Regresso noite escura. Há uma banda sonora que a rádio debita e me faz lembrar a miúda que não sabia como seria o futuro. A miúda que tinha tudo pela frente. A festa foi tão boa. Rememoro coisas. O meu sobrinho a abrir presentes pela primeira vez na vida. As palmas e o triciclo sensação. O sorriso rasgado entre os dentes ralos de criança. A miúda lá longe que me olha e não sei o que pensa. Acho sempre que a decepcionei.
Conduzo por entre o breu cada vez mais breu à medida que deixo para trás as luzes da cidade. Estive com tudo o que amo por umas horas felizes. Regresso à casa grande que já nos foi casa e que agora me é casa. De cada vez que abro os portões olho para cima para tomar-lhe o tamanho e a responsabilidade. Prendi-me. Vivo num mundo de espaço que não encho porque nunca o enchi. Agradeço os meus e penso no que um dia o meu sobrinho pensará da tia jovial e alma triste. Um erro só. Basta um único erro.
Regresso. Desarmo o alarme. Entro. Armo o alarme. Subo. A festa foi tão boa.
2 comentários:
Gostei muito, Blonde :)
Devemos olhar para os erros do passado como lições e encarar o futuro com calma e optimismo. E acho que isso, mesmo que hoje sintas a alma triste, é teu apanágio. Pelo menos é assim que te vejo.
Bjos :)
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