10 de dezembro de 2010

Dramas do Divórcio

Comprei a Focus desta semana, logo eu que sou mais da Sábado e da Visão, por causa da parangona do título: "Dramas do Divórcio". Grande treta. Leio a reportagem toda e chego ao fim com a convicção que já tenho há muito tempo: realmente o meu divórcio deve ser uma coisa absolutamente fora de qualquer norma. E realmente, as leis deste país em matéria de divórcio são a coisa mais emaranhada e mal-feita que imaginar se possa. Sim, porque só mesmo neste país se concebe que as audiências sejam calendarizadas com seis meses de intervalo. Só neste país se concebe que haja a figura ridícula do divórcio sem culpa quando se discute na barra quem tem culpa. E só mesmo numa reportagem idiota se pode escrever que o pior erro é entrar na justiça com um advogado agressivo. Bem frita eu estava se não tivesse um advogado agressivo! Quer dizer, chegava ao juiz e dizia: Meretíssimo, o meu futuro-ex pode ficar com tudo o que os meus ricos pais me deixaram, o meu futuro-ex pode sair deste casamento na presunção acertada de que casou com uma herdeira rica (bem gostava eu de o ser, mas enfim) e eu posso pagar-lhe carro e montar-lhe casa que é para ele sair do casamento com a vidinha bem tratadinha. E sim, Meretíssimo, perco a conta aos processos em que se desmultiplicou este divórcio. Condene-me em todos a pagar compensações milionárias ao pobre do meu futuro-ex tal como ele tão encarecidamente pede. Sim, porque um divórcio, a menos que o meu seja ainda mais anormal do que é, não é nada mais nada menos do que uma das partes querer sacar o máximo que puder da outra. Ah, e nisso eu também devo ser uma anormalidade: só peço uma coisa, divorciem-me, sff!
Mas que treta de reportagem. Realmente!

9 comentários:

antonio ganhão disse...

Se a minha mulher fosse uma herdeira rica também me divorciava...

I. disse...

O divórcio sem culpa é uma aberração. Porque o apuramento da culpa tem imensa importãncia, a nível patrimonial. Com a mania de que um casamento é um acto de afecto, esses não juristas que mudaram a lei esqueceram-se de que é um contrato, com efeitos patrimoniais. Sim, que o afecto é outra coisa, e não é um papel que o regula.
Com esta lei um fulano pode espancar e encornar a mulher e, no divórcio, ainda ir pedir indmenização ou pensão de alimentos... não me façam rir.

Cristina Torrão disse...

Ó menina, ainda essa história? Livra! Mas será possível que não deixam as pessoas divorciarem-se como deve ser?

E o manganão ainda à cata do que a menina tem... É pior do que uma lapa!

Manuel Rocha disse...

Já te divorciaste noutro país ?

:))

Goldfish disse...

A mim parece-me antes que há sempre duas partes num divórcio: a que quer, efectivamente, gamar o mais que puder à outra e a que, no meio da confusão, só quer ver a vida direita outra vez!

Dias as Cores disse...

It will all end well.

mdsol disse...

Blondinha, I'm so sorry!

:)))

A.B. disse...

Já lá vão dois anos não é? Ah, mais uns sete e está resolvido, na boa...

Zélia Parreira disse...

Quase 10 anos depois, ainda me espanto com a maldade que esse processo trouxe ao de cima, em todas as partes. Eu também fui dessas, que só queria seguir com a minha vidinha. Só que as más surpresas foram tantas, em tão pouco tempo que rapidamente a onda do ressentimento tomou conta de mim. Felizmente, porque tenho uma família excepcional, consegui perceber a tempo que me afundava em rancor.
Esqueça isso e coragem.