Deswegen gefällt mir Stern so sehr!
Pode ser densa, muito política (embora pouco politizada, não obstante um certo alinhamento esquerdista), quase impenetrável no seu elitismo intelectual e alemã, mas é com capas destas que os paradigmas se quebram e humanizam. Eu adoro a Stern e mais ainda todas as capas provocantes com que uma revista seca e áspera se deixa de levar tão a sério.
Melhor do que a capa (bem, também não exageremos) só mesmo a foto-reportagem dos piratas somalis e a celebração dos 60 anos da República Federal da Alemanha (apenas para constatar como se volatilizou a RDA e como é surpreendente que todo um país e uma história desapareçam). Só não gostei mesmo que se metam em comparações sexistas entre a Angela Merkl, que não tem culpa de ter levado com uma crise mundial em cima, e os ex-chanceleres Schröder, Kohl e Schmidt. Sempre a estúpida necessidade de contrapor a mulher ao homem, alguém já se lembrou de fazer o oposto? E eu nem condescendo com feminismos!
Pode ser densa, muito política (embora pouco politizada, não obstante um certo alinhamento esquerdista), quase impenetrável no seu elitismo intelectual e alemã, mas é com capas destas que os paradigmas se quebram e humanizam. Eu adoro a Stern e mais ainda todas as capas provocantes com que uma revista seca e áspera se deixa de levar tão a sério.
Melhor do que a capa (bem, também não exageremos) só mesmo a foto-reportagem dos piratas somalis e a celebração dos 60 anos da República Federal da Alemanha (apenas para constatar como se volatilizou a RDA e como é surpreendente que todo um país e uma história desapareçam). Só não gostei mesmo que se metam em comparações sexistas entre a Angela Merkl, que não tem culpa de ter levado com uma crise mundial em cima, e os ex-chanceleres Schröder, Kohl e Schmidt. Sempre a estúpida necessidade de contrapor a mulher ao homem, alguém já se lembrou de fazer o oposto? E eu nem condescendo com feminismos!
Aber immer gut zu lesen.
22 comentários:
A RDA foi um país? Pensava eu que nunca tinha existido um sentimento nacionalista por aquelas bandas, e que apenas a usurpação territorial do exército vermelho no final da WWII tinham levado a que território alemão transformado em estado fantoche fosse reconhecido na ONU como país soberano. Felizmente para os alemães que a guerra fria terminou com a vitória dos bons, e cidades como Leipzig ou Dresden puderam voltar à cultura e civilização.
António,
Não só a RDA foi um país, como, ainda, os alemães de Leste e os Ocidentais não podem uns com os outros e as diferenças na mentalidade e modo de ser são abissais. É bom passear em Berlim sem check-point Charlies e é bom Leipzig ter voltado a ser uma cidade aberta à Humanidade, mas por muito que se faça, o triste de tudo é que a actual RFA é um país dividido internamente e onde há grandes ressentimentos. Apesar de tudo, o que me fascina nos alemães é a resiliência e combatividade que não vejo nos portugueses que têm a sorte de ter um país não fraccionado internamente, que não passaram por espezinhamentos e humilhações de guerra e que, desde a Idade Média (se descontarmos o episódio Olivença) têm as mesmas fronteiras. Mas enfim, já se sabe que nesta questão eu não escondo certos partidarismos.
Estou habituado a receber técnicos alemães, um dia estranhei um deles, curiosamente o único que demonstrou algum interesse por Portugal e me perguntou o que poderia levar de excepcional. Recomendei-lhe o azeite, enviou-me mais tarde um e-mail de agradecimento pela sugestão. Disse-me que tinha estado em Angola e no Iraque. Acompanhou os Migs soviéticos quando estes migraram de Angola para o Iraque para a invasão do Koweit. Antes que eu desconfiasse da história esclareceu-me que era da Alemanha do leste…
Um dia vou escrever sobre esta história dos Migs.
Fantástico! Adoro estas rupturas criativas.
Stern... estou como a Carol, vou ter de provar...
Concordo contigo blondie, a RDA e a RFA continuam e muito, divididas, separadas por mentalidades diferentes... mas também, a Alemanha só se tornou realmente um país uno no séc. XVIII com Bismarck e nunca efectivamente com uma mentalidade de Nação, não é? Já Portugal pode não ter aquela mentalidade de sacrifício e trabalho dos alemães, muito graças ao luteranismo vivido por aquelas bandas, mas vive há bastante tempo com fronteiras pacíficas.
Na verdade, acho que nem sequer podemos comparar os dois povos, pelas tão enormes diferenças entre nós - a própria visão de si mesmos provoca essa diferença.
Mas vou ter de ler, ai isso vou. Também adoro estas rupturas criativas... Eheheh, hoje estou para plagiar...
Estou intimamente convencido que se deixarem a história seguir o seu curso, os alemães lá encontrarão a forma de se reencontrarem dentro de si!
