamente contemplado e pelo deserto: no meu coração peregrino o Templo de Yerushalahim e o deserto da Judeia. Não morrerei sem todo me reencontrar lá.

PALAVROSSAVRVS REX

pb disse...

e já agora sugiro a compra da edição especial da National Geographic, com capa azul e com um dvd, que acompanha esse número.
bjs
nb

Anónimo disse...

... a National Geographic compra-se. Ponto.
Porque todos os números nos trazem sempre uma surpresa! Porque é uma boa publicação ...

... o grito do deserto é um título poético e evocativo de uma noção romântica que temos do deserto.
Nós, ocidentais, aliás, temos o condão de descortinar uma aura mística no deserto, nas outrora e ainda hoje distantes praias do Pacífico Sul ...

... no entanto, é longa a distância entre a nossa visão romântica e a realidade de ter a pele tisnada e crestada pela secura do ar, os pulmões esmagados pelo calor dantesco ... todo o corpo num suplício digno de Tântalo entre o calor do quinto dos infernos e o frio telúrico do sétimo céu ...

... e contudo, neste local onde dizem os anais bíblicos que Belzebu, esse anjo caído, tentou a Cristo e onde, desde essa data, múltiplas foram as tentações que os homens sofreram, é onde mais condições podíamos reunir para mirar longe, para sentirmos que podemos escutar aquilo que ribomba e troveja dentro de nós não fora dar-se o caso de estarmos completamente toldados na nossa visão pelas inequívocas certezas que nos hão-de conduzir à ruína ... quer dizer, vamos ao deserto como quem vai ao "shopping" ... já não somos viajantes, antes turistas de pacotilha ...

... mas nestes corações arenosos da terra ainda se escutam sons caleidoscópicos, ainda se sentem emergir aromas e sabores de menta, ainda nos podemos perder para nos reencontrarmos mais à frente ...

Blondewithaphd disse...

Dear Josh,
Don'k ask me why but it's true that God or some Almighty soul lives in the desert. It's there either waiting for us or hiding from us.

Blondewithaphd disse...

PB,
Tudo o que vem da National Geographic é especial, não achas?

Blondewithaphd disse...

Quinn dearest,
My, oh my how inspired you were!!
You know what, it's the only place on Earth where I can actually stand the heat is in the desert! In Europe anything above 25º puts me down on my knees. In the desert I've endured 56º and not a word of discontent did you hear from these lips!
True that tourism suffocates the desert, but you can still escape from the plague. If you respect the desert and let it come to you and invade you, you'll get there even if it's not innermost Sahel or Sahara, even so you'll get there...

By the way, "the Cry of the Desert" has a double meaning as you know.

Anónimo disse...

My dearest that's because I never had the pleasure to ask you to walk with me along a maldivian beach or under an indian sheltering sky ... had I tyhe chance and no heat would stop us from chat, chat, giggle, giggle, laugh, laugh ...