Nasci em Alemão. Aprendi Português para ir para a escola. Aos sete veio o Francês porque era chique. Aos nove o Inglês porque era instrumental. No entrementes, inglesei o pensamento e a fala, foi-me desvinculando do Alemão e forço-me ao Português. Guardo o Francês porque ainda é chique.
Ando a reformular a biblioteca cá de Casa. quando era do Pai era alemã. Depois teve uma fase intermédia em que eu me mudei para cá e instalei escritório num antigo quarto. Acho que não tinha coragem para me impor na biblioteca do Pai. Depois veio a coragem e, afinal, o que é que eu ia ler de livros de engenharia em alemão?! A biblioteca tornou-se, nessa fase, uma coisa meio esquisita entre coisas, e muitas, dispersas, minhas e de outros que me precederam e eu sem me identificar com ela. Agora foi de vez. O destino veio em força dizer: "Desta é que tens mesmo de pensar na biblioteca!" Obedeci. Foi o chão. Foram os móveis. Não sobrou nada. Estou a reinstalar-me. Fui à garagem buscar móveis antigos que recuperei porque o passado quero-o ainda e não sou eu sem ele. Depurei os livros que realmente quero. Os que me fazem.
Engraçado, vista agora a biblioteca está a ficar um Eu que eu sabia mas nunca tinha verbalizado. A minha língua não é o Alemão, como, por muito que eu me force, não é o Português. Os meus livros, comparados com os do Pai ou os da Mãe são em Inglês. E agora é que dá para ver a real dimensão que o Inglês tem na minha vida. I'm still short for words...
2 comentários:
Uma vítima da globalização?
Santa paciência ! eu conheci-a em Alemão...
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