31 de julho de 2009

De partida!

Finalmente! Estava a ver que nunca mais!
Parto amanhã, bem de manhã (e ó céus qu' isto é suposto ser férias!). Nem sei que malas hei-de fazer. Pelo sim, pelo não, a P, sem cuja existência a minha seria um autêntico suicídio doméstico, trouxe-me um avio de pimentos, abrunhos, tomates, pêras e já nem sei que mais. Tem medo que eu não me alimente como deve ser e também suspeito que está a achar que eu vou fazer umas férias malucas:
- Ai esta Blondita é mesmo apanhada do clima. - Deve pensar em tom comiserativo para com a minha pessoa loura.
Já eu penso:
- Deuses de Walhalla, o que é que eu vou fazer com isto tudo?
A minha família próxima e amigos também sabem dos planos. Chovem sms hilariantes. E do outro lado da linha, o Pai dá os seus palpites:
- Vais apanhar trânsito!
- Pai, eu vou na direcção oposta ao trânsito.
- Não interessa! E vais apanhar calor.
- Pai, o ar condicionado...
- Não importa. Eu fui à net e dão calor!
Desisto. Esqueço-me que o Pai se esquece que eu tenho mais do dobro da idade que ele pensa que eu tenho. Enfim, resigno-me ao tempo das trancinhas louras.
Mal posso esperar (e fazer figas para haver net)!
Bem, deixa-me ir fazer as malas.

28 de julho de 2009

The long and winding road

Chego exausta. Tarde. Não me apetece jantar apesar dos camarões deliciosos no frigorífico. O Spotty vem pôr-me a bola azul aos pés. Quer que brinque com ele. A relva está molhada. O Senhor Luís deve cá ter vindo regar e sim, esteve cá, que vejo que anda a cimentar uma parede do muro de trás.
Dou graças pelo meu pequeno mundo de coisas comezinhas e quotidianas. Gente que olha por mim. Gente que descubro que existia na minha vida sem eu saber. Gente que entra sem eu esperar. E o meu pequeno mundo que gira sem parar. Dou graças. Baixinho, para não estragar o silêncio. Entendo que os privilégios são benesses banais que se tornam especiais e se avolumam nos cantos da nossa Vida. Infeliz quem não percebe. Infeliz quem passa pela Vida sem se aperceber que o grandioso se esconde por entre a banalidade do quotidiano da nossa "long and winding road".
Deixo a versão do George Michael, claro, óbvio. A Mãe gostava dos Beatles, eu vou pelo George Michael, mas a canção é a mesma e diz bem com o meu estado de espírito de alguém que, cansada ao fim do dia, acredita na Estrada da Vida...

Oiçam.

26 de julho de 2009

Pequenos nadas...


... que fazem toda a diferença, tais como melancias vendidas em quartos. Que bom que alguém se lembrou desta invenção prodigiosa para quem descasado, divorciado, separado, solteiro não sabe o que fazer com uma melancia em tamanho xl.
Até hoje, nunca tinha pensado nisto...

22 de julho de 2009

Esperar o Inesperado


Mal posso esperar que passem estes dias que me separam das férias: as primeiras em muitos anos completamente entregues a mim. Será que todos os que experimentam as mudanças de capítulo por que eu estou a passar sentem o mesmo? Acho que a antecipação em si já é meio caminho de felicidade. Não digo "para a" felicidade porque ela também se manifesta neste agradável esperar.
Tenho planos e não os tenho ao mesmo tempo. É bom, acho, a imprevisibilidade e o espírito aberto para o que vier. Vou ter e dar-me tempo e vou fazer coisas que nunca fiz durante o capítulo anterior. Isso, então, é maravilhoso. É como se toda Eu estivesse na disponibilidade de: de qualquer coisa que não sei o que é, mas que vagueia algures por aqui, ou por onde e para onde vou, não sei. Só sei que existe em potência e isso já é uma espécie de existência, uma pré-existência a que só falta a substanciação.
Há uma viagem, também, sempre, mas, este ano não regressarei no meio de lágrimas involuntárias e silenciosas, não pelo fim do casamento, e sim pelo vazio e desperdício que foi aquele casamento de papel. Não vou estar numa solidão acompanhada que é a pior das solidões, a mais gritante e dolorosa. Essa eu já vivi e não quero regressar, nunca mais.
Estou feliz nesta diferença que vivo entre o presente e o passado. Sou daquelas pessoas que prefere sempre o presente sabendo que vai gostar ainda mais do futuro. Gosto do passado, não à portuguesa a querer recuperá-lo e a pensá-lo melhor que o agora, mas pelo que vivi e que posso dizer ter vivido. Eu vivo no hoje, é esse que conta. O passado faz de mim quem sou, o hoje sou eu e o futuro é a antecipação de mim maior e melhor do que o de hoje. E é isso, neste fim de Julho outonal, que eu sinto: gosto de estar aqui e antecipo o inesperado que espero no futuro breve, não sei o quê, mas algo será.
Quem sabe se ali, no cimo daquele vulcão, eu não vou tocar o céu?

