Os Parques Nacionais dos Estados Unidos celebram este ano 100 anos e, nesta viagem de costa-a-costa que comecei o ano passado quero ir ao maior número possível. Tal como qualquer turista também me assiste o espírito do coleccionador; ir ao sítio para dizer que fui e vi. Não acho mal nisso quando o fazemos para inspirar o lugar e não apenas para a selfie oca que mostra aos outros, e não a mim, que estive lá. Por privilégio da Vida (haja alguns) já conheço uns quantos parques nacionais mas, em ano de centenário, há um gosto especial em comemorar indo. E vou.
Um dos parques nacionais mais desconhecidos e menos visitados (e para mim mais míticos) é o Big Bend National Park. Uma imensidão colossal longe de tudo. Arranja-se alojamento ou em Alpine, que foi o que fiz, ou em Terlingua, uma coisa minúscula onde já não encontrei sítio para ficar. Uma das emoções de uma roadtrip sem nada marcado é que a pessoa tem a liberdade toda dos dias mas também nunca tem a certeza de onde vai dormir e, por vezes, não dorme exactamente onde tinha pensado.
Mais 130 quilómetros de estrada aberta e solitária e chega-se a Big Bend que quer dizer, literalmente, a grande curva. A curva grande que o Rio Grande faz no seu percurso até ao Golfo do México. Trago a cabeça cheia de filmes de Cowboys do Velho Oeste e havia sempre o Rio Grande. Estou no sítio!
Imenso. Desolado. Voam em círculo abutres e outras aves de rapina. Cactos e espinhosas são o que de vegetal existe. O calor estaciona nos quarentas. Não se vê viv'alma. Percebo que não sejam muitas as pessoas a virem cá: a distância é enorme e, como o México é já ali, há Border Patrols à entrada e saída do parque que nos pedem documentos e identificações e que, imagino, para não-europeus, até devem revistar os carros e bagagens.
Por mim, sinto-me criança no meio de um documentário do David Attenborough e sorrio à vida.
1 comentário:
Se um dia estiver pelos lados do Oregon não deixe de visitar o Crater Lake National Park, que é algo de sublime!
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