30 de setembro de 2010
O que realmente me irrita é:
. serem sempre os mesmos a pagar a crise (chamem-me o que quiserem mas se é para uns também tem de ser para outros);
. nunca haver responsabilização política (é sempre culpa dessa coisa meio inefável e de amplas costas chamada "a conjuntura");
. sermos governados por uma cambada de deficitários mentais que não vêem que tirando à classe que consome e que devolve capital à economia, é o país todo que perde.
O que me apetece fazer em protesto é:
. não fazer consumos de todo e qualquer produto cultural dentro deste país;
. não fazer viagens na TAP;
. não fazer férias cá dentro;
. ir à Suiça comprar uns chocolatinhos e em caminho abrir uma conta.
O que me apetece perguntar é:
. o que diabo fazem aos não sei quantos salários mínimos que me retiram todos os meses do ordenado?;
. para que é que eu tenho de descontar para a ADSE?;
. para que é que eu tenho de descontar para a Caixa Geral de Aposentações se sei, a priori, que no final da carreira contributiva ou não tenho pensão, ou tenho um tecto qualquer que entretanto foi instituído?;
. os deputados são abrangidos pela medida ou, como já viram o salário-base cortado em 5% no anterior PEC, estão isentos de novos cortes?
Acho que hoje tive o dia mais desalentador de toda a minha carreira.
Já agora, Sr. Primeiro-Ministro e Sr. Ministro das Finanças, Excelências, acho que me devo sentir honrada por ser sempre, desde que entrei no mundo profissional, agraciada com congelamentos de progressão na carreira, aumentos 0% e agora cortes no salário. É um gosto, ser útil desta maneira ao país, obrigada! A nação sabe que poderá sempre contar com a munificência do meu recibo de vencimentos.
29 de setembro de 2010
Até à última
Ai que raiva!!
27 de setembro de 2010
Esta gaita de marchar para a capital...
Metros (assim mais para uns quilómetros) à frente, operação stop em Monsanto. Desvio para dentro de uma área de serviço, faltam vinte minutos para a minha aula. Apetece-me esfanicar o agente. Quer ver os documentos. Ok. quer ver o comprovativo do imposto de circulação. Loura esfalfa-se a procurar o raio do papel.
- Também, se não tiver aí não faz mal. Os impostos é que podem reclamar.
- Ó sim, com o que eu lhes pago bem podem reclamar! - Apetece-me dizer mas calo-me. - Eu ia jurar que tenho o papel para aqui. Eu até o imprimi, na impressora. (Gosto tanto de ser loura, meu Deus! Claro que era na impressora!)
Remexo, remexo mas nada.
- Posso ver o triângulo e o colete?
- Mas para isso eu tenho de sair do carro!?
- ?!
- Tenho, não tenho?
- Pois...
Desligo o carro. Espeto-lhe o pacote do colete que está no porta-luvas. Saio do carro. O vento abre-me o vestido e cega-me com os cabelos que se colam no gloss. Esqueço-me de desligar o botão que desliga o trancamento de portas (trancamento?, hum...) e a bagageira não abre. Dou-lhe o kit da carrinha, ele que se desembrulhe.
- Ó! A senhora tem três coletes!
- Tenho? Onde?
Bom, parece que ando com três coletes e sem o malfadado papel do imposto. God!, muito eu gosto de trânsito, brigadas e 2ª Circular!
25 de setembro de 2010
É...
Enfiei-me no trabalho e rodeei-me de gente. Saí. Convivi. Cheguei sempre tarde a casa. Queimei os últimos cartuchos da minha pequena família só de adultos. Daqui a um mês nasce-nos alguém e eu despeço-me desta fase em que as últimas crianças foram precisamente eu e a Mana, já lá vão trinta e tal anos.