21 de julho de 2009

Simplex? Ãh?!

Passo uma revista pelos blogs nacionais e... não é que floresceu uma coisa agremiativa chamada Simplex para onde carradas deles convergem? Eu, por mim tudo bem, cada qual é livre de apoiar politicamente quem quer que seja. O que eu acho piada é que numa blogoesfera que tem sido tão acrimoniosa para com este governo, agora surja uma congregação destas. E mais piada acho ler os textos justificativos da tomada de posição dos respectivos donos/membros dos blogues aderentes. Parece uma profissão de fé.
Certo, eu sei que nas próximas legislativas a escolha é praticamente nula, acho até que, desde que tenho direito de voto, nunca me vi na contingência de olhar para um lado e para outro e ter a certeza de não ter em quem votar em consciência, mas o que me espanta é a virose do Simplex. Exactamente, um surto viral que alastrou como fogo em palha. Resta saber se, à semelhança deste, não se consome depressa demais.

20 de julho de 2009

Objectivo: Lua


Ainda faltavam uns bons anos par eu nascer, mas se há acontecimento histórico que eu gostaria de ter presenciado seria a chegada do Homem à Lua. Às vezes penso como é que aquilo foi possível, como é que o John Kennedy galvanizou uma nação com os seus discursos sobre "A New Frontier" ("I believe that this nation should commit itself to achieving the goal, before this decade is out, of landing a man on the moon and returning him safely to the earth") e como é que foram disponibilizados meios e recursos de envergadura tal que o Homem caminhou em solo lunar. Claro, que se vivia a Guerra Fria e a corrida ao espaço era uma competição entre rivais ideológicos tout court, mas é impressionante.
Eu já sou da era dos space shuttles. E sempre me lembro de, em pequena, agarrar-me à televisão a ver as contagens decrescentes e os lançamentos. Só que o bom, o excepcional já tinha acontecido e eu contentava-me em ver o Columbia lançar-se ao espaço sem ir à Lua... até ao dia em que fui à NASA a Cape Canaveral.
Passei um dia inesquecível, daqueles que também só se vivem uma vez. Toquei numa pedra que veio da Lua e aquilo foi, digamos, mágico. Mas o melhor, melhor foi ter experimentado uma simulação do lançamento da Apollo. Era a torre de controlo e tudo remetia para 1969: "Three, two, one, we have ignition", fiquei com pele de galinha. E depois ver a Terra da Lua... maravilhoso! E como eu tenho vertigens que me desunho caí do simulador abaixo para cima de uns turistas quaisquer do Midwest porque, francamente, a Terra vista a 300kms de distância manda balanço (Loura aterra desgovernada sobre trupe de big fat Americans que lhe amorteceram a queda). Mas valeu a pena!
Ah, e já agora sabiam que o Neil Armstrong não disse "One small step for Man, one giant leap for Mankind"? Ele disse: "One small step for a man, one giant leap for Mankind". O artigo perdeu-se na comunicação. Mas faz toda a diferença, fica uma frase tão mais poética.
Já 40 anos...

