O que me surpreende mais no meu sobrinho, entre o infinito que me surpreende, é a mãe dele. Como é que a Mana virou mãe é o que me espanta neste contínuo já com quase dez meses. Subitamente vejo-a outra pessoa sendo a mesma pessoa. Às vezes dou por mim a ver se lhe apanho vislumbres da nossa Mãe. E sim, tem vezes que lhos apanho. Certas palavras que só a nossa Mãe dizia e ela diz porque lhe são imanentes, quase geneticamente adquiridas. E depois surpreendo-me por vê-la navegar num mundo dela e dele e vejo-lhe os olhos que se perdem nele por ínfimos segundos mas que são olhos perdidos num território em que ela agora habita e que me é distante. É maravilhoso. Eu fico ali na ombreira daquele universo, um cosmos todo que me admira e me enternece. Falta sempre a Mãe. E agora quando vejo Mana e bebé Manel sinto o bocado que nos foi arrancado tão à bruta.
Mas também me surpreendo no tudo do meu sobrinho. Ignorante em bebés não imaginava de quão zero começamos, de quão tudo aprendemos e de quão rápidos e gigantes são os passos. Vejo-o de semana a semana e a cada uma sinto que mal o reconheço. Leva um segundo o espaço entre o rebolar e o começar a gatinhar. Um segundo o tempo de estar deitado e sentar-se por si próprio. Consegue entreter-se sozinho e isso não deixa de me fascinar. Que mundo existirá ali? Que descobertas o deixarão mais ou menos perplexo com este tudo que ele descobre? Talvez seja a Tia dele quem mais perplexidade encontra em tudo isto. E no fim, aquela boca aberta de riso e viva a vida que ele mostra na plenitude maior do sorriso que diz tudo: o espanto, a descoberta e a felicidade de ser.
Como é verdade que é impossível não nos surpreendermos num bebé...
1 comentário:
O desenvolvimento é rápido e contínuo, facto que pude constatar na minha sobrinha. E todos temos traços que herdámos dos nossos ascendentes, ultimamente tenho reparado em mim e descubro alguns...
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