Hoje estou aqui, rodeada das paredes da casa grande. Amanheci sózinha. Dormi de alarme ligado. Vesti um pijama porque os lençóis estavam frios. Reencontro-me com a solidão. Lembra-me dos tempos em que aprendi a viver aqui. Não me angustia. Não é por saber que regressas. É por saber que sei estar assim. É por saber que esta é a minha vida e eu gosto dela. Sim, é isso tudo mas é bom quando regressas e eu te vou buscar ao aeroporto e a primeira coisa que vejo é o teu sorriso de puto e tenho de parar para pensar que és um homem e que tudo isto aconteceu vertiginosamente "against all odds".
Hoje vou estar aqui a viver a casa, como alguém me disse nesta semana esquisita.
- Agora estás, finalmente, a viver a casa.
E eu não me tinha dado conta. Dou-me conta agora. Dou-me conta que andei a expulsar os fantasmas que habitavam aqui, na casa grande cheia de ecos, de divisões desabitadas, de memórias. Dou-me conta que se olhar em volta já nada resta da casa que era da Mãe e onde a Mãe nos morreu. Ficaram os azulejos da cozinha e pouco mais. Dou-me conta que o que resta aqui do meu não-casamento são coisas de que a minha cabeça já mal se lembra. Dou-me conta que, sem me aperceber, construí a minha casa. Erigi-a pedra a pedra. Demorou anos, lágrimas, trabalho, dor em cima de dor. Os fantasmas observavam-me. Às vezes assustavam-me e eram mais fortes do que eu. Mas hoje? Hoje vou ficar aqui, com a certeza boa de que é aqui que quero ficar. A certeza boa de que esta é a minha casa. A casa do meu passado, a casa da minha família. A casa que eu honro no privilégio imenso que é a perpetuação do legado dos Outros que viveram antes de nós. Pensar que me quis desfazer dela porque era pesada demais, grande demais, opressiva demais, tumular demais. Não! Esta é a minha casa.
E agora que a Casa me é tão boa, tão minha, acho que começo a encontrar a força e a vontade de olhar para outros legados em forma de Terra e pensar o que vou fazer para os resgatar aos anos de negligência em que os tenho escondido. Ando com ânsias de pegar em tudo com as minhas mãos, como se a Terra e a Casa me corressem nas veias e me palpitassem de Vida. Acho que estou a acordar do sono da morte da Mãe, do não-casamento, da luta da carreira, da experiência da solidão. E estou a acordar cheia de energia.
É... ainda não sei o que pensar desta semana esquisita.
24 de setembro de 2010
Ah, esqueci-me...
A culpa disto também é eu ter-me esquecido disto desde os dias infindos em que escrevia o dito cujo PhD e ouvia cds dos Erasure até à exaustão com o volume no máximo. E deixa-me fugir antes que este blog se afunde mais na parvoíce (mais do que o costume, quero eu dizer de que).
So 80s (God!!)
A culpa disto foi a chuva de ontem. A culpa disto é eu estar enclausurada na biblioteca. A Paula está nas limpezas e no jardim até o Spotty está confinado ao cercado da frente porque o Sr. Paulo trouxe um ajudante e estão a revirar o quintal de alto a baixo. A culpa disto é a pilha de testes na secretária.
Drama! - Erasure. Porque a vidinha doméstica às vezes é um drama:)
23 de setembro de 2010
Sometimes...
Sometimes é bom andar à chuva. Tal como sometimes "ainda" é muito bom ouvir os Erasure (minto, é sempre bom ouvir os Erasure). E assim foi que no primeiro dia de Outono chego a casa ao som de Erasure de que já me tinha esquecido e com chuva. Vou para a chuva, já noitinha escura, curtir o jardim que cheira a relva cortada, que está a ser preparado para o Inverno, que tem o marmeleiro carregado. O Spotty está sossegado e persegue-me como sombra, a sombra que não há porque é noite. Apanho a chuva que escorre grossa das goteiras do telhado. Molha-me o vestido fininho e curto a lembrar o Verão que se esvaiu. Gosto de sentir o tecido molhado na pele das pernas molhadas. Os pássaros que se alojam no limoeiro estão calados e quietos e eu ando por ali à chuva. Estou cansada, muito cansada, e a chuva sabe tão bem...