19 de julho de 2009

Promessas na "silly season"

E tudo começou com a ideia de proibir o Comunismo a indicar o início oficial da "silly season", agora vem o nosso Primeiro campanhar para o disparate. Ou seja, com tantas eleições, adivinho já que esta vai ser uma "silly season" da hipérbole. Mal posso esperar!
Acho interessante que se prometam estágios aos jovens como medida profiláctica do desemprego. Como dizem os ingleses: "Way to go!" E será que sou sou eu ou mais ninguém tem aquele flash alucinado do "O-o, acho que me vão ir aos bolsos outra vez" quando os políticos prometem mais um subsídio, ou um rendimento especial, ou uma coisa dessas igualmente sócio-consciente, às famílias mais desfavorecidas? Quer dizer, eu acho bem que se ajude quem precisa, acho que sim senhora há que haver fundos de auxílio social, mas... com tanta habitação social, tanto rendimento de inserção social, tanta prestação social (e gaita que tanto social em tudo já enjoa) como é que fica a desgraçada classe contributiva e contribuinte que se farta de arcar com o social sem que haja reciprocidade social? Do you get my point?

17 de julho de 2009

Também gostava desta...

John Farnham, um herói para os australianos. Não sei se teve algum airplay aqui em Portugal mas "You're the Voice" foi um mega-hit no resto da Europa e arredores e eu adorava a letra, a música e já nem me lembrava que isto existia.

16 de julho de 2009

Bailinho ao Comunismo

É inegável: a silly season está aí em toda a sua "sillynês"!
O louro do regime madeirense iniciou a estação da parvoíce com uma hipótese de trabalho para a revisão da Constituição que preconiza a proibição do Comunismo.
Ora bem, se a Constituição da República Portuguesa institui a proibição do Fascismo, nomeadamente no tocante a agremiações de ideologia totalitária fascista, porque não dar-se uma nova redacção ao documento fundamental e tratar a esquerda mais esquerda com o mesmo grau de equidade? Não me parece tão despropositado assim. Afinal, tão nefastos são os totalitarismos de direita como os de esquerda, ou não será? Por conseguinte, parece-me racional que se a Constituição proíbe o Fascismo também proíba o seu oposto ideológico, o Comunismo.
Porém, estamos em Democracia, certo? Então o mais lógico não seria expurgar a Constituição de proibições fascistas? Porque é que uns hão-de ser proibidos e outros não? Proíbe-se o Hitler e deixa-se o Estaline à solta? Olha que democrático!
E assim, eis-nos aqui alegremente a dar generosos tempos de antena ao Sr. Alberto João Jardim. Dou-lhe os parabéns por esse feito e, mais, por me ter tirado da habitual cómico-indiferença com que reajo ao seu discurso.

15 de julho de 2009

Lembrei-me...

... de enviar uma lista de "one-hit wonders" a um amigo que tem um blog especialíssimo: http://celebrityblogsburg.blogspot.com/ porque ouvi esta canção aqui há dias no VH1.
Voltei à adolescência! Eram os anos 80 e o mundo parecia vibrar de música. Eu adorava esta! (O Sam Riley, o autor do blog, disse que esta é muito nova para a época dele - o que é o "generation gap", meu Deus! Isto para mim é uma velharia e para ele é assim uma coisa recentíssima).
Bem, o que eu gostei mesmo foi de re-ouvir esta música e pensar nas coisas que eu pensava quando a ouvia. Acho que vou partilhar mais umas quantas destas "one-hit wonders" agora que este blog entrou definitivamente na "silly season".
Hope you enjoy it e que não me chaguem pelo meu gosto popíssimo e descomprometido, enfim, a chagação do costume:)

14 de julho de 2009

Google search à Blonde

E eis senão quando, as buscas mais populares a este anedótico blog de uma Loura ainda mais anedótica passaram a ser dominadas por... tcharan...: "como instalar um alarme"!!
Sim senhora, entre isto, a Bimby, a Barbie e mais o escaldante "hot Portuguese Blondes" e tenho a sensação de que este, à semelhança da sua Dona, é um blog tendencialmente mononeural. Vai bem com o estereótipo. :)
Hmm... uma Portuguese hot blonde Barbie que não faz a mais pálida ideia de como operar a Bimby e que, ainda por cima, parece, instala alarmes primorosamente. Wow, sou mesmo um portento! Tenho de me conhecer. Alguém faz o favor de me apresentar a mim própria? Vou pedir-me um autógrafo, que tal?

