Acho que sempre trabalhei em Agosto mesmo quando ia para os sítios mais fantásticos do planeta e levava bibliografia do mestrado ou do doutoramento para ler. Mesmo que não lesse, e lia muitas vezes, a mente voava-me para as teses em ideias e novos planos. Ademais, essas férias eram sempre quinze dias e sobravam-me outros quinze para pôr mãos à obra, ou às obras (literalmente). Agora que trabalho em Agosto de uma forma mais oficial e consistente dou por mim a pensar que me sabe bem. Sabe-me bem dar aulas de manhã e dispor das tardes como bem me apetece. Ontem fui dar com um projecto que abandonei há, pelo menos, cinco anos. Ressuscitei-o e entretive-me uma boa parte da tarde. Estive de férias à tarde e trabalhei de manhã.
Sim, talvez o preço das teses, dos artigos e das escritas que se fazem nas férias quando estamos mais serenados da carreira tenha sido este alcoolismo do trabalho. O estar contente por trabalhar à séria e depois poder descansar livre de culpas de que devia estar a aproveitar o meu tempo em algo produtivo. Ou talvez, afinal, por muito que eu me ache finalmente portuguesa, eu continue a eterna alemã apavorada se o dia não rende. Não sei. Sei que pelo segundo ano consecutivo gosto de dar aulas em Agosto, ocupar-me de manhã na cidade vazia e regressar para a tarde descontraída neste meu campo e nesta minha Casa cheia de mim e das minhas coisas, memórias e vidas passadas.
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