Acordo com o cheiro de pão fresco acabado de cozer que me invade a casa. Está sossegada a minha casa. Volto-me na cama indecisa entre levantar-me ou ficar ali nos lençóis mornos, na penumbra clara do sol de Outono que entra pelas persianas e pela porta. Vai ser um dia bom. Um dia meu.
Vejo-me a descer as escadas para ir fazer café forte. Imagino-me a cortar fatias daquele pão quente feito com sêmola de milho, flocos de cevada e farinha de trigo que deve estar uma delícia. Sim, quero acordar. Tenho tanto por que acordar e o dia todo sem pressas e sem destino à minha espera. Fico mais um pouco. Só mais um pouco.
Organizo-me mentalmente. A marmelada que ainda não está pronta. As escritas. O ginásio. Uma despedida de "até sempre e obrigada". Tudo coisas para este dia meu. Tudo coisas sem pressas num dia sem rotinas. O primeiro dia meu em muitos dias, depois de muitos dias de mudança. Um dia meu igual aos dias meus que eram as minhas rotinas e que, agora, me são distantes. Tão distantes como se o passado fosse um lugar longínquo, cuja cartografia se perdeu por entre uma qualquer selva que lhe engolfou os trilhos.
Vai ser um dia bom. Um dia meu.
9 comentários:
Tenha pois um bom dia
Existe quem tenha um mau acordar e quem tenha um acordar indeciso, precisam de se ver acordar em sonhos para que acreditem no dia.
O dia está a ser mau... muito mau!
Saudades de dias meus....
Blondinha
A estas horas resta-me desejar-te:
Boa noite!
:)))
Mais importantes e essenciais do que os julgamos, estes "nossos dias"...
Também me parece que assim será um bom dia.
(Acabei de publicar o teu texto no 2711)
Olhava para o teu texto e perguntava-me se realmente irias ter um bom dia ou não.
O desejo de que seja um bom dia está entranhado nas tuas palavras mas o contexto prenuncia alguns pontos que se podem tornar bem negativos. Espero bem que não e que o dia tenha sido mesmo bom.
Desculpe mas comecei a tomar o hábito de a tratar por tu como se a conhecesse. Se achar inconveniente diga-o frontalmente.
Fora isso beijos
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