21 de setembro de 2010
Incredulidade demorada
Enfio-lhe cinco Valdispert sabendo-os um placebo sem efeito.
Acordo várias vezes durante a noite. O pensamento gótico e tenebroso.
Os filhos dela. Orfãos de mãe e de infância.
Ela. O telefonema que não fiz. O último encontro aqui. Chá. Conversa. A vida pela frente.
Lembranças minhas. A Mãe.
A cabeça que não sossega.
5.33. Não aguento mais esta cama, esta noite, o saber a Cristina morta e enterrada e eu sem ter tido tempo para saber a tempo.
Enfrento o dia. Treze horas na faculdade. Companhia. Trabalho. Esquecer é suave na mente.
Regresso a casa. Pensamentos dela assaltam-me no vazio que deixou.
Estou meia parva. Meia zonza. Penso se não estarei sentimental demais, atordoada demais para um facto da vida. Mas nunca me morreu uma amiga e eu não tenho referencial nenhum que me normalize isto.
Vai passar...
20 de setembro de 2010
Não é possível que morresses. Não é possível!
A girl's best friend
- Papi querido, sabe o que é uma coisa funcionar 99,9% das vezes? É... aconteceu o 0,1%...
18 de setembro de 2010
Felicidade também é...
A cama quente.
Demorar.
A claridade transparente de Outono a chegar.
Descer no mármore frio da casa grande.
Café. Forte. Amargo.
O dia.
16 de setembro de 2010
Felicidade é...
Quando fizeres 18 anos verás Nós neste final de Verão em 2010. Será 2028. E a Cápsula do Tempo que os teus pais te darão contará como te adoramos desde sempre.
Vem, meu sobrinho, que tenho saudades que sejas depressa.
15 de setembro de 2010
14 de setembro de 2010
Rumo ao Sul
13 de setembro de 2010
Parece que começou o ano lectivo
Parece que as médias foram mais altas.
Parece que somos um sucesso com tantas Novas Oportunidades, tantas novas escolas, tanta gente diplomada.
Parece que a taxa de aprovações no superior é de 70%, igual ao resto da OCDE.
Parece-me que a coisa não estará tão bem assim... Mas enfim, quem sou eu para dizer seja o que for, eu que nunca saí da universidade desde que lá entrei e pouco ou nada conheço do mundo real?
10 de setembro de 2010
Zwieback ou como pequenas coisas me lembram de Ti
9 de setembro de 2010
De regresso à noitinha
7 de setembro de 2010
Só à chapada!
Idiotas pés de chumbo! Amélinhas!! Nem na terceira distrital! Solteiros contra casados não fazem estas figuras!! Tótós!! Canastrões! Bando de pernetas! Zarolhos! Morcões (com respeito pelos morcões)! "Energúmeros"! Bananas! Molhos de bróculos! Vão apanhar maçãs! Espantalhos! Lélés! Miseráveis incompetentes! Camelóides! Idiotas outra vez!
Como é que é possível???
5 de setembro de 2010
Compotas e tinta fresca
3 de setembro de 2010
Música para a Rentrée
Madrugada. Despertador. Guio até à cidade. O novo cartão magnético não abre a garagem. Chamo o segurança. Não vem. Deixo a carrinha na rampa. Procuro o segurança. Não o encontro. Regresso à carrinha. Porta aberta. Dois exames depois. Lanço notas. Marco orais. Gato no horário de 1º semestre. Ooops, gato no de 2º semestre. Não despacho os mails todos. Sim, acabaram as férias.
Mas depois há aqueles quatro. Abraços. Reencontro. E o porquê de regressar ser, afinal, bom.
Oiço a música: Maroon 5 "Misery". O vídeo sucks, não havia necessidade. I am in misery, canto, mas é uma música alegre e eu ainda tenho a profissão que sempre quis.
I am in misery. Podia ser pior....