12 de julho de 2009

Ando irritado...




... e com razão! A minha Dona dá-me cabo do sistema nervoso, e depois, claro, eu tenho de descarregar de algum modo, não é? Pois a manta estraçalhada que eu esfrangalhei e com cujos restos mortais eu me entretenho não é uma manta. Ah, pois não! É o casaco do Senhor Luís que vem cá tratar do jardim que eu também destruo generosamente. Também quem o manda deixar as coisas ao alcance do meu dente? Ele não há nada que eu goste mais do que o som de tecido a rasgar: "trrrrrrrrrrrr", música! E agora a minha Dona que se entenda com o Senhor Luís e, já agora, está ali a câmara de ar da bola que eu retracei esta semana para ver se ela se lembra que tem mais duas bolitas escondidas e que, é favor, deixar-me brincar com elas porque esta já entregou a alma ao Criador.

Ando passadinho dos carretos e preciso mesmo aliviar esta tensão. Já não aguento as cantorias da Dona e mais os ensaios. Agora que lhe disseram que é soprano anda-me impossível e já não aguento o "Oh oh oh oh" da Pixie Lott o dia todo. Que raio de canção! E também já não aguento aquele alarme horroroso que ela instalou cá em casa. Não há tímpanos que aguentem e Ela devia saber que os nossos tímpanos são hiper-desenvolvidos e sensíveis, mas não. Qual quê? É uma despistada e, uma em cada cinco vezes, engana-se no botão do remoto e, em vez de desligar o alarme, acciona-o. O que me consola é imaginar as fotografias fantásticas que devem lá ter na central da cara dela! Ó yeah! Mas francamente, chegar-me a casa às quinhentas e ter a lata de me acordar com sirenes, não há direito! Gramo, as flashadas que ela leva! Só que ela agora já está tão amestrada na coisa que desata logo a dizer a password assim que leva com os flashes naquela cara loura! É para ver o que os cachorros do Pavlov deviam passar!

Bem, deixa-me cá continuar o meu árduo trabalho de destricotação de casaco qu'isto de ser cão de Blonde tem muito que se lhe diga e exige muita perícia. Ai, life...

10 de julho de 2009

Cápsula no tempo


Acabo o trabalho e apetece-me ir ver a exposição da Contacto Directo, a escola de joalharia. Estaciono nos Restauradores. Tiro o meu palhinhas que trago sempre na carrinha e, como o calor está de se aguentar, tenciono ir a pé até à Praça do Comércio e disfrutar a tarde de Sexta, naquela onda do "que bom que já é fim-de-semana!"
Passo pela Estação do Rossio e ela ali está: a exposição dos artefactos do Titanic. Detenho-me. Mudo de planos. Na escuridão fresca de uma exposição puramente à la anglo-saxónica, levo-me demoradamente num passeio ao fundo do mar, ao tempo da infância dos Avós, e fico feita parva a contemplar a garrafa de champanhe com champanhe dentro, como se estivesse viva no aqui e agora.
A tradução das informações em Inglês não é brilhante, mas, mesmo assim, é das melhores que tenho visto/lido neste tipo de evento. Gostei da "soundtrack" de cada sala e soube-me a pouco.
Espaço Rossio, na Estação do Rossio. Admissão: 13 Euros (quem levar uma radiografia para a campanha da AMI tem redução de 3 Euros). Até 9 de Agosto.