De qualquer modo, não sei se as diferenças entre os de Leste e os do Oeste resultam apenas da antiga e notória fragmentação que existia e que só o aço prussiano debelou ou se das experiências de laboratório conduzidas primeiro por nacional-socialistas e depois por comunitas ... mas penso que algum do ressentimento mútuo decorrerá daqui ... a uns convenceram-nos da imutabilidade do seu mundo, enquanto que do lado de fora os outros lhes mandavam sinais que o capitalismo, embora podre, cheirava tão bem!
E quando veio a reunificação, os parentes "pobres" toparam que, afinal, havia um conjunto de certezas que havia desaparecido e que os parentes "ricos" até podiam dar, mas exigiam ...
Blondie, tanto quanto julgo saber, mas poderei não ter as melhores fontes, a questão de divisão entre alemães está bem longe de se resumir à ex-DDR. Os habitantes da Baviera sentem-se mais Bávaros que alemães, a unidade nacional é recente, à semelhança da Itália, as cidades têm um papel importante, que resulta da sua autonomia histórica, no caso alemão é mais a região, administrativamente organizada em estados.
Tanta seriedade, meu Deus! E de arte e sexo, mas não apenas sexo, não se fala?!
Implume,
Mas não penses que são só os alemães de Leste que se interessam por Portugal. Acho até que os Ocidentais se interessam mais, mas isto é só a minha experiência a falar.
Josh,
Rupturas criativas é comigo man!! Quanto à arte e ao sexo... Bem, da primeira não sou grande especialista, do segundo... se vires a revista abre nas págs, 122-126 que lá terás material visual suficiente:)
Carol,
Deixa lá, conheces outras coisas... ;)
Indy,
Então prova! Compra-se bem cá em Portugal (eu comprei esta em Espanha, mas em Lisboa vende-se a rodos também).
Ó mulher, o Bismarck é do séc XIX e as fronteiras alemãs ainda não estão definidas na delimitação do Oder-Neiss entre a Alemanha e a Polónia e há a Prússia e parte da República checa. Aquilo é um molho de bróculos!
Ai sim, comparar portugueses e alemães é tarefa vã, inglória e votada ao fracasso: impossible, my dear!
Olha Quinn,
O grande mal é que os alemães Ocidentais tiveram de pagar a reunificação, foi até criado um imposto de reunificação que só eles pagavam, e isso, como é óbvio, não foi uma coisa que eles gostassem muito! (Hey, eu também não gostaria!). De resto, as diferenças Leste/Oeste existem devido aos 40 anos de RDA As minhas tias eram da RDA mas fugiram durante a ocupação russa e a mentalidade delas é igual à de qualquer alemão ocidental.
António,
A Alemanha é um estado federado e cada estado tem um governo autónomo, um parlamento e leis próprias. E sim, os bávaros são bávaros em primeiro lugar (religião diferente, língua diferente - eu e os alemães do Norte não percebemos pevas do que eles dizem!) e alemães depois. E não só os bávaros. Em Nordrhein-Westfallen, de onde eu venho, também o sentimento autonómico é o mesmo. E há até 2 cidades, Bremen e Hamburg, que são estados em si.
Lidei de perto com alemães entre 1987 e 1989. Tenho alguma ideia dos estados, mas estou obviamente esquecido, a queda do muro foi uma alegria para todos, mas depois fui gradualmente perdendo o contacto.
António,
Cá por estes lados, a Mãe até chorou naquele dia num misto de incredulidade e alegria. Eu lembro-me de viver aquilo meio aparvalhadamente: estava perplexa por ver a Mãe naquela emoção que tanto lhe dizia e completamente surpreendida por ver gente em cima do Muro, a beberem cerveja e a cantarem e a passarem de um lado para o outro. Nada me parecia real. Hoje em dia vejo que foi bom, mas o legado é muito pesado. Muito difícil fazer de conta que aqueles dois países são um, muito difícil.
Deswegen gefällt mir Stern so sehr! Lá isso é verdade, mas eu é que me sinto louro!
Um espanto a foto!
PRD,
Com a minha sentida empatia, vamos já obstar a esses sentimentos louros. Carregando no botão da tradução automática será algo como: "Por isto, agrada-me tanto a Stern" (mais coisa, menos coisa). Assim já se sente mais moreno?
MRP,
É não é? E ainda não viu nada! A Stern tem capas ainda mais espantosas (e polémicas!).
Uma boa percentagem do recentimento vem mesmo do tal imposto da reunificação do lado ocidental e da enorme taxa de desemprego do lado oriental.
Já agora, obrigado pela dica, vou ver se a encontro aqui em Aveiro,
A.R.S.
Também trouxe de Berlim essa "Stern"; achei o "Der grosse stern-Test" uma inutilidade. Mas lê-se. :-)
Obrigado pela visita à Praça.
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