Nem toda a arte contemporânea me fascina. Há qualquer coisa de grotesco na desproporcionalidade e na força da imaginação para atingir o diferente. Enfim, a cada um a sua opinião. Santa Fé, capital do Novo México, reclama para si o estatuto de outra capital, a da arte (e, como a cada um a sua opinião, Seattle também a reclama). Não é a arte, porém, que aqui me traz se bem que arte esteja literalmente em cada esquina e a cada passo.
Venho aqui como escala num percurso que me vai levar um pouco mais a norte e aqui é o sítio ideal para pernoitar (amanhã vou para um desterro longe de estradas e caminhos) e venho aqui em busca de turquesas e jóias índias. Acho que ainda não disse neste blog mas colecciono jóias e pedras preciosas de todo o mundo com as quais desenho jóias que mando fazer. Não me interessam as fancarias turísticas e os pechisbeques e, por isso, venho aqui às galerias de arte de Santa Fé em busca de jóias de autor e turquesas, pois aqui é o reino delas. Passo horas nessa busca sem que nada me entusiasme. Já os meus brincos entusiasmam os galeristas. Se cedesse compravam-mos só que eu não me desfaço das minhas peças. Sou a sua guardiã para as gerações que já nasceram. Não as possuo e, por isso, não tenho a liberdade de delas me desfazer. Uso-as de empréstimo.
Recebo um convite para uma inauguração de exposição que vai começar. Ainda me tento mas concluo rapidamente que prefiro a rua-museu-exposição. Não encontro jóias que me cativem e só encontro turquesas de segunda categoria que, obviamente, não me chamam. Aproveito o entardecer molhado para passear nas ruas de uma cidade com casas baixas de estuque a imitar adobe índio, uma cidade de calma excentricidade que destoa com a nossa noção de Oeste. Há aqui uma espiritualidade qualquer diferente e, de repente, lembro-me que deixei o Oeste dos cowboys e entrei no Oeste nativo. Estou curiosa com o que se seguirá.
1 comentário:
Não se poderá aplicar à maioria da arte contemporânea, esteja ela num qq Guggenheim, no MOMA ou em qq outra parte do mundo a
expressão "o rei vai nu?"
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