8 de julho de 2009

O meu luar mágico


Porque li e vi isto, lembrei-me do encantamento em que me deixam as noites de luar. É um horror (que não tem nada de horrível), mas o luar e eu, eu e o luar e eu não sei...
Não há luares feios. Mas há luares absolutamente mágicos que vivemos uma ou outra vez na vida e pelos quais damos graças eternamente.
Luxor, 2002
O Nilo corre sereno e silencioso ao fundo dos jardins do Hilton que se espraiam num doce declive que acaba na água. No ar, o som denso e ininterrupto das cigarras que despertam com a frescura do crepúsculo. Cheira a água-doce mortiça e a hibisco. Na outra margem, os contornos pedregosos do Vale dos Reis e a solidão muda do deserto. Janto à luz de uma vela pálida. Só o luar ilumina o jardim e eu vejo a lua reflectida nas águas milenares de um azul metálico profundo e plácido. Experimento um momento de eternidade.
Toco o fundo dos tempos e o agora. É mágico e eu estou ali. Se morrer, morro no enlevo e na plenitude que aquela noite, aquele luar e aquele rio convocam. Sou feliz ali, naquela cápsula de tempo e pó de luz.

7 de julho de 2009

Outra Loura com PhD

O que eu acho da Profª. Maria Filomena Mónica, outra Loura com PhD, é que diz sempre umas verdades muito assertivas. É dela uma das frases com que mais me identifico "é preciso amar muito Portugal para o criticar", cito de memória mas era mais ou menos isto. Ora, eu, que até nem nasci nesta língua, como costumo dizer, sou uma criticante praticante e impenitente e venham-me cá perguntar se eu renunciaria à nacionalidade e eu grito: "NUNCA!"
Hoje o "i" publica uma entrevista com ela e lê-se de jacto com acenos de cabeça. Não partilho bem a posição político-ideológica da Profª. porque acho que podemos ser tendencialmente de direita e a favor da eutanásia e do aborto (eu sou as três coisas e, ademais, de uma geração pós-ditadura) mas subscrevo na íntegra que "parte da mediocridade do que se passa no Parlamento deriva da impossibilidade de nós votarmos numa pessoa."
Também nunca percebi o antagonismo figadal que lhe devotam os tais dos "queirosianos". Quer dizer..., saber até sei (são mesmo as razões ali expostas na entrevista), mas é incompreensível. Levei imenso nas orelhas por ter citado a biografia dela do Eça no meu PhD (que nada tem de Queirós literário porque o que eu gosto é Política e Jornalismo, mas mesmo assim e como me avisaram: "é um risco que assume" e assumi). Se calhar queriam, os outros, claro, ficar para sempre agarrados ao Gaspar Simões e a uma biografia "oficial" velha de décadas. Enfim...
Gosto do pensamento pedrada no charco mas constrange-me que, neste país, as vozes encarreiradas acabem, quase sempre, por se sobrepor a quem ousa a diferença, concordemos, ou não, com ela. Claro, gostei de ler a entrevista.

6 de julho de 2009

Há um ano... a Austrália... a Decisão



Sempre senti, e sem saber racionalmente porquê, um fascínio imenso pela Austrália. Não sei se pela distância, se pelo magnetismo dos Antípodas, se pelo isolamento. Só sei que li os relatos todos dos exploradores do Great Outback quando era miúda, o meu romance favorito continua a ser "The Thorn Birds" (eu sei, é uma lamechice apimbalhada, mas que hei-de fazer?), conheci Ayers Rock antes de ser Uluru, se bem que Uluru seja o primeiro, e o único momento de consolo que eu tive nas semanas antes da Mãe morrer foi as duas horas que passei no concerto dos Savage Garden (australianos, claro).
O ano passado, por esta altura, andava eu pela Austrália sem saber que um ano depois a minha vida tinha sofrido a maior das alterações. E sem saber, ademais, que foi nessa viagem que as decisões foram tomadas naquele estado de semi-(in)consciência que nos diz "Avança!" e que nós nem verbalizamos. Quem diria que, afinal, a Austrália, para onde eu uma vez até pensei emigrar, ia ter este papel decisivo na minha vida insignificante e anónima?
Acho que a solidão das horas infinitas de voo e os longos stop-overs nos aeroportos proporcionaram a calma de que o cérebro precisava para assentar num assunto que gritava em surdina e que eu relegava sempre para outro tempo e outro lugar. A Austrália foi, talvez, esse tempo e esse lugar. Não foram necessárias palavras para a decisão ser tomada. Eu sabia que a tinha tomado há muito tempo. Só precisava sentir que tinha a coragem. Ou seja, eu precisava sentir, não precisava falar comigo.
Aquele casamento nasceu morto logo depois da morte da Mãe, como se uma nova fase viesse para esconder a dor. Que engano! A dor da Mãe nunca foi escondida, e, ao invés, ganhei outra dor: a da solidão acompanhada. Mascarei-a com trabalho e carreira, escondi-a até de mim. Sabia que existia em forma omnipresente mas não a deixava tornar-se omnipotente até ao dia que percebi que era, de facto, omnipotente e que eu pautava a minha vida na fuga, tudo era feito para a fuga, para o não confronto. Na solidão australiana eu decidi. E a única coisa que me lembro ter verbalizado, no inglês em que me corre o pensamento, foi: "Girlfriend, you got some serious homework to do". Só isso. As únicas palavras que o meu cérebro produziu para me dizer que eu me ia divorciar e que nada nessa decisão poderia ser adiado.
No Sábado, a Juanita veio cá a casa e eu mostrei-lhe fotos da Austrália. Lembrei-me de há um ano e olho agora a vida diferente que me aconteceu. Penso nas coincidências maravilhosas da Vida: uma viagem, a Austrália de que sempre gostei e, afinal, por uma conjugação cósmica qualquer eu fui à Austrália para tratar de andar com a minha vida...

5 de julho de 2009

Blonde e a Breadmachine - A Batalha Final


E eis a coroa de glória!
O que demonstra bem a verdade do adágio: "quem ri por último ri melhor". Um pão de canela e erva-doce que é, no mínimo, uma ode a todos os pecados da glutonice...
(E sim, o ego de dona-de-casa da Blonde até levita de contentamento! Fez-se História na cozinha da Blonde.)

2 de julho de 2009

Manuel Pinho ou como um dia pode correr muuuuuito mal

Mea culpa, mea massima culpa! Meu pobre país que tanto me entedias, que tanto sofres com as minhas críticas. Obrigada meu país adorado pelo espectáculo político com que me tratas nesta hora!
Eu, que me farto de dizer que já nada me surpreende na clase política que habita São Bento, que afirmo a pés juntos e de mão no peito que fico entristecida por já não ter reacção, por me sentir apática e abúlica em relação à Política, à la portugaise, bien sûr, eis que me vejo forçada a engolir as barbaridades que debito cá para fora. Desculpem, mas isto nenhuma loura do regime (ou não) consegue ultrapassar! Isto é melhor que a revolta na Bounty!
Chifres?!
Hilariante! Hoje, tenho a certeza, muita gente acordou para a Política! (Será que é uma estratégia anti-abstenção? Uma pira funerária sacrificial para a a fénix renascer? Um momento de humor bem planeado? Ou apenas um dia em que as conjugações astrais estavam particularmente aziagas?)
Palitos?!

A Casa 007 da Blonde


Ora aqui está um post que nunca me passou pela cabeça escrever! Mas os últimos foram tão densos que este serve de comic relief.
Vamos por partes e escrevamos o intróito que localizará o incauto leitor nas aleivosias que se seguem.
Digamos que a casa da Blonde é a modos que... BIG, um pouquinho (coisa pouca) grande para residência de uma pessoa só, ou de uma só pessoa, tanto faz, e um Spotty. Este, por sua vez, não daria para cão-de-guarda nem que reincarnasse quinhentas vezes como Grand Danois. Aliás, caso a casita da Blonde fosse assaltada, ele seria o primeiro a convidar a gatunagem para tomar chá. A Blonde também viaja frequentemente e, já se sabe, a ocasião faz o ladrão e essas coisas quejandas. Vai daí a dita, impressionada com as maravilhas que lhe contaram de sistemas de alarme xpto, vai de instalar um.
Fabulástico! Ele é detectores de movimento, captação de imagens, panic buttons, controlo remoto, só não serve o pequeno-almoço na cama. E mais uns quantos catrapázios nas paredes e nos muros da casa a avisar a banditagem "alto lá que a malta aqui não está para brincadeiras". Ok, embrulhe que levo! E eis que a Blonde agora tem uma casa estilo 007.
Ora bem, ele há que estrear o equipamento e, ontem à noite, aqui a querida Blonde, resolveu ligar o alarme no modo semi, que é como quem diz: hall dos quartos no primeiro piso desactivado e o resto da casa e a garagem em modo "venham cá venham, qu'a gente já vos diz!"
A linda, desliga o pc às quinhentas, sai do escritório para o quarto e... amigos... aquilo é que foi um disparo! O neurónio ensurdeceu!!!
- Identifique-se imediatamente! - Oiço em estado de choque por entre o barulho do alarme e ainda a tentar perceber o que é que eu tinha feito de errado.
- Sou só eu!
- Não é essa a identificação! Vamos enviar unidade policial!
- Eu!!! Blonde Maria Serafina! - Respondo olhando para o tecto ou sei lá eu para onde de onde vinha aquela voz aterradora.
- Informação incorrecta. Dê password!
- ?! Hm... Hm... Bláblá.
- Password incorrecta!
- Ah! Hm... Esqueci-me... Bláblá2!
- Informação correcta!
Bem, com o neurónio em coma, lá explico que devo ter tocado nalgum comando errado. Peço desculpa pelo incómodo e remeto-me à minha humilhante insignificância. Reprogramo o alarme e vou para o quarto meio atónita e com as palpitações em níveis estratosféricos. Dali a bocado lembro-me que me esqueci de tomar o Centrum (já se sabe, cada qual com a sua mania). Saio do quarto... Novo disparo!
- Ó deuses, será que já vesti o pijama? - Penso no meio da aflição do barulho e a tentar correr para desligar o alarme.
- Identifique-se! Nós estamos a vê-la!
(Sim, isso imagino eu! E sim, tenho o pijama!)
- Sou eu outra vez! - Grito no meio da barulheira infernal.
- Essa não é a password!
(Amnésicos dum raio!) E eis que, desta vez, também toca o telefone. Fico tipo barata tonta indecisa entre atender o telefone, desligar o alarme ou responder à voz de III Reich que me ameaça enviar a polícia.
Não tenho um enfarte por pura sorte e imagino que o Spotty se deva estar a rebolar de riso:
- Ganda maluca, a minha Dona! Ganda rave, man!
Bem, ao menos tenho a certeza de que assaltante que aqui venha vai ter problemas de tensão arterial elevada... Aguardo a medo cenas do próximo e excitante capítulo pouco aconselhado a cardíacos.

1 de julho de 2009

Dias Loureiro Arguido

É-me indiferente que o senhor em questão seja ou não seja arguido no caso da SLN. O que me choca, se é que estas coisas ainda têm a capacidade para me chocar, é a ligeireza com que as pessoas dizem, a propósito das suas profissões, dos cargos que ocupam, das suas inerentes responsabilidades: "não sei", "não sabia", "só agora tomo conhecimento", "ignorava". Posso parecer extremista mas não temos todos de ter um mínimo de brio no nosso trabalho, não deveremos todos justificar o salário, os benefícios, as compensações financeiras que auferimos do desempenho das nossas profissões ou carreiras?
O meu ponto é: esta pessoa tem, ao longo da vida, desempenhado cargos de responsabilidade enormíssima, sobre os seus ombros se depositou a confiança de muita gente e depois é quase com desprezo que se afirma que não se sabe o que se andou a fazer? Isto não dá uma imagem de amadorismo e displicência? É que se não dá, eu devo ser uma pessoa muito dura de entendimento ou, pior, de uma exigência sem limites de razoabilidade.
Não, acho que não me choca, entrista-me, o que é diferente, entrista-me, mais uma vez, ser confrontada com o facto que, de tanto se repetir corre o risco de se tornar um silogismo, uma lei da Física, as pessoas com responsabilidades decisórias neste país são as mais alheadas do bem público e as mais incompetentes.
Quero estar errada.